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18/09/18 07:00 - Opini�o

Mortes no tr�nsito bauruense e a velocidade

Archimedes Azevedo Raia Jr.

Segundo o Sistema Infosiga, do governo do estado, de janeiro a julho de 2018, morreram 22 pessoas no trânsito no município de Bauru. Destes, provavelmente, a maioria das mortes foi decorrente do excesso de velocidade. A velocidade dos veículos e, particularmente, a diferença de velocidade entre os distintos usuários das vias, são os determinantes para a gravidade dos acidentes de trânsito.

Quando veículos se deslocam em velocidades elevadas, muitos condutores não conseguem discernir que decisão adotar e muitos veículos, especialmente os pesados e os velhos, não conseguem frenar em tempo hábil quando se deparam com conflitos, redundando em graves acidentes.

Há muitas interações e conflitos entre os seus diversos usuários das vias urbanas, que não são projetadas para garantir a segurança em velocidades mais altas, sequer para acomodar eventuais erros de condutores nessas velocidades. Já, velocidades mais baixas proporcionam mais tempo para condutores, pedestres e ciclistas verem uns os outros e esboçarem reação, além de reduzir as distâncias necessárias para deter um veículo no caso de ocorrência de conflitos, favorecendo a capacidade dos condutores de evitar acidentes.

Para que um leitor leigo possa entender melhor, cita-se como exemplo que, para um veículo se deslocando a uma velocidade de 40 km/h, a distância de parada é 23% menor do que para um veículo trafegando a 48 km/h. Essa diferença de velocidade, ainda que pequena, implica que muitos acidentes podem ser evitados. Diversos estudos internacionais desenvolvidos nos EUA, Austrália e Holanda mostraram que a redução na velocidade está intimamente relacionada a um aumento na segurança viária.

O risco de um acidente provocar ferimentos graves ou o óbito de pedestres aumenta exponencialmente com a velocidade. Ao ser atingido por um veículo trafegando a 60 km/h, o risco de óbito de um pedestre é cerca de 10 vezes maior do que se o acidente envolvesse um impacto a 30 km/h.

Muitas pessoas, inclusive gestores e engenheiros de trânsito, demonstram receio quanto à redução dos limites de velocidade, pressupondo que a medida implique na redução de capacidade viária e na ampliação nos tempos de viagem. Porém, muitas pesquisas apontaram que esses impactos não são significativos.

Aumentos verificados nos tempos de viagem, segundo os estudos em geral, são pequenos e registrados fora dos períodos de maior lentidão. Nos horários de rush, quando a fluidez do trânsito é tida como prioridade, as velocidades médias já são menores que os limites de velocidade das vias, em função do grande volume de veículos trafegando.

Nessas condições, a redução do limite de velocidade promove impactos mínimos no tempo de viagem. Adicionalmente, no sistema viário urbano, o tempo de deslocamento sofre influências de interrupções, tais como, os semáforos, canaletas e lombadas, acessos/saídas de garagens e estacionamentos fora da via, manobras de estacionamento na via etc., e não somente devido ao limite de velocidade vigente.

A redução de velocidade e projetos de vias adequados a estas velocidades vêm sendo adotados por muitas cidades no mundo, e foram ações importantes para que elas alcançassem ganhos significativos em segurança viária, reduzindo a quantidade de óbitos no trânsito.

Os órgãos gestores têm função proeminente na redução de mortes no trânsito ao regulamentar velocidades mais módicas nas vias urbanas, definidas segundo o perfil de utilização da via, o uso do solo lindeiro e a existência de usuários vulneráveis. A vida não tem preço e é o bem maior que um ser humano possui.





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