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12/02/13 03:00 - Opini�o

Alegria! Alegria!

Adilson Luiz Gon�alves
Consta que o Carnaval teve origem na Gr�cia Antiga, por volta do quinto s�culo antes de Cristo, como uma festa de cunho religioso, durante a qual eram realizados cultos de agradecimento aos deuses pela fertilidade e produtividade do solo. Posteriormente, os mesmos gregos acrescentaram-lhe bebidas alco�licas e certo liberalismo sexual para, na Idade M�dia, voltar a ser adotado com festa religiosa crist�, talvez como parte de um processo de sincretismo, s� que proibindo o prazer sem limites. Bem, isso n�o deu muito certo, tanto que tempos depois o Carnaval voltou a ser uma festa popular, laica, comemorada de formas diferentes, em cada regi�o.

No entanto, afora a discutida origem etimol�gica da palavra, l�, no in�cio, o Carnaval era uma festa dedicada � celebra��o da natureza pelo que ela nos d�: um festejo leg�timo, pleno de justificada e coletiva alegria! E que coisa boa estar feliz! Melhor, ainda: ser feliz! Lembro de minha inf�ncia e, principalmente, dos filmes da Atl�ntida e da Cin�dia, onde a Festa de Momo era uma divertida fuga da rotina, em que pessoas sisudas de repente vestiam fantasias e sa�am pelas ruas, sorrindo e brincando despretensiosamente. Era como se gritassem melodiosamente um sonoro �n�o!� �s press�es sociais e religiosas, que, represadas, apertam alguns at� espanarem, transformando uns em fan�ticos e outros em bandalhos, extremos opostos, mas igualmente nefastos. E o faziam por quatro dias, ent�o, como se fora proibido ser feliz nos demais. Ou como se felicidade tivesse dia certo para se manifestar. Dias de �pode!� e dias de �n�o pode!�. A Quarta-Feira de Cinzas era dia de rasgar a fantasia. As duas ali�s, a da vestimenta e a da felicidade de uma vida sem preocupa��es, em que as diferen�as sociais desapareciam sob m�scaras negras ou coloridas, em que as pessoas se reuniam nas ruas sem se preocupar com apar�ncias, a n�o ser para admirar pierr�s, arlequins e colombinas, personagens an�nimos, mas cheios de encantamento, sobretudo aos olhos das crian�as.

Festa do povo, que invadia as ruas com blocos e cord�es, a entoarem marchinhas de letras e rimas t�o f�ceis quanto belas, as fantasias servindo para esconder rostos t�midos, mas, tamb�m, disfar�ar devassos e maldosos. Isso n�o � novidade, pois o cotidiano est� cheio de dissimulados, que nem precisam de m�scaras para exercerem sua hipocrisia ou mau car�ter... Alguns at� vestem todos os dias um �manto divino� que, em verdade, � uma pele de cordeiro. Desses � que devemos ter medo e manter dist�ncia! Alguns transformaram o Carnaval em tempo de desembestar, de �vale tudo�! Outros, em tempo de apertar ainda mais os freios e arreios do �n�o pode nada�!

Preconceitos antag�nicos transformaram o Carnaval ora em pecado, ora em b�lsamo. Uns v�o �pro mundo�, outros para retiros espirituais, que tamb�m podem ser momentos de fuga da rotina, mas, n�o raro, s�o imposi��es preconceituosas ou arrogantes, que t�m por objetivo manter o rebanho no cercado. Tem quem brinque o Carnaval apenas pelo prazer de sorrir, brincar, cantar e dan�ar sem fazer mal a quem quer que seja. E s�o muitos! Que mal h� nisso? Tamb�m h� muita gente que exagera e esquece que uma brincadeira s� � boa, quando todos se divertem com ela. No mais, maldade existe em qualquer �poca e at� da parte de quem alega viver para fazer o bem! De quem diz que em tudo h� pecado e degrada��o moral, mas coloca dinheiro e poder como suas reais divindades. Quem n�o quiser brincar o Carnaval, n�o diga que n�o pode: diga que n�o quer! Que fa�a algo que lhe d� prazer, ao menos, se esse tempo lhe for facultado! Mas n�o desdenhe, critique ou julgue quem faz desses dias um momento de reflex�o da alegria! De pr�diga felicidade! De congra�amento!

De minha parte, preferirei descansar, por minha cinematografia em dia e - est� no sangue! Fazer o qu�? - trabalhar em alguns projetos; embora goste de ver o movimento, as fantasias... Isso me faz feliz, no Carnaval! E ser feliz � o que vale, desde que n�o seja �s custas da infelicidade de quem n�o merece. Sofrer ou se mortificar pra qu�? Ali�s, j� diziam: uma antiga marchinha carnavalesca: �Hoje, eu n�o quero sofrer! Quem quiser que sofra em meu lugar!...�; e um frevo: �Todo mundo na pra�a! E manda a gente sem gra�a pro sal�o!�.

O autor, Adilson Luiz Gon�alves, � mestre em educa��o - escritor, engenheiro, professor universit�rio e compositor




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