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19/09/13 05:00 - Tribuna do Leitor

Felicianofobia em Bauru

Muito l�cido o texto da carta da senhora Camila Alvarenga, publicada nesta Tribuna do Leitor do dia 25/04, sob o t�tulo acima, que com todo respeito e admira��o fa�o t�tulo desta minha carta tamb�m.

De fato, Camila, com a permiss�o de assim cham�-la, quem tem janelas de vidro n�o deveria jogar pedras na vidra�a alheia. E � �abomin�vel que se use de dois pesos e duas medidas no ju�zo�, principalmente se quem o faz � justamente quem deveria servir de exemplo pela responsabilidade da autoridade que ocupa na realiza��o da correta justi�a. At� porque n�o � proibido emitir uma opini�o sobre o erro alheio, mesmo que censurando-o ou condenando-o, mas o criticismo feito simplesmente por procurar atacar erros nos outros, ocultando, ignorando ou passando por cima dos pr�prios defeitos, enquanto se assume um papel de juiz supremo em rela��o ao erro do outro, este sim � censur�vel, pois quem o faz nega a si mesmo a capacidade de perdoar e a oportunidade de ser perdoado, pois �com a mesma medida que julgamos os outros n�s mesmos seremos julgados�.

O julgamento hip�crita, al�m de n�o trazer nenhum tipo de ajuda a quem quer que seja, � imoral e viola a lei do amor, s� podendo ser, portanto, fruto amargo do �dio que se tem no cora��o. O ato de julgar condenando e negando a possibilidade do arrependimento e do perd�o n�o � prerrogativa humana, por isso, quem dele lan�a m�o, ao mesmo tempo que se coloca no papel de um �deus�, revela distanciamento de Deus. Pessoas assim precisam julgar a si mesmas, fazer um autoexame, se corrigirem antes de tentar corrigirem os outros.

Sem considerar as pr�prias debilidades dos vereadores envolvidos na quest�o, � no m�nimo interessante notar que, sendo eles membros de uma Comiss�o de Direitos Humanos, encabecem uma �mo��o de rep�dio� a uma outra pessoa por suposta viola��o dos direitos humanos, manifestando desconhecimento da pr�pria Declara��o Universal dos Direitos Humanos. Ela diz, no seu artigo 1�, que �todos os homens s�o dotados de raz�o e de consci�ncia, e devem agir em rela��o uns aos outros com esp�rito de fraternidade�. Rep�dio � sin�nimo de desprezo, rejei��o, repulsa, ou seja, n�o h� nada de fraterno quando se repudia algu�m, principalmente se o motivo � por pura quest�o ideol�gica. Pastor Feliciano n�o desprezou, n�o rejeitou, n�o repudiou ningu�m por ser negro ou homossexual, s� expressou uma opini�o. Ser� que os vereadores n�o s�o dotados de raz�o e de consci�ncia, ou, se s�o, n�o possuem esp�rito fraterno?

Ali�s, senhores vereadores da Comiss�o de Direitos Humanos, a mesma Declara��o Universal dos Direitos Humanos diz, no artigo 18�, que �todos t�m direito � liberdade de pensamento, consci�ncia e religi�o, incluindo a liberdade de manifestar essa religi�o ou cren�a, pelo ensino, pela pratica, pelo culto e pela observ�ncia, isolada ou coletivamente, em publico ou em particular�. Portanto, pastor Feliciano n�o desrespeitou nenhum direito humano ao manifestar os dogmas de sua cren�a, ensinando-as em p�blico aos que como ele manifestam a mesma religi�o. Ali�s, diga-se, a bem da verdade, ele n�o �chantageou� ningu�m que se mostrou contr�rio � sua cren�a e nem usou seu (sua) �c�njuge� para chantagear quem quer que seja.

Por fim, devemos lembrar, diz o artigo 5� - VI de nossa Constitui��o Federal, que �� inviol�vel a liberdade de consci�ncia e de cren�a, sendo assegurado o livre exerc�cio dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote��o aos locais de culto e a suas liturgias�, ou seja, h� uma n�tida diferencia��o entre consci�ncia e cren�a. Enquanto a primeira diz respeito � orienta��o filos�fica, no que se inclui a inviolabilidade de liberdade de n�o ter cren�a alguma e fazer o que quiser da sua vida, aos que seguem uma cren�a n�o s� � livre o exerc�cio de culto como �, inclusive, garantido pelo Estado a prote��o dos locais e culto e das liturgias, isto �, da mesma forma que quem n�o cr� pode fazer o que quiser da sua vida fora dos templos, o que cada um faz e fala no interior do seu local de culto n�o � da conta de ningu�m que est� fora dele.

Silvio Gomes




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