Lemos sua carta e gostar�amos de fazer alguns esclarecimentos. Fazemos parte de um grupo oriundo de uma parceria entre o Capsi (Centro de Aten��o Psicossocial infantil) e o segmento de psicologia da educa��o da Unesp de Bauru. Somos m�es de alunos que, apesar de nossa solicita��o para ret�-los, foram promovidos para a segunda, terceira e at� para a quarta-s�rie do ensino fundamental sem estarem plenamente alfabetizados e que, por essa raz�o, n�o conseguem realizar as atividades que s�o propostas em sala de aula. As conseq��ncias desta lament�vel realidade, �s quais n�s observamos de perto, s�o falta de motiva��o, baixa auto-estima, vergonha por n�o conseguir realizar os exerc�cios, sentimentos de incapacidade que fazem com que a crian�a tenha medo de se expor ao erro, inseguran�a e, por fim, desist�ncia de ir � escola. Assim, n�o nos sentamos nos bancos de uma faculdade para estudar sobre avalia��o escolar, mas sabemos o que acontece com nossos filhos e temos consci�ncia de que a progress�o continuada, da forma como vem sido aplicada, � extremamente prejudicial para o desenvolvimento educacional e psicol�gico da crian�a.
O conte�do expresso na carta que redigimos foi endere�ado �s autoridades governamentais e tratou-se de uma cr�tica ao sistema p�blico de ensino atrelada � reivindica��o pela revers�o do sistema de progress�o continuada, reivindica��o da qual a senhora mesma afirmou ser a favor. Desta forma, gostar�amos de deixar claro que temos, sim, todo o direito e a compet�ncia para exigir uma melhor educa��o para nossos filhos. Estamos apenas exercendo nossa cidadania e, a nosso ver, as institui��es de ensino e os professores, que est�o sempre reclamando a participa��o ativa dos pais na vida escolar dos alunos, deveriam valorizar e incentivar nossa iniciativa em lugar de recrimin�-la.
Sabemos de nossas obriga��es enquanto respons�veis por nossas crian�as e � exatamente por sermos m�es dedicadas que queremos garantir a nossos filhos uma educa��o de qualidade, a qual � a chave para um futuro com melhores oportunidades. Temos consci�ncia da import�ncia da media��o do professor no processo de desenvolvimento e aprendizagem da crian�a, o qual n�o se d� de forma espont�nea, e � exatamente por isso que estamos nos mobilizando. Sabemos tamb�m que alguns pais n�o cumprem com seus deveres por diversos motivos, mas isso n�o isenta do poder p�blico da responsabilidade de fazer sua parte. Quanto �s condi��es salariais e de trabalho dos professores, somos solid�rias �s suas queixas e compartilhamos de sua indigna��o no que se refere ao descaso com que os educadores s�o tratados pelas pol�ticas educacionais que s�o aplicadas. Diante disso, sugerimos que a senhora fa�a como a gente: lute por melhores condi��es de trabalho assim como n�s estamos lutando por uma educa��o de qualidade para nossos filhos. Dado que estaremos lutando por uma mesma causa, j� que a segunda reivindica��o n�o acontecer� sem a primeira, acreditamos que professores e pais devem se unir ao inv�s de criticar uns aos outros em uma rivalidade sem sentido.
No que se refere � autoridade do professor em sala de aula, esta foi retirada pelo pr�prio governo, n�o pelos pais de alunos. Defendemos que os professores tenham total autoridade e autonomia tanto para apreender materiais inadequados ao ambiente escolar quanto para corrigir a indisciplina, desde que o fa�am com respeito, afinal, n�s pais n�o temos controle sobre o que as crian�as fazem em sala de aula. Al�m disso, gostar�amos de esclarecer que a cr�tica que fizemos ao desrespeito dos professores com rela��o aos alunos n�o deve ser generalizada. Sabemos que assim como existem pais realmente preocupados com o futuro de seus filhos, tamb�m existem professores realmente comprometidos com a educa��o das crian�as. Temos consci�ncia de que alguns alunos s�o desrespeitosos com os professores e condenamos isso. A rela��o professor-aluno deve se pautar no respeito m�tuo. Com rela��o � perda de autoridade, n�s pais sofremos o mesmo. Perdemos autoridade de forma que n�o podemos repreender nossos filhos com severidade ou somos seriamente punidos. Sofremos do mesmo mal dentro de nossa pr�pria casa.
Para concluir, gostar�amos de alertar que professores e pais est�o lutando pelos mesmos ideais e que, s� ir�o efetivamente alcan��-los quando se unirem. Do contr�rio, a� sim ficaremos do mesmo jeito. Por esse motivo, convidamos a senhora e os leitores que se interessarem a juntarem-se a n�s no dia 12/12/09, �s 9h, na pra�a Machado de Melo para a realiza��o de uma passeata at� a pra�a Rui Barbosa por uma escola p�blica de qualidade. At� l�!
Esse grupo � formado por m�es de crian�as que est�o sendo atendidas no Centro de Aten��o Psicossocial Infantil de Bauru (Capsi). http:/ projeducacao. blogspot.com |
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