Um dos males da maioria dos brasileiros � n�o assumir suas pr�prias responsabilidades e pensar que os outros s�o respons�veis pelas consequ�ncias das a��es de cada um. Tanto � verdade que a maioria das pessoas que ler esse texto provavelmente n�o concordar� comigo. A Tribuna do Leitor de 16/03/2013 trouxe um exemplo cl�ssico do tipo de costume citado acima, nas linhas escritas pelo senhor Jos� Luis de Oliveira, que execrou o GOT e o agente Carlos, que o multou por seu ve�culo estar estacionado por 5 minutos em um local que exige o uso do bilhete de �rea Azul, enquanto o senhor Jos� Luis de Oliveira fora comprar o referido bilhete. Desconhe�o a exist�ncia de um per�odo m�nimo de toler�ncia ao estacionar o carro, embora haja alguns minutos de toler�ncia ao final do per�odo. Se houver toler�ncia ou previs�o legal para tal no in�cio do per�odo, desconsiderem meu posicionamento.
At� posso entender a revolta do cidad�o que foi multado. Eu tamb�m n�o ficaria feliz se isso acontecesse comigo - e pode acontecer com qualquer um -, mas a lei � feita para ser cumprida, embora a maioria dos brasileiros tente dribl�-la, rotineiramente. Esse � outro mal do brasileiro, que reclama tanto de condutas a�ticas dos agentes p�blicos, mas sempre que se v� em uma situa��o de aplica��o coercitiva da lei tenta dar um jeitinho de resolver o problema sem que a lei seja efetivamente aplicada.
Compreendo que a orienta��o tamb�m seja uma pr�tica inerente � fun��o do GOT, mas qualquer pessoa sabe que o bilhete � obrigat�rio ao estacionar. A justificativa do autor da missiva � usual e faz parte da pr�tica da maioria � eu tamb�m j� fiz isso diversas vezes - mas � poss�vel comprar esses bilhetes em quantidade razo�vel para sempre ter em m�os quando necessitar parar o carro em local que exija seu uso. Ali�s, � isso que farei daqui para frente, tendo em vista a experi�ncia relatada pelo autor da referida nota.
O senhor Jos� Luis de Oliveira escreveu que os agentes do GOT deveriam ter �jogo de cintura�. Isso seria conduta t�pica de corrup��o passiva privilegiada � crime previsto no c�digo penal brasileiro. Transformar os agentes do GOT em criminosos? Institucionalizar o �jeitinho�? Isso seria uma vergonha! O Agente Carlos simplesmente cumpriu sua fun��o.
O Agente n�o teria como saber que o motorista havia estacionado e teria ido comprar um bilhete. N�o foi poss�vel orientar o condutor porque ele n�o estava l�. O agente deparou-se com um carro estacionado e sem o bilhete. Dessa forma, a multa foi aplicada coerentemente, em minha singela opini�o.
Uma coisa � ficar bravo com uma despesa a mais que ter� que se arcar por conta de uma multa, outra coisa � achar que um servidor tenha a obriga��o de se corromper ou prevaricar. Os agentes s�o pagos para exercerem suas fun��es e multar � um dos atos de of�cios que eles t�m o dever de cumprir. Ridicularizar uma classe de trabalhadores que est�o nas ruas, fa�a chuva ou fa�a sol, exercendo suas fun��es �, no m�nimo, desrespeitoso. Trabalhar n�o � vergonha para ningu�m, seja a profiss�o que for!
O estar errado e querer estar certo � mais um dos problemas que temos. Embora seja revoltante pagar mais uma multa em um pa�s t�o cheio de impostos � o que se resta a fazer quando se descumpre a lei � infelizmente.
�Jogo de cintura� � exce��o e exce��o vira regra. Ou aplica-se a lei, indistintamente, ou n�o se aplica. Que a orienta��o verbal seja usada sempre que poss�vel e que a multa seja usada quando necess�rio. Certamente, n�o sou a favor da �ind�stria de multas�, mas se uma multa � dada e a pessoa realmente cometeu a infra��o, ent�o n�o h� sentido em se reclamar ou ridicularizar uma classe de trabalhadores por conta disso.
Os agentes do GOT s�o pessoas que estudaram para passar em concurso p�blico e exercem uma fun��o que poucos gostam ou admiram, mas que � fundamental para a seguran�a do tr�nsito. Imaginem um mundo sem leis, sem regras? Um mundo onde tudo se resolva com �um jeitinho�, com �jogo de cintura�? Estar�amos bem mais perto do caos do que j� estamos.
Parab�ns, agente Carlos. Voc� honrou sua fun��o e a institui��o que representa, mesmo com as imensas dificuldades e resist�ncias que sua profiss�o enfrenta. Sua fun��o e a institui��o na qual trabalha s�o imprescind�veis para que a ordem seja mantida - Custe o que custar, doa no bolso de quem doer - inclusive no meu, se eu der motivo.
Gizele Regina Miranda dos Santos |
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