Houve um tempo em que animais dom�sticos e plantas compunham a paisagem humana.
O planejamento de qualquer viagem inclu�a a pessoa encarregada de cuidar do gato, peixe, cachorro ou galinha, e regar as plantas da fam�lia, em sua aus�ncia. Animais e aves tinham nomes, e as plantas eram identificadas como alegres ou tristes, a um simples olhar.
A conviv�ncia do homem com outras esp�cies vem declinando, pela exiguidade de tempo e espa�o, mas tamb�m pelo surgimento de novas e fascinantes tecnologias de inclus�o e conviv�ncia. A humanidade est� menos comprometida com o dever de cuidar de animais e plantas dom�sticas, mas n�o mais livre e descompromissada.
Celulares, computadores e ve�culos s�o os novos e insepar�veis amigos do homem. � cada vez maior o grau de depend�ncia humana, em rela��o a tais recursos.
� dif�cil atravessar um quarteir�o sem notar que dezenas de pessoas manejam celulares, e � dif�cil n�o imaginar os custos de tal h�bito, arcado pela esmagadora maioria de nossos cidad�os. Celulares promovem conversas, encetam neg�cios, ilustram, divertem e aproximam pessoas. Celulares s�o fatores de seguran�a, como chips pessoais. Ao fotografarem, elucidam crimes, destroem vers�es e documentam cenas. D�o ainda acesso a informa��es, veiculadas pela m�dia e rede mundial de computadores.
Chamam a pol�cia, ou alertam para sua proximidade. Nas pris�es, desafiam sistemas e promovem comunica��es, facilitando e ordenando crimes.
Computadores acumulam e disseminam informa��es, regem sistemas administrativos e, por aqui, at� contam votos, proclamando os eleitos. Pesquisas escolares, que outrora demandavam horas e horas de leitura e anota��es, hoje s�o realizadas a um simples dedilhar.
S�culos e s�culos de conhecimento humano s�o armazenados em min�sculos equipamentos, c�lculos e projetos nascem com rapidez e naturalidade. A rede mundial de computadores dissemina cultura e informa��es, socializando o conhecimento.
J� os ve�culos promovem o conforto e status humano, apesar de lotarem cemit�rios e tornarem um inferno a vida nos grandes centros. Motos, que mutilam, geram empregos e facilitam deslocamentos. Redes sociais funcionam como parlamentos informais, informando e desinformando. S�o m�dias instant�neas, que promovem conviv�ncias e di�logos, e conseguem rodas de conversas entre pessoas distantes.
A nova conjuntura humana est� definitivamente atrelada aos novos equipamentos e tecnologias. A depend�ncia � cada vez maior, e a luta pela preserva��o de culturas e tradi��es segue herc�lea, amorda�ada pela crescente padroniza��o de valores e entendimentos.
Acordamos tardiamente para os novos tempos, e insistimos em julgar pouco atraente um mundo sem a proximidade de animais e plantas, que tornam a vida humana mais natural e encantadora.
O autor,
Pedro Israel Novaes, � engenheiro agr�nomo e advogado, aposentado -
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