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15/01/19 07:00 - Opini�o

Nosso prop�sito de vida

Paulo Cesar Razuk

Nesse plano físico, para fazermos uma viagem, precisamos de um meio de transporte. Nosso corpo é a fôrma e o ego cria a ilusão de que somos separados uns dos outros. Ambos, corpo e ego, formam o veículo projetado para que a alma possa viver uma experiência material. O corpo representa a materialidade e suas necessidades; a alma, a imaterialidade e suas necessidades. O corpo e a alma têm polaridades opostas e o seu estado natural é o de separação. É necessária uma energia especial para mantê-los juntos e esta energia vital é obtida através dos alimentos. Eles conectam estes polos opostos em um todo integrado e esse laço de união é a vida.

O corpo quer receber tudo para si, a alma quer compartilhar tudo com os outros. O conflito existe e por isso temos que lutar para avançarmos espiritualmente. Entre receber tudo para si e compartilhar tudo com os outros, a opção que evita o conflito e permite seguirmos das sombras para a Luz, é receber para compartilhar.

O desejo de receber somente para si é como uma droga altamente viciadora. Ficamos apegados à euforia que ela proporciona. Como outras drogas, o desejo egoísta tem diversos nomes de guerra: dinheiro, fama, sexo e poder são alguns dos mais conhecidos. Mas, como qualquer substância que vicia, os efeitos prazerosos do desejo de receber somente para si, são transitórios e têm duração, progressivamente, mais curta.

Normalmente, o desejo de receber somente para si nasce da carência e a carência não pode ser suprida de fora para dentro. Ela é um estado emocional no qual acreditamos não ter o que precisamos. O que pode nos libertar desse estado é o reconhecimento de que tudo que estamos buscando compulsivamente fora de nós existe em abundância dentro de nós. A carência faz com que nos tornemos pedintes enquanto permanecemos sentados sobre um baú de diamantes. Sempre que o desejo de compartilhar da alma prevalecer, retiramos um véu que cobre nossa Luz interior. Um véu será eliminado e revelará um nível superior de inteligência ou de consciência que existe, desde o nascimento, em todos os membros da humanidade.

O verdadeiro sucesso diz respeito à realização do propósito da alma, mas a maioria das pessoas acredita que o propósito é a realização do ego. Por isso estamos sempre insatisfeitos, querendo mais, pois nada pode preencher o vazio de não sermos quem somos. A humanidade, infelizmente, está cada vez mais tomada pelo esquecimento. A maioria não tem a mínima ideia do que veio fazer aqui e nem chega a se perguntar.

Penso que podemos nos comparar a uma árvore que, antes de tudo, é apenas uma semente. Uma semente que, na sua ínfima aparência, reúne ao mesmo tempo, o corpo e a alma. Essa semente é a testemunha da aliança entre a terra e o céu. A terra é a mãe ou a fecundidade material e o céu, com sua Luz, a fecundidade espiritual. A raiz que brota dessa semente representa nossas memórias, nossas heranças, nossos ancestrais, ela nos mantém aterrados e não nos deixa cair. Ela dá sustentação ao tronco formado por nossos valores e virtudes. Quanto mais forte o tronco, mais alto podemos chegar. Os galhos representam nossos dons e talentos; as folhas representam nossa capacidade de se renovar.

Quando conseguimos transformar nossos dons e talentos em algo em prol da humanidade, brotam flores e frutos que representam justamente o que viemos realizar, o que viemos oferecer ou entregar ao mundo. As flores e os frutos representam a manifestação ou a realização do nosso propósito de vida.

O autor é professor titular aposentado do Departamento de Engenharia Mecânica da Unesp – câmpus de Bauru.





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