Fui a um inesquec�vel festival de m�sica h� 25 ou 27 anos. Fui com um amigo, n�o lembro quem. Lembro de ter ficado no meio do gin�sio de esportes, olhando para o palco, olhando para as meninas, esperando as apresenta��es.
Uma banda de um bairro vizinho iria tocar, n�o lembro o nome. Mandaram bem, guitarra, baixo, bateria, voz juvenil. Acho que a m�sica se chamava �Grito suburbano�. Bem, mas o festival tamb�m tinha gente de fora. N�o lembro bem.
Sei que subiu ao palco um cara com viol�o e outro com sax. Come�aram. Arrebataram. Fui imediatamente conduzido para dentro da can��o. Lembro de ter comentado: �Vai ganhar�. E assim foi, para o meu convencimento feliz: acertei.
Daquela noite em diante, nunca mais ouvi a m�sica. E at� pouco tempo, n�o sabia mais nada sobre seu autor e int�rprete. Mas, incr�vel!, letra e melodia jamais sa�ram da minha mem�ria.
Do nada, esses dias, digitei o nome: Carmo So�, tamb�m artista pl�stico em Niter�i. Fui encontr�-lo no Facebook. Em outros tempos anal�gicos seria inimagin�vel pensar em algum contato distante com retorno t�o imediato.
Fiz, portanto, quest�o de �devolver� a letra da can��o a seu leg�timo dono. Carmo logo respondeu com rec�proco entusiasmo: disse ter se emocionado porque nunca gravou a m�sica em seus CDs, n�o imaginava que algu�m ainda se lembraria dela, etc. Contou que a comp�s �para um amigo que morreu cantando, Pedro Am�rico�.
Eu sigo sem lembrar quem era o amigo de adolesc�ncia que comigo estava no festival. Ainda chego l�: como se v�, mem�rias afetivas tardam, mas n�o falham.
(Ah, a m�sica � �Universo Escondido�. �V� l�, se n�o esquece, de olhar o tempo / Ele n�o envelhece, mostra sua prece / Em cada rastro de estrela / Em cada luz que incendeia / A claridade da clareira / A embalar os cora��es cheios de frio / E um universo, t�o escondido / J� passa a ser meu melhor amigo.�)
Jo�o Pedro Feza � editor executivo do JC
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