Bauru e grande região - Sexta-feira, 18 de outubro de 2024
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05/08/13 05:00 - Opini�o

Bauru vista com farol alto

Pedro Grava Zanotelli
Quando vim para Bauru, h� sessenta anos, a cidade tinha 50 mil habitantes. No centro existiam apenas cinco edif�cios � Drogasil, Pagani, Sampieri, Terra Branca e Bauru. A av. Rodrigues Alves era arborizada com f�cus e com bancos de jardim, no canteiro central. A R. Araujo Leite tinha um canteiro central com os postes de ilumina��o. O Expresso de Prata cruzava a cidade pelas ruas Batista e Gustavo Maciel, seguindo para Botucatu por estrada de terra. Fui vendo a cidade crescer. Vi o in�cio da catedral com a demoli��o da igreja do Divino Esp�rito Santo; vi o primeiro viaduto arrojado, passando por sobre a ferrovia, o JK; vi a constru��o do Pal�cio das Cerejeiras e do Transatl�ntico de Concreto (BTC); vi o in�cio da Av. Na��es Unidas sobre o burac�o do c�rrego das Flores, onde est� o Teatro Municipal; vi a constru��o do Est�dio Alfredo de Castilho; participei da constru��o da moderna escola do Senai, da implanta��o do primeiro distrito industrial e da cria��o da Funda��o Educacional de Bauru, hoje Unesp, e fui vendo a cidade crescer, mas nunca de forma t�o acelerada como agora.

Hoje a cidade � quase oito vezes maior, e por tudo isso a edi��o especial do JC s� traz opini�es elogiosas e merecidas. Contudo, das que tomei conhecimento, apenas uma mostrou preocupa��o com o futuro da cidade, falando sobre a necessidade de planejamento de longo prazo. No geral, os coment�rios relacionam as potencialidades de Bauru - localiza��o privilegiada, polo econ�mico, centro educacional etc. e apontam o que precisa ser feito � melhorar o tr�nsito, fazer o tratamento do esgoto, novas �reas para ind�strias etc., mas o Plano Diretor parece esquecido. J� tivemos um plano diretor feito pelo Jurandyr Bueno Filho, que embora cumprido parcialmente, deixou, entre outros, dois tra�ados important�ssimos para a cidade: as avenidas Nuno de Assis e Na��es Unidas, esta �ltima incluindo a atual Na��es Norte, com os trevos de interliga��o com as rodovias. Talvez poucos saibam que a rodovia Cmte. Jo�o Ribeiro de Barros come�a em Araraquara, em dire��o a Panorama, passando por Ja�. Em Bauru ela foi seccionada na altura de Aimor�s e continuada do trevo sobre a Marechal. Rondon, ao lado do n�cleo Gasparini. � s� verificar a marca��o dos quil�metros. Esse plano diretor previa o tra�ado que dava continuidade, evitando a passagem por dentro da cidade. Se fosse seguido e o governo estadual feito as obras, s� faltaria a liga��o da Bauru/Mar�lia com a Bauru/Ipaussu para termos o anel rodovi�rio. Hoje, com a urbaniza��o da regi�o do n�cleo Mary Dota, essa obra ficou impratic�vel.

O atual Plano Diretor trouxe avan�os, mas est� ficando no papel. Projetos interessantes de revitaliza��o do centro, de melhoria das condi��es vi�rias da Av. Rodrigues Alves, por exemplo, talvez tenham servido apenas como exerc�cio did�tico, porque s�o divulgados pela imprensa e depois ningu�m mais fala deles. Bauru n�o pode desprezar o centro. O Rio Bauru n�o somente d� o nome � cidade como � a regi�o de onde ela jamais se afastar�, por mais que cres�a. Visto pelo olho do sat�lite � o vale para onde tudo converge do quadril�tero formado pela cidade. A mobilidade urbana, para atingir os quatro cantos, em transporte p�blico, tem que passar por ali. A despolui��o do rio com seus dez afluentes, em andamento, e a implanta��o de parques lineares poder�o restituir ao centro o brilho de meados do s�culo passado. O que � preciso s�o os projetos urban�sticos e vi�rios de longo prazo, para v�rios governos, como foi o da av. Na��es Unidas, de Nicolinha a Tuga Angerami, e a Na��es Norte com Rodrigo Agostinho. Quem imaginaria o Vit�ria R�gia servindo para a grande festa do Viva Bauru, quando o lixo era jogado no burac�o onde hoje est� o Teatro Municipal?

Regi�es consolidadas das vilas mais pr�ximas do centro est�o mudando de paisagem com os condom�nios verticais do programa Minha Casa, adensando a popula��o e sobrecarregando a infraestrutura, com os consequentes problemas de suprimento de energia, �gua, saneamento e de tr�nsito. Que planejamento est� sendo seguido? Quem sabe se a instala��o do novo shopping, que deu nova vida � Vila Cardia, servir� de start para acender a luz de uma vis�o de farol alto, que enxerga os obst�culos ao longe, deixando o farol baixo que s� serve para desviar dos buracos.

O autor, Pedro Grava Zanotelli, � ex-presidente da Ordem dos Velhos Jornalistas de Bauru e membro da ABLetras




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