Antigamente: pau, pedra, o fim do caminho. Hoje: atiradores em poses com armas (como em Suzano) e até com transmissão ao vivo pela internet (Nova Zelândia). Há, em ambos os casos e em tantos outros, um ponto convergente: o ódio. O fim do carinho.
Não discutimos muito a presença do ódio no nosso dia a dia. Tabu. Está na hora de falar. Até uma criança, quando contrariada, é capaz de dizer, mesmo que um tanto insegura e chorosa, "eu odeio você!". Nós, adultos, às vezes nos pegamos a vociferar: "Que ódio que me deu!".
Nesses episódios corriqueiros, a partir de mentes minimamente saudáveis, o ódio vem e vai. Passa sem causar danos. Mero desabafo. Vira fumaça.
O ódio, porém, é fogo alto em gente descolada da realidade. Gente incapaz de conviver na diferença. Essa turma desprovida de equilíbrio forma grupos raivosos na internet marginal. Eis que o ódio (antes isolado) se propaga, cresce e se organiza.
Rastrear possíveis estimuladores de intolerância nas profundezas virtuais, antes que executem suas missões sangrentas, talvez se transforme no novo desafio da inteligência policial global. Motivos não faltam.
Já é uma necessidade social antever os passos de quem não conhece o afeto e quer impor sua verdade doentia na base do horror.
Tem muita gente por aí que não encontra saída para o sofrimentos e, precocemente, chega à conclusão de que a única alternativa é a violência extrema - mesmo que isso custe a própria vida. Importante é a fama. Não basta matar e morrer. É preciso glamorizar.
Triste constatar que, além das águas, como na música de Tom Jobim, também as lágrimas de março estejam fechando o verão. Na noite do próximo dia 20 começa o outono. Que venha acompanhado de promessa de vida em qualquer coração.