Pense em você hoje. E no que se tornou profissionalmente. Olhe para trás. Muitos de nós não fizemos tantas coisas diferentes. Houve, em algum momento, despertar de vocação. Seguido da batalha por formação. E, finalmente, início e desenrolar da carreira. Ponto a que chegamos.
Para outro tanto de gente, contudo, o caminho é mais sinuoso. E cheio de paradas. São pessoas que, desde cedo, vão pegando o que pinta. O horizonte distante talvez não reserve o a glória. O presente é sempre uma decisão.
Uma coisa deve ser verdade: essa múltipla experiência pregressa deve deixar o indivíduo mais "cascudo", versátil. Firme para diversas adversidades. Talvez até com um olhar mais sábio sobre os entornos da vida.
E eis que, enfim, chega o auge. Pode ser de sorte ou não, mas é o auge. O momento máximo naquela ocupação que se tornou a definitiva. Após ter sido vigia de boate, socorrista, jogador de basquete. De ter recebido, talvez por conta da aparência na juventude, o apelido de Pé Grande - alusão à criatura que viveria em florestas de EUA e Canadá.
Estou falando de Néstor Pitana - argentino escolhido pela Fifa para apitar a final da Copa. "Foi surpreendente e emocionante", disse o ex-Pé Grande. Deixou o passado de imagem despojada e se tornou homem alinhado, por alguns, temido - feito monstro soberano em sua mata, no caso, o gramado. Ah, Pitana também foi ator (ou tentou ser) e professor de educação física.
Se você está lendo isso após o duelo entre Croácia e França, já saberá se o tal auge de Pitana foi coroado com desempenho brilhante ou marcado por deslize retumbante. Mas... ele está lá. O melhor entre os melhores na sua profissão.
Nada mal para um hermano nascido num lugarejo de pouco mais de 2 mil habitantes e que, hoje, é visto por milhões ao redor do mundo. Uma história de triunfo pessoal em meio a um esporte tão coletivo. É o ponto a que Pitana chegou.