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18/07/19 07:00 - Opini�o

Idiocracia brasileira

Rafael Moia Filho

"Não existe um governo corrupto numa Nação ética, nem há uma Nação corrupta onde exista um governo ético e transparente" Leandro Karnal.

Com mais de seis meses de gestão sem que tenha produzido ações e fatos que justificassem algum suspiro de progresso, o governo Bolsonaro começa a conviver com uma forte desconfiança de setores da sociedade, incluindo alguns de seus aliados e dos organismos internacionais.

Claro que alguns eleitores dele ainda resistem a acreditar no pior, no fracasso do Capitão e, para tanto, agem como se ainda estivessem durante a campanha eleitoral, rechaçando as críticas e fazendo comparações com o governo petista (fora do poder há quase três anos), tentando, na verdade, se iludir até a última gota de esperança.

Surge na França, num artigo do conceituado jornal Le Monde, a tese de que caminhamos para uma "Idiocracia" no governo Bolsonaro. O texto diz que a situação do país evoca preocupações "ligadas ao nível intelectual de Bolsonaro, à frente do Estado desde 1 de janeiro, e têm a ver com o caos que o presidente mantém, alimentando-se de controvérsias triviais e vulgares nas redes sociais, atacando a cultura, as ciências sociais e humanas, cortando orçamentos universitários e mantendo uma obsessão marcante com assuntos fálicos em detrimento do avanço de reformas cruciais".

O Le Monde cita ainda as polêmicas envolvendo filhos do presidente e o "guru" do governo, Olavo de Carvalho, que "divulgou a suposição de que a Terra seja plana". Segundo o Le Monde, entretanto, pode ser perigoso questionar a racionalidade do governo. "O nível intelectual de Bolsonaro é questionado pela imprensa e alguns de seus compatriotas, mas o caos que ele mantém pode ser parte de sua estratégia política", diz. O tom de censura adotado pelo jornal francês na reportagem consolida uma postura fortemente crítica do Monde em relação à situação política do Brasil.

A Idiocracia (Idiocracy/EUA/2005) parte de um princípio muito simples e interessante: entra geração, sai geração, a humanidade se torna mais burra e estúpida. A julgar pela forma como nossa sociedade vota, elegendo corruptos, despreparados, analfabetos e pessoas sem a mínima condição de atuar nos poderes legislativo ou executivo, podemos acreditar que caminhamos celeremente para uma Idiocracia pura em todos os sentidos.

Aqui no nosso país percebemos a adesão por muitos nas redes sociais da tese de que as vacinas não devem ser aplicadas por que podem levar as crianças a adquirirem autismo. Além da discussão sobre a terra não ser redonda e sim plana, temos também setores do governo afirmando no exterior que o Nazismo é de esquerda e que não houve ditadura militar no Brasil entre 1964 e 1985. A quem interessa essa onda de burrice e ignorância?

Para quem serve pregar a escuridão, o ódio e a desinformação?

O autor é escritor, blogger e graduado em Gestão Pública.





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