Depois de um semestre de baixo crescimento econômico e tendo passado em primeiro turno o texto base da reforma da Previdência, surge a pergunta que não quer calar: o que esperar da economia daqui para frente?
Vamos entender a dimensão das variáveis econômicas que podem impactar diretamente na eventual recuperação econômica brasileira.
A reforma da Previdência, uma vez aprovada com economia acima de R$ 900 bilhões em 10 anos, abre espaço para melhoria nas contas públicas. O déficit público, crescente, poderá se estabilizar. Esta é a senha para que os agentes econômicos queriam para a retomada da confiança de longo prazo.
Se o Congresso Nacional der andamento às demais reformas estruturantes, sendo a principal delas (depois da Previdência) a reforma tributária, os investimentos produtivos, hoje engavetados, podem começar a sair do papel. Isso é automático? Não.
Gradativamente, os recursos produtivos serão injetados na economia, fazendo com que a variável investimento da matriz macroeconômica seja impulsionada.
Paralelamente às reformas estruturantes, haverá potencialização no consumo das famílias. Esta é outra variável importante no contexto da retomada do crescimento econômico. O que levaria a este crescimento, já que as famílias estão endividadas e o desemprego ainda é realidade? As respostas vêm do aumento da liquidez do sistema, do possível barateamento do crédito e ainda do ingresso no mercado de consumo de parte dos consumidores atualmente com seus nomes negativos.
A redução do nível das reservas compulsórias que as instituições financeiras mantêm junto ao Banco Central elevará a liquidez do sistema. Já foram liberados R$ 16 bilhões com a redução do compulsório dos depósitos a prazo e o ministro da Economia, Paulo Guedes, sinalizou nova liberação, agora na ordem de R$ 100 bilhões. Além disso, com o cadastro positivo, é possível projetar que em 120 dias mais de 22 milhões de consumidores voltarão a ter crédito na praça, com previsão de injeção em um ano de mais de R$ 1 trilhão na economia.
Com inflação controlada e baixa, também é possível projetar redução da taxa básica de juros, atualmente em 6,5% ao ano. A somatória do aumento da liquidez no mercado, inflação baixa e cadastro positivo, tudo indica que a taxa de juros na ponta pode cair justificando o aumento no consumo das famílias.
Outra janela que se abre é a ampliação das exportações. Mesmo com reação negativa de alguns países que compõem a União Europeia, é possível projetar aumento nas exportações, melhorando o saldo comercial. É possível ainda apostar, mesmo que tímida, na retomada dos investimentos públicos, notadamente em infraestrutura.
Resumo da ópera: primeiro semestre de baixo crescimento, segundo semestre, notadamente o último trimestre deste ano, com melhoria na economia. Esta melhoria também é alicerçada na matemática. É simples o raciocínio: se o primeiro trimestre deste ano apresentou crescimento negativo; se o segundo trimestre aponta para crescimento zero; se o mercado projeta no fechamento neste ano crescimento entre 0,80% e 0,90%, o crescimento no segundo semestre terá que ficar entre 1,6% e 1,8%. A curva de crescimento passa a ser positiva.
Evidentemente que os agentes econômicos estão no limite e perdendo fôlego, por outro lado, há muita coisa para acontecer, trazendo novo alento ao mercado.
Respondendo objetivamente à pergunta colocada no título deste artigo: o que esperar da economia daqui para frente? Resposta: dias melhores!
O autor é economista, articulista do JC. Está no Youtube, no canal Planeta Economia.