Mercado visa �versatilidade moderada�

Com o perfil cada vez mais competitivo e afunilado, o mercado de trabalho exige tanto conhecimento aprofundado quanto vis�o generalista dos profissionais que buscam n�o apenas um lugar ao sol, mas o enraizamento de uma carreira s�lida, apoiada na qualidade total do trabalho e aliada � tranq�ilidade financeira.

Apesar de cientes da import�ncia de se conjugar, n�o necessariamente em doses iguais, ambos os perfis, profissionais rec�m-chegados ou prestes a se embrenhar na �selva� do mercado ainda encontram dificuldades de saber qual o melhor rumo a tomar nos primeiros anos como contratados.

Ao mesmo tempo em que se tornam �cl�nicos gerais�, mesmo exercendo a profiss�o especificada em diploma, muitos se tornam �escravos� da op��o, e s�o obrigados a fazer do que era uma demonstra��o de versatilidade, um meio para se manter no emprego.

Muitas vezes pela escassez de vagas, alguns profissionais se sujeitam a essa fun��o e correm o risco, de acordo com especialistas, de n�o conseguirem se livrar do estigma de �faz tudo�, mas ao mesmo tempo, sem conseguir ancorar numa fun��o fixa e que, realmente, lhe d� garantia de crescimento pr�tico dentro de uma determinada empresa.

Para o psic�logo �ngelo Ant�nio Abrantes, especializado em psicologia da educa��o, a polival�ncia levada ao extremo pode ser onerosa para o futuro do profissional, que se priva de se alicer�ar o futuro na empresa, relegado apenas a quest�es imediatistas. �Sou contra a forma��o que faz a pessoa se adaptar ao que existe, essa forma imediatista, pragm�tica�, condena.

Segundo ele, o ideal � que, mesmo atuando em variadas frentes, o empregado desenvolva o senso cr�tico sobre o que o circunda. �O que importa � a compreens�o sobre uma totalidade de fun��es, mas vai al�m do imediatismo�, insiste o especialista, que critica as exig�ncias da maioria das empresas. �O �ideal� tem sido aquela pessoa obediente, n�o questionadora, adapt�vel e, acima de tudo, com bom humor e que aceita qualquer tipo de explora��o�, lamenta.


Foco

Se nem tudo s�o flores, por outro lado tamb�m � poss�vel abra�ar uma carreira, se especializar e, ao mesmo tempo, obter uma vis�o generalista do trabalho sem, entretanto, cair no estigma de �cl�nico geral�.

Para Renato Grinberg, especialista em mercado de trabalho e diretor do portal www.trabalhando.com.br, o ideal � colocar o p� no mercado j� com uma especialidade, para, em seguida, buscar a vis�o global em vista a ocupar cargos de chefia no futuro. �Normalmente se come�a como especialista, ao se oferecer um valor espec�fico para a empresa�, recomenda.

A medida em que o profissional evolui dentro da corpora��o, explica Grinberg, que j� ocupou cargos em importantes empresas internacionais, como a Sony Pictures e Warner Bros., em Los Angeles, nos Estados Unidos, ele conseq�entemente desenvolve outras habilidades. �Isso com o objetivo de assumir cargos de lideran�a. O importante � se conhecer e, no in�cio, estar focado em alguma �rea com a qual se tenha mais afinidade e que d� a possibilidade de agregar valores�, ensina. �Quem faz tudo, �s vezes, n�o faz nada direito�, conceitua.

Entretanto, conforme o pr�prio especialista, guardado o cuidado para n�o se tornar um �faz tudo que n�o chega a nada�, n�o existe f�rmula m�gica para o sucesso profissional, exceto uma ferramenta essencial. �A diferen�a � ter o foco e ser o melhor poss�vel. O importante � se auto-conhecer e tirar o m�ximo de sua experi�ncia�, considera.

A mesma recomenda��o faz a consultora organizacional Regina Maura Torres. �Na verdade, � necess�rio um pouco das duas coisas. Um especialista precisa ter a vis�o do todo. Um engenheiro mec�nico, por exemplo, precisa ter conhecimento t�cnico, mas tamb�m um conhecimento muito mais vasto, amplo�, ilustra Regina, que atua em escrit�rio especializado em Bauru. �De outra forma, um profissional com conhecimento geral, mesmo que n�o aprofundado, � o mais preparado para a gest�o de pessoas, pois tem a vis�o de onde a empresa quer chegar�, atribui.