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30/07/19 07:00 - Opini�o

Centro, quadril�tero abandonado

Pedro Grava Zanotelli

Dia 21 passado o JC, mais uma vez, publicou reportagem comentando a situação de abandono do centro de nossa cidade. Quem o conhece desde os tempos de sua pujança, com a Rua Batista parecendo um shopping a céu aberto, com suas vitrinas feericamente iluminadas, famílias com crianças circulando em segurança até as 10 horas da noite, não pode ficar indiferente ao ver o estado em que se encontra hoje - comércio em decadência, insegurança depois das 18 horas, casas e prédios abandonados. Discutem-se as causas e fazem-se projetos de revitalização, muitos bem elaborados, mas nada acontece. Uns criticam os prefeitos e outros, desalentados, dizem que esse é um fenômeno atual, é só ver São Paulo, Rio, Salvador etc.

Atento à vida de Bauru há mais de meio século, tivemos a oportunidade de acompanhar a elaboração do primeiro plano diretor da cidade, feito pelo Jurandyr Bueno Filho, e mantivemos os mapas por muito tempo. Esse plano deu as linhas mestras do crescimento da cidade, traçando os dois eixos principais: Av. Nações Unidas e Av. Nuno de Assis. No traçado do zoneamento reservou-se uma área para ocupação por prédios públicos que, salvo engano, chamava-se 'Centro Cívico". Sua ocupação teve início com a construção do Fórum e da Delegacia da Fazenda Estadual. Foi feito outro plano diretor, o participativo, que talvez nem tivesse tomado conhecimento dessa área. Novos estudos estão sendo feitos e está em andamento a construção de novo Fórum distante do centro, como já aconteceu com outras repartições públicas.

Imaginamos que outra poderia ser a situação não só do centro como de toda a cidade se essa zona tivesse se efetivado, principalmente depois da desativação ferroviária. A necessidade de expansão da área, por força de sua finalidade e pelo crescimento da cidade poderia facilitar a incorporação ao município da maior parte da área e edificações do parque ferroviário. Só o galpão das oficinas da NOB, uma sólida construção de 12.000 m², atualmente depredado, poderia ser uma espécie de Ceasa regional. O aumento de atividade pública no centro forçaria a ocupação vertical do solo, hoje sem interesse dos investidores imobiliários. Até o estacionamento vertical, abandonado, poderia ser aproveitado. Isso sem falar no paisagismo da região.

A expansão urbana chegou no limite porque Bauru preferiu a ocupação horizontal do solo, que continua com os condomínios fechados. Bauru tem vocação metropolitana, mas está realizando essa vocação pela periferia. As suas vilas periféricas estão se encontrando com as de Agudos, Pederneiras e Piratininga, o que aumenta o sistema viário mais problemático, que é o rodoviário. Essas três cidades poderiam estar ligadas ao centro de Bauru por trem, como já estiveram por muitos anos, mas agora por um trem metropolitano. Agudos e Pederneiras têm o leito ferroviário, que poderia ser aproveitado. Piratininga perdeu com a retificação feita pela Fepasa, mas que poderia ser refeito usando o mesmo traçado.

O parque ferroviário, embora depredado, ainda está aí e um projeto ambicioso não está fora de tempo. Mesmo que este ou outro governo venha a reativar as ferrovias, por privatização ou outra forma, é pouco provável o aproveitamento integral de tudo. Grande parte continuará sendo consumida pelo tempo e Bauru perdendo oportunidades e convivendo com problemas cada vez maiores. Afinal, estamos na época da inovação, do empreendedorismo e do sonhar grande só no papo? Claro que não será uma tarefa fácil, mas com pequenos projetos nunca o centro de Bauru será revitalizado.





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