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19/11/13 05:00 - Opini�o

Preso fino � outra coisa

Alfredo En�ias Gon�alves d�Abril
A grande maioria dos brasileiros, descrente que os poderosos condenados pelo mensal�o jamais fossem presos, ficou perplexa com o desfecho do complicado processo, e a minoria da galera que apostava na execu��o da senten�a condenat�ria teve a grata surpresa, no feriado dedicado � Proclama��o da Rep�blica. A minoria da galera que acreditava no �xito da fase de execu��o do processo agitou-se com a grandeza do Judici�rio, mostrando que a justi�a penal � a mesma para todos.

No feriado nacional da Rep�blica, o presidente do Supremo Tribunal Federal trabalhou com os assessores na expedi��o de ordens de pris�o contra os 12 condenados em definitivo, fazendo os documentos chegarem sem alarde, como � o aconselh�vel, at� a Pol�cia Federal para iniciar a procura deles. Foi um trabalho dos mais f�ceis porque a exce��o de um dos condenados, os demais devidamente orientados pelos advogados n�o ofereceram rea��o, ao contr�rio, apresentaram-se espontaneamente � cust�dia policial. Era de se imaginar que o mineiro que abastecia os corruptos com dinheiro, apenado com mais de 40 anos de cadeia, iria seguir o destino do m�dico estuprador Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de pris�o, escafedendo-se do Pa�s, mesmo com o passaporte entregue � Pol�cia Federal exatamente para que a fuga n�o acontecesse. De nada adiantou aquela precau��o, sabido da facilidade em atravessar a fronteira seca com alguns Pa�ses e, dali para outros continentes, o dinheiro cuida do transbordo com destreza. Mas quem encampou a ideia do m�dico foi o diretor do Banco do Brasil, que h� 45 dias se mandou para a It�lia.

Longe desse vatic�nio, os 11 r�us desfrutando boa sa�de financeira tiveram comportamento digno de gente fina e educada. Empunharam as malas contendo todo o necess�rio a mudan�a radical de vida e foram direitinho para as celas em Bras�lia e em Belo Horizonte. Teve companheiro que chegou at� vibrar o bra�o erguido e punho cerrado gesticulando altaneiro para uma minguada torcida que ainda o tem como honesto e injusti�ado. Dois desses r�us foram confortados por telefonema do ex-Presidente da Rep�blica com palavras enigm�ticas: �Estamos juntos�. N�o se sabe se elas foram proferidas em solidariedades aos companheiros ou, anunciaram que num futuro pr�ximo eles ter�o sua presen�a na mesma conviv�ncia.

As longas sess�es de julgamento do mensal�o projetaram ministros bem preparados para a tomada de decis�o reconquistando o bom conceito do Judici�rio ao fazer justi�a sem distin��o de pessoas. Ju�zes estudiosos com seguro conhecimento dos intrincados fatos e absoluto dom�nio t�cnico para colocar os r�us na moldura legal, invocaram at� doutrina do direito estrangeiro para dar aos corruptos o merecido castigo. Dentre os Ministros respons�veis por essa vitoriosa batalha da sociedade, avulta-se com indiscut�vel prest�gio o presidente do Supremo Tribunal Federal, e, ao lado dele, a figura serena do competente do procurador Geral da Rep�blica.

N�o fosse a espl�ndida atua��o de ambos, o resultado do mensal�o espalharia no ambiente o cheiro da pizza alardeado pela maioria, causando frustra��o da minoria que acreditava na recompensa ao esfor�o, dedica��o e desgaste de Joaquim Barbosa nos debates com seus pares. Esse ministro foi o contrapeso a impedir o desastre da absolvi��o, fazendo das sess�es de julgamento, geralmente mornas e sonolentas, porfias intensamente acaloradas frente as duras posi��o temperadas com did�tico racioc�nio em defesa da sociedade rapinada. Aproxima-se esse jurista da ant�tese de um ministro do maior tribunal do Pa�s. Temperamental, � incapaz de extroverter suas ideias com a serenidade que o ambiente exige, gostem ou n�o. At� com os colegas de toga n�o muda seu exc�ntrico comportamento e nos debates transparecem nas palavras certa prepot�ncia sobre os divergentes da tese abra�ada. Seu peculiar jeito ganhou a estima dos brasileiros de bem.

O autor, Alfredo En�ias Gon�alves d�Abril, � professor universit�rio, aposentado




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