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06/10/13 05:00 - Sa�de

Obesidade pode interferir em inflama��o pulmonar aguda

Uma quest�o controversa est� sob investiga��o nos laborat�rios do Instituto de Ci�ncias Biom�dicas da Universidade de S�o Paulo (ICB-USP) e do King�s College London. Em experimentos realizados com camundongos, pesquisadores buscam saber se a obesidade, em mulheres, interfere no desenvolvimento de uma grave condi��o pulmonar, a S�ndrome do Desconforto Respirat�rio Agudo (SDRA), que provoca a morte do paciente em at� 70% dos casos.

Os pesquisadores Wothan Tavares de Lima, do ICB-USP, e Yanira Riffo Vasquez, do King�s College, que estudam o desenvolvimento da SDRA a partir de trauma isqu�mico intestinal, acham que sim. Os dois conduzem uma pesquisa com apoio da Fapesp sobre o assunto.

�N�o s�o todos os pacientes que sofreram uma isquemia que v�o apresentar como resposta a S�ndrome do Desconforto Respirat�rio Agudo, mas ela n�o � rara e entre 50% e 70% dos pacientes que apresentam o problema morrem�, disse Lima, coordenador do Laborat�rio de Fisiopatologia da Inflama��o Experimental do ICB-USP.

Isquemia � a interrup��o moment�nea da circula��o sangu�nea. Um trauma isqu�mico intestinal pode ocorrer em decorr�ncia de v�rias situa��es, como obstru��o no intestino, cirurgias para extra��o de �rg�os ou transplante, acidentes com trauma ou choque hemorr�gico.

Um exemplo � o indiv�duo que tem o ba�o ou o f�gado perfurados em acidente de tr�nsito, enfrentando hemorragia interna grave. Para estancar a hemorragia no pronto-socorro, m�dicos costumam pin�ar art�rias e veias ao redor do ferimento. Essas manobras podem levar a quadros isqu�micos, uma vez que o sangue deixa de fluir momentaneamente em determinada regi�o.

Quando o sangue para de fluir, as c�lulas passam a ter falta de oxig�nio e de outros nutrientes. Algumas morrem, enquanto outras continuam trabalhando, mas sob condi��o inadequada, liberando produtos t�xicos que normalmente participam dos processos inflamat�rios.

Isquemia

Estima-se que, durante a isquemia, enquanto o sangue n�o flui, essas subst�ncias fiquem represadas no local da interven��o, mas, quando o problema � resolvido e o sangue volta a circular � processo denominado de reperfus�o �, elas s�o disseminadas pelo corpo. �A consequ�ncia disso por vezes � devastadora, porque todos os �rg�os passam a receber est�mulos pr�-inflamat�rios�, disse Lima.

Em geral, o pulm�o � o primeiro �rg�o a manifestar altera��es quando tais produtos t�xicos se espalham. �Os mediadores inflamat�rios chegam � regi�o do par�nquima pulmonar, da microcircula��o, onde se localizam os alv�olos, br�nquios e bronqu�olos e ocorrem as trocas gasosas, e produzem uma inflama��o que aumenta a permeabilidade vascular�, explicou o pesquisador.

O �rg�o passa a acumular l�quido e uma grande quantidade de neutr�filos, um tipo de c�lula inflamat�ria, desenvolvendo inflama��o pulmonar aguda, que pode evoluir para a SDRA. �Como s�o variadas as situa��es capazes de levar � isquemia e provocar a s�ndrome, � muito importante entender esse processo�, disse Lima.

Ainda n�o h� um protocolo de tratamento espec�fico para a SDRA, a n�o ser a manuten��o farmacol�gica da fun��o pulmonar. Tampouco se sabe como e quando ela ocorrer�, como explica a chilena Yanira Vasquez, que fez gradua��o e mestrado na USP antes de se mudar para Londres e seguir carreira no King�s College.

O peso do paciente � um foco da pesquisa. �Queremos saber se a obesidade protege ou exp�e mais as pessoas � inflama��o pulmonar ap�s uma isquemia com reperfus�o�, afirmou Vasquez.

Dietas distintas

No laborat�rio do ICB-USP foram desenvolvidos os modelos usados na pesquisa � dois grupos de camundongos f�meas, obesas e com peso normal. Os grupos receberam dietas distintas: uma convencional e outra hiperlip�dica. Ap�s 10 semanas, os animais foram induzidos a isquemia e reperfus�o intestinal.

�Ap�s a dieta, avaliamos o grupo de f�meas obesas e o de peso normal com rela��o aos par�metros de resposta inflamat�ria e de migra��o de c�lulas para dentro do pulm�o, al�m das c�lulas produzidas na medula �ssea�, disse o pesquisador Wothan Tavares de Lima. Feita a isquemia, as c�lulas sangu�neas v�o para o pulm�o, mas a medula produz novas c�lulas para suprir o organismo.

No laborat�rio do King�s College, em Londres � especializado em doen�as pulmonares e com tradi��o no estudo do papel das plaquetas na inflama��o �, os pesquisadores fizeram ensaios in vitro com as plaquetas dos camundongos para observar como elas ajudam as c�lulas a sa�rem de um vaso e atingir o local da inflama��o.

�As plaquetas atuam como um lubrificante, facilitando a passagem das c�lulas, e liberam grande quantidade de mediadores inflamat�rios. Com isso, podem ter um papel fundamental na reperfus�o, ap�s uma isquemia. Conseguimos medir os caminhos dessa migra��o e deduzir o que ocorre com o animal obeso submetido a isquemia e reperfus�o�, disse Yanira Vasquez.

A hip�tese dos pesquisadores � que, enquanto nos camundongos de peso normal as plaquetas s�o �sequestradas� para atuar no s�tio inflamat�rio e se encontram em n�mero menor pelo restante do corpo ap�s a isquemia, os camundongos obesos entrariam no processo (de isquemia e reperfus�o) com um n�mero menor de plaquetas em circula��o e nada ocorreria com o n�mero de plaquetas no corpo � evitando, assim, o poss�vel desenvolvimento da s�ndrome por um processo inflamat�rio.

Os resultados do estudo dever�o ser publicados em breve, de acordo com os pesquisadores, que no momento trabalham com os dados da pesquisa e a reda��o de um artigo. O quadro de SDRA em decorr�ncia de isquemia e reperfus�o se manifesta de forma mais grave no homem do que na mulher, segundo estudos anteriores. Por isto, Lima e colegas tamb�m investigam o papel dos horm�nios sexuais femininos em inflama��es das vias respirat�rias




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