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24/03/13 00:00 - Tribuna do Leitor

�Pagai por n�s!�

O grande mestre, o bruxo de Cosme Velho, Machado de Assis, ensina-nos que : �Os adjetivos passam, e os substantivos ficam. � , no entanto de onde prov�m esta m�xima? A frase � de uma cr�nica do autor, na qual s�o criticados os impostos. No texto que retrata o cotidiano, Machado dialoga com dois impostos inconstitucionais de Pernambuco que foram ao Rio de Janeiro para tentar resolver a celeuma de suas inconstitucionalidades. O escritor, assim, diz que a solu��o para os impostos � a aboli��o de todos os adjetivos do Imp�rio. No final, quer dizer que o adjetivo �inconstitucional� vai, e o substantivo �imposto� fica, sempre fica. Interessante, n�o? H� tanto tempo que parecem mem�rias p�stumas, mas, infelizmente, � atual�ssimo e antes de ser tachado de Casmurro pelos leitores, acrescento: por que pagamos os impostos impostos por nossos governantes? Poderia ser um conto, uma ilus�o prevista pela cartomante, um pedido da missa de galo ou um del�rio de um alienista, mas � pura realidade: �Pago, n�o sonego, devo sempre que puder!� Ah, os impostos, o que nos trazem? S�o IPs que n�o acabam mais e n�o floridos, nem perfumados, s�o carrascos, injustos, abusivos! Diminui-se no faz-de-conta a conta da luz e aumenta-se na realidade o combust�vel, que, como um efeito domin�, traz consigo o aumento de todos os produtos, do pastel da feira ao autom�vel luxuoso, da taxa imposta pelo �flanelinha� ao iludir-nos que cuida do nosso ve�culo a todos os produtos que se exibem nas passarelas, antes prateleiras dos mercados, se o pre�o fosse justo, n�o seria mercado! �, Drummond�, o pre�o do feij�o n�o cabe no poema�, ali�s, mestre de Itabira, n�o cabe mais anda no poema e nem no bolso, somente cabe na mente s� dos deputados que aumentaram os seus b�nus, pois, segundo eles, tudo aumentou! Afinal, em que se baseiam os aumentos, ensine-nos, Reinaldo Cafeo, � o dinheiro mesmo o vil metal, seria esse vil cognato de vilania e seus respectivos cobradores de impostos,os impostores? O IPTU vira t�o e t�o somente asfalto, somos bonecos de piche? O IPVA vira estradas, ent�o por que o ped�gio, aglutina��o de pede+�gio? Segundo pessoas de bom humor, as pra�as de ped�gio viraram �a pra�a � nossa!�, mais humor, por favor. O melhor de tudo � a pessoa que fica dentro daquela janela somente com o rosto afora a dizer: �Voc� n�o tem trocado?� A vontade � de responder: eu n�o, mas os pol�ticos, gra�dos por sinal, t�m trocado, t�m trocado o povo pelas moedas, os homens de terno t�m trocado os trens pelo ped�gio!

O ped�gio �, mesmo, muito engra�ado, a mo�a aborda-nos com ass�dios sexuais constantes: � O senhor quer p�r �Sem Parar?� A vontade � responder que nem com muito Viagra isso � poss�vel! Um amigo disse que pergunta, ap�s pagar o imposto de pseud�nimo ped�gio ao funcion�rio: �Voc� j� foi assaltado? N�o? Acabei de s�-lo!� Engra�ado ou n�o? � rir para n�o chorar! Como diz aquela emissora: �Brasil, o pa�s dos impostos!� Imposto imposto para elaborar o Enem �Miojo�, para acelerar a ind�stria da multa, imposto para continuar a trafegar de caiaque ou submarino na Na��es Unidas, lembre-se de que o ditado mudou: �Depois da tempestade,vem a Na��es!� Imposto que n�o traz a faculdade de medicina, imposto que n�o termina o viaduto inacabado, imposto que n�o muda o shopping imposto e n�o terminado pelo Maksoud!

A verdade � que o brasileiro n�o liga para pagar, ele �paga mico�, �paga pau�, �paga pra ver�, � um pagador de promessas, enquanto deveria ser um cobrador de promessas feitas nas imin�ncias das elei��es, quando n�o transfere todas as d�vidas, tudo para o Criador, no seu eterno e costumeiro: �Deus lhe pague�. Ainda creio que � cr�vel o imposto justo, desde que se decifre o segredo de dupla interpreta��o da ora��o, que n�o � t�o sagrada: �Depois que aumentaram os pre�os, os produtos sumiram das prateleiras.� Quem � o sujeito, quem � o objeto? Permita-me, mestre Machado: os objetos passam e os sujeitos ficam! E parafraseando outro mestre, Chico Buarque: �Pai, afasta de mim esse pague-se!�

Professor , um sujeito que foi imposto a um objeto




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