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31/01/13 03:00 - Opini�o

A nova juventude

Carlos Alberto Di Franco
A Europa continua sob o fogo cerrado de uma crise sem precedentes. Os n�meros do desemprego na Espanha, por exemplo, s�o assustadores. Dados divulgados recentemente apontam que 26% da popula��o est� sem trabalho, totalizando quase 6 milh�es de pessoas. A Espanha vive uma fuga crescente de jovens talentos. Em um ano, a popula��o entre 20 anos e 24 anos diminuiu em 100 mil pessoas. Entre 25 anos e 29 anos, a queda foi de 150 mil.

A juventude europeia n�o foi preparada para a adversidade. A frustra��o apresenta uma pesada fatura: viol�ncia, aborto, doen�as sexualmente transmiss�veis, aids e drogas. A aus�ncia de cen�rios comp�e a tr�gica equa��o que amea�a destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explos�o de contesta��o. O quadro brasileiro � bem diferente. Felizmente. Temos in�meros problemas (viol�ncia, drogas, corrup��o, desigualdade, baixa qualidade da educa��o), mas somos um pa�s de gente alegre, com capacidade de sonhar. Expectativa de futuro define a vida das pessoas e o rumo das sociedades. �O Brasil�, dizia-me um conhecido jornalista espanhol, �tem muitas coisas que n�o funcionam�. Mas acrescentou: �Voc�s t�m problemas, mas t�m alegria, f�, futuro. N�s, europeus, perdemos a esperan�a�.

O Brasil de hoje, independentemente das sombras que pairam no quadro financeiro mundial e que, queiramos ou n�o, toldar�o o horizonte da economia real, � um emergente respeit�vel. O nosso grande capital, o nosso diferencial, apesar do not�vel emagrecimento do perfil demogr�fico brasileiro, � o vigor da juventude. Uma mo�ada batalhadora, com vontade de acontecer e, ao contr�rio do que imaginam os pessimistas cr�nicos, sedenta de valores �ticos, familiares e profissionais. O desinteresse pela pol�tica, evidente e medido em in�meras pesquisas, �, na verdade, uma rejei��o ao comportamento imoral de in�meros pol�ticos. E isso � bom. Trata-se, no fundo, de um sinal afirmativo. Os jovens est�o em rota de colis�o com a politicagem tradicional. Os pol�ticos n�o se d�o conta, mas o modelo est� esgotado. Os partidos, se quiserem ter alguma interlocu��o com a juventude, v�o ter que se reiventar.

A juventude atual, n�o a desenhada por certa ind�stria cultural que vive isolada numa bolha ideol�gica, manifesta uma procura de firmeza moral, de valores familiares e religiosos. Deus, fam�lia, fidelidade, trabalho, realidades tidas como anacr�nicas nas �ltimas d�cadas, s�o valores claramente em alta. A Jornada Mundial da Juventude (JMJ), encontro do papa com os jovens, em julho deste ano, no Rio de Janeiro, vai surpreender muita gente. Espera-se mais de 2 milh�es de jovens de todos os continentes. � muito mais que a Copa do Mundo e as Olimp�adas juntas.

A fam�lia, n�o obstante sua crise evidente, � uma forte aspira��o dos jovens. Ao contr�rio do que se pensa em certos ambientes politicamente corretos, os adolescentes atribuem import�ncia decisiva ao ambiente familiar. Os jovens, em in�meras pesquisas, apontam a fam�lia tradicional como a institui��o de maior ascend�ncia em suas decis�es. No campo da afetividade, antes marcado pelo relacionamento descart�vel, vai se impondo a cultura da fidelidade. O tema da sexualidade, puritanamente evitado pela gera��o que se formou na caricata moral dos tabus e das proibi��es, acabou explodindo, sem limites, na s�ndrome do relacionamento transit�rio. Agora, o rio est� voltando ao seu leito. O frequente uso de alian�as na m�o direita, manifesta��o vis�vel de compromisso afetivo, revela algo mais profundo. Os jovens est�o apostando em rela��es duradouras.

Assiste-se, na universidade e no ambiente de trabalho, ao ocaso das ideologias e ao surgimento de um forte profissionalismo. Ao contr�rio das utopias do passado, os jovens acreditam �na excel�ncia e no m�rito como forma de se fazer revolu��o�. O pensamento divergente � valorizado. As pessoas querem um discurso diverso, n�o um local onde se pregue apenas uma corrente de pensamento. Quem n�o perceber, na m�dia e fora dela, essa virada comportamental perder� conex�o com um importante segmento do mercado de consumo editorial.

O autor, Carlos Alberto Di Franco, � diretor do Departamento de Comunica��o do Instituto Internacional de Ci�ncia Sociais - IICS (www.iics.edu.br) e doutor em Comunica��o pela Universidade de Navarra, � diretor da Di Franco - Consultoria em Estrat�gia de M�dia (www.consultoradifranco.com). E-mail: [email protected])




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