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16/05/19 07:00 - Opini�o

� preciso ir al�m da reforma da Previd�ncia

Reinaldo Cafeo

Não há dúvidas que o Brasil somente irá sair do voo da galinha e sustentar seu crescimento econômico em longo prazo se fizer a lição de casa e esta passa necessariamente pelas reformas estruturantes. Talvez a equipe econômica do governo Bolsonaro e o mercado como um todo tenham superestimado a velocidade em realizar as reformas, notadamente a da Previdência Social, a principal reforma para reequilibrar as contas públicas.

Quando projeções de desempenho para a economia brasileira foram realizadas e atingiram 2,5% em termos reais, partiu-se do princípio que a retomada da confiança viria antes da própria reforma da Previdência, ou seja, o trâmite da reforma seria mais tranquila. Não foi e não está sendo. Vários fatores impediram que as coisas caminhassem mais rapidamente. O governo errou na articulação com o Congresso. Também o noviciado de muitos governistas, incluindo a base aliada do Congresso, não soube e ainda possue dificuldades em fazer com a reforma ande nas comissões. O próprio Bolsonaro não demonstrou empenho em fazer a coisa acontecer.

O resultado é que, sendo realistas, as coisas irão acontecer no segundo semestre deste ano. Mas neste momento ainda não é possível apontar qual reforma será realizada. Conclusão: a confiança não foi resgatada. E aí, o que fazer até lá? Deixar os números projetados para economia caírem infinitamente?

Sabemos que se continuar com o mesmo modelo do ano passado, da equipe econômica do governo Temer, o crescimento econômico será praticamente o mesmo de 2018: mais perto de 1% do que dos 2,5% anteriormente projetados.

É preciso ir além da reforma da Previdência. A Medida Provisória da liberdade econômica não é capaz de fazer a roda da economia girar como é necessário. Será preciso estimular três grandes variáveis que podemos fazer a geração de riqueza aumentar: consumo das famílias, investimentos produtivos e bom saldo no comércio exterior. No tocante ao consumo das famílias, sem renda devido ao elevado desemprego e tendo mais de 62% das famílias brasileiras endividadas e destas quase um quinto inadimplente, a queda nos juros pode ser um caminho. Outro caminho é incrementar a renda familiar com liberação de recursos represados no PIS/Pasep e FGTS como foi feito no governo Temer. Enfim, é preciso tirar o consumidor da defensiva.

No tocante aos investimentos, a coisa é mais complicada. Os órgãos de fomento podem ajudar. O setor da construção civil pode ser um caminho. Neste particular, menores juros para financiamento e mais liberação de crédito para as incorporadoras podem ajudar. Também a melhoria no ambiente de negócios, com mais segurança jurídica, podem tirar o investidor da retranca. Os investimentos em infraestrutura também precisam sair do papel. Mesmo com menos recursos orçamentários, algum esforço nesta direção é preciso ser colocado em prática.

E o setor externo pode ajudar. É certo que o mundo todo crescerá menos, mas pode abrir uma possibilidade de ampliar o comércio exterior brasileiro com a guerra comercial entre Estados Unidos e China, além de outras medidas na direção de facilitar as exportações brasileiras. Enfim, o tempo está passando e não podemos e não devemos considerar 2019 como ano perdido. Perder tempo já foi a realidade dos últimos quatro anos.

A sociedade brasileira clama por ações mais firmes na economia. Vamos sair da inércia. Temos que apostar nas reformas, mas também é preciso agir, de maneira consistente, mas agir visando dar um ânimo novo na economia.

Reafirmo: agora é a hora de ir além da espera pela reforma da Previdência.

O autor é economista, articulista do JC. Está no Youtube, no canal Planeta Economia.





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