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29/12/09 03:00 - Opini�o

Um futuro n�o t�o distante

Luiz Alberto Coradi
Muito se discute atualmente acerca do aquecimento global e da emiss�o de gases do efeito estufa (GEE). Todos concordam que � preciso reduzir as emiss�es desses gases, mas poucos concordam em reduzir suas pr�prias emiss�es nos n�veis necess�rios, sempre com o argumento de que isso causaria preju�zos � economia de seus pa�ses, mas o fato incontest�vel � que esses preju�zos vir�o de qualquer forma, pois se o homem n�o toma a iniciativa, a natureza certamente o far�, mais cedo ou mais tarde, talvez mais cedo do que se espera.

O rec�m-encerrado encontro de Copenhage foi um fiasco total e jogou um balde de �gua fria nas expectativas mundiais de um consenso sobre o problema ambiental. Os pa�ses ricos n�o aceitam redu��es pr�-estabelecidas, comprometendo-se t�o somente a fazer o poss�vel para reduzi-las, algo parecido com n�o fazer nada. Os pa�ses em desenvolvimento n�o querem pagar sozinhos o custo do menor crescimento, logo agora que chegou sua hora de crescer, passando a responsabilidade para os ricos. Os pa�ses pobres n�o conseguem sequer ser ouvidos, eles que, em tese, ser�o os maiores prejudicados com os efeitos que o aquecimento global tende a acarretar � produ��o de alimentos, quando deve prevalecer a lei do mais forte, do �salve-se quem puder� ou �farinha pouca, meu pir�o primeiro�.

Felizmente, na contram�o do comportamento dos l�deres mundiais, a popula��o vem exercendo um papel fundamental na luta pela redu��o dos efeitos nefastos da emiss�o de GEE, seja pressionando seus governos a tomar atitudes mais eficazes, seja conscientizando-se de suas responsabilidades diuturnas no processo de aquecimento global. � claro que essa conscientiza��o � ainda incipiente, mas o importante � que vem crescendo rapidamente, especialmente nos pa�ses mais desenvolvidos, exceto talvez no mais importante deles. E todo governante sabe que contra a opini�o p�blica n�o h� argumentos, e nem votos.

Diante desse quadro, talvez a mais �rdua tarefa a ser enfrentada seja o �enquadramento� dos dois maiores poluidores do planeta: EUA e China. O primeiro, apesar da lideran�a no planeta e da riqueza que ostenta, tem tamb�m a popula��o mais consumista e desinteressada com o que acontece fora de suas fronteiras, da qual n�o se pode esperar atitudes como as observadas na comunidade europ�ia, por exemplo. No caso da China, com um regime fechado e uma popula��o enorme e majoritariamente pobre, que vislumbra um futuro melhor em fun��o do atual crescimento econ�mico exuberante, n�o se pode esperar press�o popular e muito menos atitude pol�tica que possa reduzir suas emiss�es num futuro pr�ximo.

O Brasil, no mesmo barco da China, bolas da vez do crescimento econ�mico, juntamente com a �ndia, faz a pol�tica da boa vizinhan�a. Aperta nas cr�ticas aos pa�ses ricos, mas tamb�m defende seu �direito� de poluir para crescer, tendo a seu favor o fato de que seu crescimento vem se mostrando mais gradativo, diversificado e contando com uma matriz energ�tica �nica no mundo, calcada nos biocombust�veis e na energia hidrel�trica, embora o petr�leo venha aumentando sua parcela nesse mix. N�o estamos, portanto, isentos de culpa no cart�rio , mas a natureza e as circunst�ncias parecem estar conspirando a nosso favor. E se algu�m tinha alguma d�vida de que medidas eficazes e consensuais em n�vel mundial somente ser�o tomadas quando a �gua, sem trocadilho, estiver batendo no pesco�o, a c�pula mundial de Copenhague n�o contribuiu em nada para desfazer esse pressentimento.



O autor, Luiz Alberto Coradi, � engenheiro agr�nomo




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