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26/03/13 02:00 - Opini�o

No limite da burrice

Pedro Grava Zanotelli
O desabafo do empres�rio Jorge Gerdau, em entrevista � Folha, no dia 15/3, dizendo que a burrice est� no limite, foi uma rea��o espont�nea de quem v� pessoas fazerem coisas injustific�veis perante um m�nimo de intelig�ncia e sensatez. Presidindo a C�mara de Pol�ticas de Gest�o, para prestar assessoramento � Presid�ncia da Republica na formula��o e implementa��o de mecanismos de controle e avalia��o da qualidade do gasto p�blico, foi a forma mais natural de mostrar-se inconformado com a cria��o irrefre�vel de minist�rios. No governo de FHC eram 24, Lula aumentou para 37 e Dilma, para 39. Os objetivos do �rg�o que ele preside s�o: I - otimizar o desempenho geral do Poder Executivo na presta��o de servi�os p�blicos � sociedade; II - reduzir custos; III - racionalizar processos; e IV - tornar mais eficazes e efetivos os programas e as a��es priorit�rias. E criar novos minist�rios, como vem sendo feito, � exatamente o oposto a essa proposta.

A defini��o da estrutura administrativa das organiza��es, com a cria��o, elimina��o ou reformula��o de �rg�os, deve seguir as diretrizes de suas estrat�gias, daquilo que elas pretendem ser - sua vis�o de futuro - e de como far�o para realiz�-la - sua miss�o. Essa � a forma racional. Bem intencionada, a presidente Dilma teve a vis�o de um Brasil cada vez mais perto das maiores pot�ncias e sem mis�ria. Para chegar l� sua miss�o seria realizar um governo que aplicasse melhor o dinheiro retirado do povo e oferecesse a ele melhor servi�o de sa�de, educa��o, seguran�a, moradia e oportunidade de trabalho e dotasse o pa�s de infraestrutura compat�vel com o seu crescimento. E foi essa miss�o que o Gerdau traduziu nos objetivos da C�mara de Pol�ticas de Gest�o, que ela oficializou atrav�s do Decreto n� 7.478, de 12 de maio de 2011. S� n�o avaliou o quanto a estupidez pol�tica pudesse for�ar o governo no sentido contr�rio.

Para Gerdau o conceito de pol�tica, dentro da estrutura brasileira, atrapalha bastante a gest�o. Bastaria trabalhar com meia d�zia de minist�rios. Diz assim, porque a cria��o de minist�rios e secretarias, em vez de melhorar os servi�os, torna-os menos produtivos e aumenta a burocracia e os gastos. Da forma como vem sendo feito, n�o � a necessidade de atender melhor a popula��o que tem justificado a sua cria��o. Se assim fosse seriam aumentados os cargos diretamente produtivos, de atendimento das necessidades do povo, e n�o os cargos destinados a abrigar apaniguados pol�ticos. Dizem os s�bios que o amor � riqueza � insaci�vel e o desejo de honrarias nunca se satisfaz. O desejo de se manter no poder e de usufruir as benesses do governo, com sinecuras e oportunidades de desvios de dinheiro p�blico, � o que motiva as alian�as pol�ticas, sob o pretexto de garantir governabilidade. A presidente Dilma poderia estar bem intencionada ao aceitar e oficializar a colabora��o volunt�ria do empres�rio, mas n�o pode escapar do envolvimento nessa trama. Hoje s�o trinta os partidos, muitos pendurados no governo e outros esperando a sua vez.

As consequ�ncias est�o a�: o pa�s n�o est� crescendo e a infla��o est� sendo artificialmente contida. Embora a presidente continue bem avaliada nas pesquisas, a situa��o real do pa�s n�o endossa esses resultados. Houve crescimento do consumo e do setor de servi�os, devido � facilidade de cr�dito, o que manteve uma certa estabilidade no emprego, mas o setor industrial, que � o definidor do desenvolvimento, est� estagnado. Os projetos do governo, segundo a unanimidade das an�lises, n�o atingem mais que um ter�o de sua implementa��o. O governo n�o est� conseguindo completar os projetos do PAC, a infraestrutura continua sendo o gargalo estrangulador da economia, os hospitais p�blicos est�o em estado lastim�vel, a preven��o das cat�strofes provocadas pelas chuvas ficou nas promessas. Enquanto isso, o nosso dinheiro vai alimentando o incha�o da estrutura administrativa do governo e a irresponsabilidade dos pol�ticos. Gerdau termina dizendo: �Quando a burrice, ou a loucura, ou a irresponsabilidade vai muito longe, de repente, sai um saneamento.� � o que faz tempo continuamos esperando.

O autor, Pedro Grava Zanotelli, � ex-presidente da Ordem dos Velhos Jornalistas de Bauru e membro da ABLetras




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