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26/07/13 05:00 - Opini�o

Pobre mo�a bonita!

Joaquim Eliseo Mendes
O bom observador, sem precisar ser fil�sofo, constata a grosso modo que a vida humana apresenta muitas incoer�ncias que, a meu ver, devem ser entendidas, consideradas e, principalmente, respeitadas. Pois. Uns querem e outros rejeitam. Uns t�m muito para dar e nada d�o. Outros precisam de muito e nada conseguem. Uns consideram que a vida humana � um verdadeiro tesouro que deve ser preservado � base de uma saud�vel alimenta��o, rem�dios, caminhadas e academias tendo em vista viver mais anos, enquanto que outros entendem que ela � descart�vel, substitu�vel e de que como o seu inquestion�vel e leg�timo dono tem o direito de fazer dela o que quiser, o que melhor lhe aprouver. Enfim, de que a vida humana n�o � muito importante podendo, ser jogada pela janela afora como uma pizza, pois no momento em que quiser conseguir� outra de acordo com seu interesse e �zerada� como um carro novo. Fato que me levou a estas conjecturas foi o publicado em manchete pela Folha de S�o Paulo em uma edi��o dominical recente que trouxe a foto de uma mo�a muito bonita que, como candidata em concurso de tatuagens, fez uma tatuagem em seus lindos olhos, tornando-os coloridos, com realce na cor vermelha.

N�o procurei saber se venceu e se tornou a rainha desse concurso, mas lamentei o que poder� acontecer-lhe no futuro, quando a fugaz beleza que possui se esvair e tornar-se lembran�a do seu passado como s� acontece na vida humana. Veio-me ainda � mente o drama vivido presentemente por um grande e querido amigo meu e sua fam�lia, um homem �cone de Bauru, da regi�o, do Brasil e de pa�ses vizinhos, cujos pacientes aqui aportam para corre��es de anomalias faciais e palatais. Homem consolidador de uma institui��o de sa�de p�blica que se tornou refer�ncia mundial. Homem que muito fez e que poderia ainda estar fazendo e que agora, por ironia da vida, ou por des�gnios de Deus, mas que devemos respeitar e lamentar, vem perdendo a vis�o. A mesma vis�o, tesouro, d�diva, cujos �rg�os foram tatuados pela mo�a bonita! Mas como nada � imposs�vel, � vontade de todos os amigos e milhares de pacientes de que, dentro da procura cient�fica que vem sendo feita, aconte�a uma regress�o da defici�ncia visual.

E o mesmo fato trouxe-me � mente o mal do s�culo, a droga, a �lepra� dos tempos modernos dos nossos jovens como foi definida pelo papa Francisco na JMJ, que ocorre no Rio de Janeiro, ao inaugurar ala do Hospital S�o Francisco para recupera��o de dependentes qu�micos. Entendo ser muito eficiente a atua��o policial no combate �s drogas, pois toneladas s�o apreendidas e destru�das, n�o, por�m, eficaz, pois sua erradica��o, a recupera��o do v�cio, al�m dos recursos m�dicos-cient�ficos dispon�veis, depender� �nica e exclusivamente da vontade da pessoa, vontade de se recuperar e vontade de nunca experimentar e usar.

E essa vontade do querer ou n�o querer depende unicamente da educa��o. Educa��o que conscientize da transmuta��o do prazer e do sonho ao inferno, de onde dificilmente retornar�. Educa��o que dever� ser elaborada pela fam�lia, escola, m�dia e rede social. Uma educa��o que leve a crian�a e o jovem de hoje a valorizar a vida humana, ressaltando-se de que n�o h� fases, idades, s�ries ou momentos para se educar, pois educar-se deve ocorre durante toda a vida do homem. E lembremos de que somente a educa��o, processo que ocorre de dentro para fora e n�o de fora para dentro, desperta, abre e descortina o amor � vida. N�o existe outro meio ou caminho. � esta vida, que � muito, muito importante, e que deve ser realmente vivida em toda a sua plenitude.

O autor, professor Joaquim Eliseo Mendes, � membro efetivo da ABLetras




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