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18/07/18 07:00 - Opini�o

Barato caro

Francisco Habermann

Dizem os entendidos que futebol, além de distrair, pode gerar um 'barato' nas mentes dos torcedores fanáticos. Aqui no Brasil, como vivenciamos recentemente, até horário de trabalho é alterado diante de disputas importantes envolvendo seleção nacional. É o enganoso barato oficial que fica caro, ao final, para o torcedor e para o país. Mas deixa isso para lá, ou seja, para 2022.

Falo, aqui, de outros 'baratos''.

Chamou a atenção dos trabalhadores da saúde um detalhe estatístico recente publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU, 2018 ). Seu relatório Mundial de Drogas - 2018 informa o aumento recorde da produção de cocaína e ópio no mundo.

Só nos Estados Unidos "ocorreram 63 mil mortes por abuso de remédios sob prescrição, em especial opióides, em 2016" (Mena, F., FolhaSPaulo, 15-07-18).

O detalhe é a constatação do crescente aumento de consumidores de drogas psicotrópicas com mais de 50 anos, algo inédito. O estudo realizado pela ONU relaciona alguns fatores, dentre os quais a "crescente busca dessas substâncias ilícitas para o alivio de dores e outros problemas", naquela faixa etária. "Esse crescimento implica em fortes mudanças do ponto de vista da saúde pública e da orientação dos médicos (... ) alertados para a questão da dependência", declara o professpr A.Guerra (ref. idem). Há, ainda, outras constatações alarmantes, como o tráfico daqueles medicamentos com produção legalizada, dentre elas o fentanil e o tramadol (ref. Ibidem).

O pior de todas as notícias decorrentes daquele relatório é a constatação do aumento alarmante do uso de substâncias, dentre elas a maconha, entre adolescentes de 15 e 16 anos, cujo dano cerebral é maior nessa idade. Está aí um ''barato' que sairá muito caro para a saúde coletiva futura.

O que têm a ver o esporte e a atividade física com tudo isso? Estudos mostram que a junção da educação e da atividade física, com prática esportiva ou não, é uma das propostas preventivas eficazes diante das mazelas assinaladas.

Reafirmo o respeito e admiração pelos esportistas de todas as modalidades, não só do futebol. Esportistas conscientes não entram na estatística acima. Sabem e praticam hábitos saudáveis sem os quais não é possível competir na arena da vida.

Atividade física orientada e a prática esportiva são salvaguardas preventivas para a saúde populacional. Que todos nós - incluídos os alegres torcedores - atentemos para esta recomendação salutar.

É um 'barato' sadio!

O autor é professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucatu. [email protected]





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