Se voc�, mesmo ao caminhar sozinho pela rua, em algum momento, teve a leve desconfian�a ou sensa��o de ser observado, de algum modo, mude de opini�o. Esteja certo disso. Com a vis�o cada vez mais agu�ada, os sistemas de monitoramento e geoprocessamento via sat�lite vasculham com riqueza de detalhes a superf�cie terrestre, e, inevitavelmente, acompanham nossos passos dia ap�s dia.
Dispositivos para uso meteorol�gico, telecomunica��es, controle de desmatamento e geoprocessamento, seja militar ou civil, como o Google Maps (leia ao lado), al�m dos sat�lites a servi�o do cada vez mais popularizado GPS, ou Global Positioning System, em Portugu�s, Sistema de Posicionamento Global, se aglomeram ao redor do planeta com as lentes voltadas para as nossas cabe�as, direta ou indiretamente.
Apenas para o funcionamento do sistema de navega��o pessoal GPS, pelo qual o usu�rio pode obter a localiza��o precisa de qualquer ponto do globo e respectiva forma de chegar at� a localidade apontada, � necess�ria uma constela��o de 24 sat�lites, como explica o professor S�rgio Alves, titular do Instituto de Matem�tica e Estat�stica (IME) da Universidade de S�o Paulo (USC).
Conforme o acad�mico, em artigo cient�fico publicado na Internet e pela �Revista do Professor de Matem�tica�, em 2006, os sat�lites interligados orbitam a uma altura de 20 mil quil�metros acima do n�vel do mar e asseguram precis�o nas coordenadas apresentadas nos receptores por meio da troca de informa��es com esta��es de monitoramento terrestres.
�Os sat�lites percorrem uma �rbita completa a cada 12 horas e cada um tem 28� de visualiza��o sobre a Terra. Isso assegura que todo ponto da superf�cie terrestre, em qualquer instante, esteja visualizado por pelo menos quatro sat�lites�, ensina Alves, ainda no artigo de sua autoria.
Toda essa cobertura d� asas a imagina��o e pode at� alimentar sentimento, se n�o chega a ser paran�ico, ao menos de inc�modo com um suposto monitoramento de nosso dia-a-dia aqui embaixo. A sensa��o de que estamos sendo vigiados � retratada no cinema, que, principalmente nos filmes norte-americanos, evidencia a desconfian�a da temida invas�o de privacidade que vem do c�u.
Entre as obras cinematogr�ficas que intrigam o p�blico a no m�nimo pensar na hip�tese de vigil�ncia, �Inimigo do Estado� (Enemy of the State), de 1998, conta a saga de um advogado, vivido por Will Smith, que � perseguido pelo governo ianque porque possui, involuntariamente, a c�pia de uma fita que registra o assassinato de um congressista que sabia demais, e era contra, o monitoramento da vida de cidad�os via-sat�lite.
Paran�ia hollywoodiana a parte, nem tudo � fic��o quando se trata da equa��o informa��o x espa�o. �Hoje um sat�lite de uso comercial permite a observa��o de objetos com dimens�o em at� 50 cent�metros�, detalha o professor doutor Carlos Frederico de Angelis, chefe da divis�o de sat�lites do Centro de Previs�o de Tempo e Estudos Clim�ticos (CPTec) do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em S�o Jos� dos Campos, que vai al�m : �imagine o que podem os sat�lites militares�, instiga.
A quest�o da privacidade, julga o professor, � pol�mica, j� que n�o existe legisla��o espec�fica que proteja o cidad�o contra eventuais �espiadinhas� l� de cima: �os pa�ses tentam acordos para a utiliza��o pac�fica do espa�o, que � livre, algo que n�o tem como controlar�, enfatiza. �O espa�o n�o tem dono�, acentua. |