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29/07/13 05:00 - Opini�o

Os deuses do tr�nsito

Archimedes A. Raia Jr.
Percorrendo rapidamente a m�dia pode-se encontrar, sem maiores esfor�os, uma infinidade de manchetes que ilustram a viol�ncia no tr�nsito brasileiro: �Briga de tr�nsito termina em morte em SP� (R7), �Homem leva tiro ap�s briga de tr�nsito em Bauru� (JC), �Homem � agredido com pauladas durante briga de tr�nsito� (G1), �Jovem � morto com dois tiros no peito durante briga de tr�nsito em SP� (Folha). Muitos dos condutores que se envolvem ou s�o envolvidos nesses casos possuem vida comum, igual a tantas outras pessoas que trabalham, estudam, fazem compras, v�o � igreja, levam seus filhos � escola, sem que nada possa sugerir comportamentos extremamente conflitantes. No entanto, acabam por se tornar atores, protagonistas de acontecimentos que, por vezes, se tornam tr�gicos.

Vale citar a psic�loga Neuza Corassa, que aponta tr�s comportamentos de motoristas no tr�nsito. O cauteloso, que no seu cotidiano obedece �s leis e normas da sociedade, inclusive as do tr�nsito. O dono do mundo, que � briguento, agitado, impulsivo, que imagina que o planeta gira ao seu redor. E o de comportamento mascarado, que transmite uma ideia de adequa��o ao trabalho, � fam�lia, por�m, no tr�nsito, com uma m�quina sob sua dire��o, tende a revelar comportamento agressivo.

Para este �ltimo motorista, seu ve�culo acaba por se transformar em objeto de poder e de autoafirma��o, necessidade esta que surge, em v�rias situa��es, para compensar inseguran�as ou sentimentos de inadequa��o ou de inferioridade. Este comportamento est� mais associado aos homens do que �s mulheres.

Outros dois psic�logos, Maria H. Hoffmann e Eduardo J. Legal, afirmam que a agress�o � um dos sintomas que caracteriza o comportamento frustrado da pessoa e que influencia as suas atividades. O sentimento que perpassa este cidad�o � o de raiva e agressividade por se encontrar na situa��o de �lesado�. Os motoristas disp�em de �armaduras de a�o�, que os tornam valentes, superiores, onipotentes e onipresentes. Carros, caminh�es e �nibus se tornam verdadeiros deuses e, mais que isso, transubstanciam os seus condutores tamb�m em deuses. Capazes de tudo e a tudo justificar. At� mesmo a moto, m�quina proporcionalmente menor que as outras, mas que pela sua agilidade e rapidez, tamb�m cumpre seu papel de deusa. O tr�nsito deveria ser um ambiente onde as pessoas se encontram e se relacionam, convivem, trocam experi�ncias, realizam os seus objetivos cotidianos. No entanto, na pr�tica, o ele acaba por refletir a pr�pria sociedade, com seus desvios, neuras, inseguran�as, conflitos e decep��es.

A constru��o de uma sociedade mais unida, mais humana, mais fraterna, necessita que se coloque em pr�tica a �regra de ouro�, princ�pio que, com diferentes formula��es, est� presente nas grandes religi�es, ou seja, �fa�a aos outros o que gostaria que fosse feito a si�, afirma Chiara Lubich, uma das grandes pensadoras do s�culo XX. Se praticada mudaria o tr�nsito, e a pr�pria sociedade!

O autor, Archimedes A. Raia Jr., � engenheiro, doutor em engenharia de rransportes, professor associado da UFSCar e diretor de Engenharia da Assenag





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