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10/01/13 00:00 - Tribuna do Leitor

Dando uma espiadinha

Exibicionismo e voyeurismo s�o os dois lados da mesma moeda, pontos opostos da mesma reta, um n�o existe sem o outro. Enquanto o primeiro tem excesso de seguran�a e auto-estima, a maioria do segundo, ao contr�rio, � t�o insegura quanto as pr�prias atitudes e desejos e tem tanto medo de se expor que acaba vivendo apenas de fantasia olhando a realidade alheia.

Antes se espiavam �s escondidas; era o bin�culo na janela do vizinho, o buraco da fechadura, atr�s da cortina... Mas os tempos mudaram, agora � tudo �s claras fazendo o sucesso de uma avalanche de revistas, sites e programas de TV sobre fofocas.

Com uma vis�o comercial imensur�vel foram criados os realities shows: �No limite�, �Casa dos artistas�, �O aprendiz�, ��dolos�... O mais bem sucedido at� o momento � �Big Brother�, criado pelo holand�s John de Mol, onde podemos ver exibicionistas de todos os tipos na corrida pelo pr�mio e voyeurs disfar�ados de espectadores interagindo, ligando, participando, votando e at� pagando para estarem inseridos no jogo.

� o vazio do dia a dia, a falta de perspectiva e at� dinheiro para o lazer e programas mais culturais que faz com que esses shows fa�am tanto sucesso. Sem vida pr�pria, as pessoas embarcam na realidade planejada ou teatral que rende muita audi�ncia e lucros para pagar muito bem �quele que representar melhor os anseios do p�blico.

O pov�o assumido em sua condi��o simples se diverte e at� sofre, os intelectuais dizem que � um jogo para estudo do comportamento humano; sem d�vida que sim, � poss�vel ver o retrato atual da sociedade nesse micro universo.

A vida � um jogo, os exemplos que vemos na TV acontecem o tempo todo em nossas vidas sem nos darmos conta disso: falsidade, honestidade, mentiras, verdades, trai��o, apoio, jogo de sedu��o, gente folgada, parasitas, colaboradores, ombro amigo, amigo da on�a, duas caras, beleza e fei�ra f�sica e de car�ter. Como na vida, os semelhantes se aproximam e acabam formando grupos que se rivalizam nas diferen�as e podemos comparar claramente com o que se passa na realidade; os maus se unem e usam de todos os golpes sujos para derrubar os bons ou menos ruins que ficam a merc� de suas trapa�as enquanto o p�blico assiste a tudo n�o sabendo como lidar com a situa��o criando uma rede de discuss�o em torno do assunto.

No caso do programa, pelo menos o povo tem declarada sua participa��o e tamb�m pode tentar ajudar tomando partido dos injusti�ados. � um teste do seu poder de interferir e mudar o jogo quando unido num s� prop�sito, os bisbilhoteiros de plant�o veem tudo e numa corrente gigantesca re�nem milh�es de adeptos protestar quando algo errado ou injusto acontece fazendo valer seu ponto de vista e com certo poder para manipular as pe�as do jogo; torcendo, votando, eliminando ou dando a vit�ria e no final ver o bem vencer o mal.

Na vida real isso n�o tem acontecido com o mesma intensidade porque o povo ainda n�o descobriu que para mudar um jogo � preciso se interar das regras e que o mesmo poder que exerce no jogo da TV tem que ser usado no dia a dia pra mudar a pr�pria vida.

Quando for usado o mesmo empenho, a mesma uni�o, a mesma convic��o para ver seus direitos postos em pr�tica e os abusos de toda esp�cie serem julgados e condenados com justi�a, s� ent�o iremos construir uma sociedade igualit�ria e iremos diminuir consideravelmente a criminalidade, a corrup��o, a inseguran�a, o abuso de poder, a hipocrisia social e pol�tica, a morosidade e inefici�ncia da justi�a, a destrui��o do planeta, a degrada��o da moral e bons costumes, todo tipo de preconceito, desigualdade... E para isso tamb�m � preciso votar mas nas urnas com mais consci�ncia e sabedoria e pensamento coletivo vivendo melhor como um todo vamos adiar o desaparecimento do ser humano.

Dora Canaver




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