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21/04/13 03:00 - Ser

Ela confessa: ainda se questiona sobre seu trabalho na TV

Se algu�m vir Giulia Gam dando um ataque de estrelismo por a�, ela vai explicar que n�o passa de uma cena de B�rbara Ellen, sua personagem em Sangue Bom, nova novela das 19h da Globo, escrita por Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, com estreia marcada para 29 de abril. Na trama, ela encarna uma atriz sem talento que faz de tudo para virar not�cia. M�e de cinco filhos na fic��o, sendo quatro adotados, ela vai movimentar a hist�ria por destruir casamentos alheios para alcan�ar seus objetivos profissionais e pessoais.

Na vida real, a paulistana afirma n�o estar t�o interessada nos holofotes e que ainda se questiona sobre o fato de ter come�ado uma carreira na televis�o, em que a fama tem um peso. Al�m de falar sobre o novo papel, Giulia tamb�m reclama sobre a falta de investimentos no teatro.


Como � a personagem?

Giulia Gam
- A princ�pio, eu n�o a vejo como uma vil� porque n�o � uma pessoa que quer sair por a� matando todo mundo. Ela sintetiza um lado da quest�o da novela, a busca pela fama, pela imagem. � uma atriz canastrona, mas que sempre teve carisma e uma fama de sedutora. Atrav�s dessa sedu��o ela foi fazendo a carreira, se casando com diretores. J� est� no oitavo casamento. � cada vez algu�m mais interessante para que ela possa subir na carreira.

Por que ela tem tantos filhos?

Giulia Gam
- Ela queria ser uma estrela de TV. Ela adota as crian�as como uma maneira de se manter na m�dia. Ela adotou essas crian�as, como o Kevin (Marcus Rigonati), que � branco, mas ela diz aos jornalistas que � 100% negro. A Luz (Ana Graciela), ela fala que tirou da selva amaz�nia, o Kevin das minas da �frica, e a Dorothy (Ayumi Irie), da Tail�ndia. S�o crian�as do Brasil mesmo.

Por que ela quer transformar Amora, personagem da Sophie Charlotte, em celebridade do mundo da moda?

Giulia Gam
- Ela tem na Amora, uma it girl, a transi��o do desejo dela. Ela forma essa menina, que pegou no orfanato e tem pavor daquele mundo do qual veio. Ela tamb�m veio da zona norte de S�o Paulo e sofreu, teve uma vida miser�vel. Desde pequena, ela queria o sucesso.

Voc� j� teve avidez pela fama?

Giulia Gam
- Essas escolhas s�o diferentes das minhas. Vim de um meio ao contr�rio disso. Meus pais eram intelectuais, fui para o grupo do Antunes (Filho), em que a gente nem tinha o nome no cartaz. No teatro, fiquei sempre em grupos ou em companhias. Para mim, o valor � sempre do trabalho. O trabalho � que tem de aparecer, ser reconhecido. N�o faz o menor sentido eu dar uma entrevista se n�o tiver a seguran�a de que n�o h� um bom trabalho por tr�s para divulgar. Acho que as minhas op��es foram opostas. Sempre tentei me envolver com pessoas que n�o fossem do meio. Sempre tentei fugir para que o meu trabalho ficasse na frente.

Voc� j� teve a vida amorosa exposta em ocasi�es como o fim do casamento com o jornalista Pedro Bial. Em algum momento voc� sentiu a intimidade invadida ou acha que se exp�s mais do que deveria?

Giulia Gam
- Voc�s (da imprensa) conhecem, provavelmente uma rela��o minha, que se tornou uma situa��o p�blica por causa da quest�o do filho (o casal brigou pela guarda de Theo, hoje com 15 anos). Antes, aparecer era prest�gio. � uma troca. H� pessoas que oferecem um produto a ser vendido. Esse mercado n�o me interessa. Eu n�o teria energia para ficar lidando com isso, prefiro colocar no meu trabalho. Sempre tive excelente rela��o com a imprensa. Posso pecar por me abrir demais em momentos em que n�o est�o interessados em saber o que penso. Sempre me senti apoiada na quest�o do filho. Por�m, posso mudar completamente depois de B�rbara Ellen. Quantas atrizes ficam loucas, t�m namorados jovens e posam nuas?

Artistas que buscam a fama pela fama a desanimam?

