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01/07/13 03:00 - Opini�o

Vinte centavos!

Ismar Pereira
O Brasil est� sendo assolado por uma onda de viol�ncia que vem na contram�o da sua fama de possuir um povo ordeiro e pacato. Esse movimento tomou conta de muitas capitais, fazendo uma s�rie de reivindica��es, v�rias delas incorporadas depois e plenamente justificadas � como a melhoria da sa�de p�blica -, mas que n�o justificam a viol�ncia. Resultado: muitos manifestantes, policiais e profissionais da imprensa feridos; muitos bens, p�blicos e privados, totalmente destru�dos ou saqueados. O estopim que detonou esse movimento foi aceso pelo povo de S�o Paulo.

Os brasileiros est�o fartos de tomar conhecimento de crimes b�rbaros que ocorrem com uma frequ�ncia assustadora. Apenas um exemplo (chocante!): como o pai, nervoso diante da mira de um rev�lver, demorasse para retirar o filho (de dois anos) da cadeirinha presa ao carro que estava sendo roubado, o bandido atirou. Matou o filho e feriu o pai. Diante de fatos t�o graves como esse, o povo brasileiro manteve-se praticamente impass�vel, desmentindo aquele axioma: �viol�ncia gera viol�ncia�. Em casos como esse, a viol�ncia gerou apenas dois sentimentos: a dor dos familiares que perderam seus entes queridos e a solidariedade de quem j� viveu situa��o semelhante. E provocou, tamb�m, uma manifesta��o contra a viol�ncia, da qual participaram cerca de cinquenta pessoas.

Entretanto, quando o pre�o das passagens aumentou vinte centavos, o efeito foi devastador. Come�ou como uma onda, quase inocente. Foi crescendo, crescendo, at� se transformar num tsunami, com estragos materiais bem menores, mas com estragos morais infinitamente superiores. � evidente que essa destrui��o foi provocada por v�ndalos e baderneiros, que costumam aproveitar-se dessas situa��es. Mas h� uma coisa que incomoda: ser� que aqueles bem-intencionados, que encontraram no pre�o das passagens um motivo para protestar, jamais viram em tantos crimes um motivo para se insurgir contra a viol�ncia? N�o � poss�vel fazer uma compara��o entre os valores postos em jogo, mesmo porque a vida � o bem supremo que o homem possui. No entanto, � poss�vel comparar o n�mero de manifestantes em cada um dos movimentos. A morte de um ser humano leva 50 pessoas �s ruas. Vinte centavos tiram 50 mil ou 100 mil pessoas de suas casas, dispostas a enfrentar o que der e vier. Alguma coisa est� errada! Pelo jeito, certas atitudes n�o s�o tomadas seguindo os ditames do cora��o. Nem da raz�o. Ao que tudo indica, certos atos s�o ditados pela parte mais sens�vel do corpo humano: o bolso!


O autor, Ismar Pereira, � adovogado aposentado e colaborador de opini�o




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