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14/11/13 05:00 - Pesca & Lazer

Costa brasileira: 13 mil esp�cies

A mais recente revis�o publicada sobre a biodiversidade da zona costeira e marinha sul-americana � divulgada em 2011�na revista PLoS One � aponta a exist�ncia de 9.103 esp�cies diferentes de animais, plantas e algas j� conhecidas em �guas brasileiras. Mas o n�mero pode chegar perto de 13 mil esp�cies descritas, segundo Maria de los Angeles Gasalla, professora no Instituto Oceanogr�fico da Universidade de S�o Paulo (IO/USP).

A afirma��o foi feita durante o pen�ltimo encontro do Ciclo de Confer�ncias 2013 do Biota-Fapesp Educa��o, organizado pelo Programa de Pesquisas em Caracteriza��o, Conserva��o, Recupera��o e Uso Sustent�vel da Biodiversidade de S�o Paulo (Biota). Gasalla comparou os dados do artigo publicado na PLoS One por Patricia Miloslavich, pesquisadora da Universidad Sim�n Bol�var, da Venezuela, e colaboradores, com n�meros provenientes de revis�es recentes feitas por pesquisadores brasileiros.

O levantamento coordenado por Miloslavich abrangeu tanto a costa do Atl�ntico como a do Pac�fico, na Am�rica do Sul, e foi realizado no �mbito de um projeto internacional conhecido como Censo da Vida Marinha, que teve in�cio no ano 2000 e levou cerca de dez anos para ser conclu�do.

Em rela��o � plataforma mar�tima brasileira, o trabalho destaca o grupo dos crust�ceos, com 1.966 esp�cies conhecidas, como o de maior diversidade, seguido pelos moluscos (1.833), peixes (1.294) e poliquetas (987) � juntos, segundo o artigo, esses animais correspondem a 66,79% da biota marinha conhecida no Brasil.

�Esses n�meros, a princ�pio, pareciam at� mais elevados do que algumas estimativas anteriores. Mas, avaliando o artigo profundamente, percebemos que est�o subestimados. Somando dados de trabalhos recentes feitos por pesquisadores brasileiros, chegamos ao n�mero de 10.804 esp�cies diferentes apenas no que diz respeito � fauna marinha. Se considerarmos tamb�m a flora, o n�mero pode chegar perto de 13 mil esp�cies�, afirmou Gasalla.


Moluscos e peixes

De acordo com a revis�o da literatura compilada por Gasalla, o n�mero de esp�cies de crust�ceos descritos na costa brasileira atingiria de 3.335. Al�m disso, j� seriam conhecidas 1.886 esp�cies de moluscos, 1.420 de peixes e 987 de poliquetas.

Os cientistas n�o sabem ao certo qual � a porcentagem da biota marinha ainda desconhecida no Brasil. Acredita-se, no entanto, que esta seja muito alta e que muitas esp�cies poder�o desaparecer antes mesmo de serem descobertas. A press�o antr�pica � o impacto causado por atividades humanas como polui��o, degrada��o de habitats por empreendimentos econ�micos, expans�o do turismo desordenado, introdu��o de esp�cies ex�ticas e atividade pesqueira n�o manejada � � considerada a principal amea�a � biodiversidade da chamada Amaz�nia Azul (a costa brasileira).

A zona marinha do pa�s abrangia originalmente uma �rea de 3,5 milh�es de quil�metros quadrados. Com a extens�o da plataforma continental solicitada pelo Brasil � Organiza��o das Na��es Unidas (ONU) na �ltima d�cada, a extens�o da Amaz�nia Azul passou para 4,5 milh�es de km2.

Um estudo apresentado pelo Minist�rio do Meio Ambiente em 2010 apontou que 40% desse territ�rio corresponde �s �reas definidas como priorit�rias para a conserva��o da biodiversidade. No entanto, segundo Gasalla, apenas 1,87% da zona marinha brasileira est� protegida em Unidades de Conserva��o, sendo que em torno de 10% j� foram licenciados para a explora��o de petr�leo e g�s natural.

�A porcentagem de �rea protegida chega a 1,87% se forem considerados apenas os 3,5 milh�es km2 originais da zona marinha; caso contr�rio, o n�mero � ainda menor. Al�m disso, alguns estudos mostram que diversas Unidades de Conserva��o n�o foram delimitadas criteriosamente na sua implanta��o, seja do ponto de vista cient�fico ou das comunidades locais, e algumas existem do ponto de vista burocr�tico, mas n�o funcionam na pr�tica�, avaliou a pesquisadora.

Metas at� 2020

Uma das metas acordadas em 2010 durante a Confer�ncia das Partes das Na��es Unidas (COP 10), da Conven��o sobre Diversidade Biol�gica (CDB), realizada na cidade de Aichi, no Jap�o, � de que at� 2020 pelo menos 10% das �reas marinhas e costeiras consideradas de especial import�ncia para a biodiversidade e os servi�os ecossist�micos tenham sido inclu�das em sistemas de �reas protegidas.

�N�o adianta, por�m, sair criando �reas de prote��o por meio de decretos para atender, supostamente, metas de tratados. A parte pol�tica da conserva��o deve caminhar junto com a fundamenta��o cient�fica e com o contexto social. O processo precisa ser embasado pelo conhecimento cient�fico, al�m de envolver efetivamente as comunidades locais que utilizam o mar como meio de sobreviv�ncia, caso contr�rio, al�m de n�o funcionar, pode criar problemas ainda maiores�, alertou Gasalla.

O uso sustent�vel de recursos naturais marinhos para atender necessidades humanas de alimenta��o e renda por meio da pesca e aquicultura tamb�m foi mencionado por Gasalla. A professora enfatizou a import�ncia do manejo com objetivos claros para a pesca e aquicultura de modo a garantir n�veis sustent�veis das popula��es marinhas, mitiga��o de impactos colaterais, viabilidade econ�mica, e equidade social. �Para isso, a ci�ncia pesqueira dever� ser mais desenvolvida no Brasil, assim como ouvida pelos tomadores de decis�o no que diz respeito � manuten��o dos n�veis de intensidade pesqueira necess�rios para atingir esses objetivos�, disse.




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