Giulia Gam
- Eu j� estou em um segundo patamar da vida. Na minha �poca, j� havia essas pessoas. Na Globo, eram valorizados os atores que tinham conte�do e uma hist�ria. � frustrante se voc� se dedica a isso e n�o sente retorno. As pessoas, at� para se manter na m�dia, t�m de ter algum tipo de talento. Eu tenho admira��o pela Madonna. Ela n�o � uma grande cantora, mas tem um talento t�o grande e uma antena bem ligada. Ela est� sempre � frente do que voc� nem come�ava pensar. Isso � que a tornou genial, n�o foi simplesmente a voz dela. H� pessoas que conseguem alguns minutos disso e s�o rapidamente esquecidas. Assim como h� pessoas que podem n�o ter algum trabalho, mas a performance � exatamente saber lidar (com a m�dia). Isso n�o deixa de ser um talento. Tem gente que nem precisa ser entrevistada, elas mesmas se entrevistam.

Voc� saiu do grupo de teatro do Antunes Filho, que vai na contram�o da fama, para fazer TV. Foi um processo dif�cil?

Giulia Gam -
Acho que tive muita resist�ncia em fazer televis�o. Era como entrar para um trabalho industrial, mesmo que voc� tivesse os melhores artistas. Eu tinha resist�ncia ideol�gica porque o Antunes defendia a quest�o de que a TV n�o era um lugar de forma��o atores. Ir para a TV n�o era um bom passo. A quest�o da fama n�o era discutida. Existia a imprensa, mas n�o um mundo midi�tico. Tudo n�o era t�o veloz como hoje.

Voc� ainda se questiona sobre essa mudan�a profissional?

Giulia Gam
- O que ainda se mant�m um pouco em mim � que ainda tenho a necessidade do estudo, do tempo, da elabora��o. �s vezes, � um pouco cruel a velocidade imposta pela novela, pelo meu condicionamento. Venho aprendendo a ver o prazer disso, ser menos cr�tica ver que a novela � algo em andamento. Voc� pode n�o come�ar bem e depois tem um retorno do p�blico. Se o personagem � interessante, pode n�o ser s� um retorno da vaidade. Aquilo pode mexer com a vida das pessoas. Essa preocupa��o ainda me persegue. A B�rbara era um desafio, ela � o oposto de tudo aquilo a que fui doutrinada, que era exatamente n�o buscar a fama.

Tem medo de ser esquecida?

Giulia Gam -
Tenho 30 anos de carreira. Antes, a gente tinha medo de batalhar e descobrir no fim que n�o tinha talento. Nunca tive medo de sair (da m�dia). Se trocasse isso por outra coisa que me desse igualmente prazer, n�o teria problema. J� tive essa ambi��o quando nova. Depois que voc� tem filho, outras coisas passam a ter valor na vida. Para quem est� de fora, nosso trabalho na TV pode aparentar glamouroso. Mas � �rduo. Acho que as estrelas que a gente tem no Brasil que est�o nesse patamar talvez sejam as cantoras e apresentadoras. Ator no Brasil n�o � milion�rio. Para atores que pegaram uma �poca em que voc� era uma diva deve ser muito doloroso n�o ser reconhecido, as pessoas da nova gera��o n�o terem ideia de quem voc� �. Pode ser que, mais para frente, se eu descobrir que minhas l�grimas n�o ajudaram em nada, talvez eu fique triste (risos).

Voc� n�o conseguiu manter uma temporada do musical Pedro e Lobo no Rio e afirma que fazer teatro na cidade est� dif�cil. Por qu�?

Giulia Gam
- N�s n�o estamos sendo a atra��o principal neste momento. A quest�o do esporte, da revitaliza��o da cidade, da seguran�a talvez tenha mais import�ncia neste momento do que a quest�o cultural da cidade. Nos grandes eventos que chamam a aten��o do Rio internacionalmente h� interesse. O Rio est� sofrendo com a falta de teatros, principalmente depois do inc�ndio (da boate Kiss, em Santa Maria, que fez a prefeitura carioca fechar teatros sem condi��es para situa��es de emerg�ncia).

O excesso de meias-entradas atrapalha na hora de montar uma pe�a?

Giulia Gam
- Quem tem de dar meia-entrada � o governo. Assim como ele d� bolsa-fam�lia, bolsa isso, bolsa aquilo, tem de dar o vale-cultura. Tem de subsidiar a ida de jovens de escolas p�blicas ou a gente ter melhores condi��es de apresentar um espet�culo. Brinco que o Sesc � nosso Minist�rio da Cultura. Se n�o fossem eles, n�o haveria teatro. Quando a prefeitura (do Rio) banca Rolling Stones com dinheiro p�blico, na Praia de Copacabana, para todo mundo assistir, sendo que eles t�m patroc�nio para isso, acho um absurdo. N�o h� investimento privado forte. Quando a gente faz um espet�culo a R$ 1 tem um p�blico sedento, que � mais espont�neo, mais participativo.




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