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09/11/09 03:00 - Geral

Nova den�ncia reitera falta de assepsia

Outra enfermeira relata ao JC procedimentos duvidosos adotados pela lavanderia dos hospitais ligados � associa��o

Rita de C�ssia Corn�lio
A s�rie de den�ncias feitas ontem por uma ex-funcion�ria da Associa��o Hospitalar de Bauru (AHB) com exclusividade ao Jornal da Cidade revoltou a cidade e encorajou outros depoimentos sobre fatos graves ocorridos na rotina do hospital que podem ter comprometido a vida e a sa�de de pacientes internados aos cuidados do Sistema �nico de Sa�de (SUS). A coragem da denunciante incentivou outra ex-funcion�ria a contar os momentos de tens�o e "terrorismo" que sofreu ao n�o concordar com algumas regras impostas pela diretoria que est� sendo investigada.

Os novos fatos se referem � falta de assepsia e pe�as de �enxovais� (roupas usadas por pacientes e nas camas) e procedimentos duvidosos usados pela lavanderia que servia os tr�s hospitais - de Base, Manoel de Abreu e Maternidade Santa Isabel. A enfermeira diz que sofreu e sofre persegui��o por n�o ter feito parte da forma como tudo era gerido . �Estou desempregada e no Estado de S�o Paulo n�o consigo emprego na �rea de sa�de.�

Antes de sair e por cinco anos, a ex-funcion�ria diz que sofreu todo tipo de press�o da diretoria e por isso entrou em depress�o e ficou oito meses de licen�a. Quando retornou, tinha sido transferida de setor. �Eles n�o gostam de funcion�rios que questionam. Em uma ocasi�o queriam que eu assinasse atas de reuni�es que nunca ocorreram. Nessas ocasi�es eu era amea�ada de demiss�o.�

Mas foi na lavanderia e na ala do atendimento dos pacientes do SUS que a ex-funcion�ria assistiu �s piores cenas que podem ter comprometido muitos tratamentos. A falta de medicamentos adequados e o risco de contamina��o e o sumi�o de documentos que comprovavam os fatos que ela denuncia pesam contra a administra��o de Joseph Saab.

�Eu entrei de licen�a e quando retornei os documentos que eu guardava haviam sumido. Eu gostaria de ser ouvida pelas autoridades que apuram as falcatruas para apontar o local exato onde foram escondidos v�rios prontu�rios de pacientes. Eu desconhe�o os motivos que levaram a diretoria a esconder esses documentos.�

A enfermeira conta que foi admitida para ser a respons�vel pela lavanderia em 2002. Por n�o ter conhecimentos profundos sobre o trabalho de lavagem de roupas hospitalares, ela fez um curso em S�o Paulo e v�rias pesquisas. Descobriu dentre outras coisas que as trocas de camas deveriam ser feitas em n�mero diferente para pacientes da Hope (ala intermedi�ria na Unidade de Terapia Intensiva). �Deveriam ser feitas seis trocas de len�ol, segundo as normas. A inten��o � evitar a contamina��o porque esse paciente transpira e ainda apresenta secre��es que podem gerar uma flora bacteriana. A bact�ria precisa de local �mido e quente para se proliferar. Por�m, as trocas n�o ocorriam nessa quantidade porque n�o havia �enxoval� suficiente.�

De acordo com ela, a falta de roupas para pacientes, m�dicos, cama e de campo para cirurgias era gritante. �Eu comunicava com a diretoria atrav�s de relat�rios, mas ningu�m tomava provid�ncias. Chegamos a uma situa��o rid�cula. Os m�dicos que usavam tamanho G acabavam indo para o centro cir�rgico com roupas de tamanho P. Alguns ficavam de barriga de fora. Tinha at� avental rasgado.�

A necessidade de roupas era t�o grande que nem mesmo o tempo de descanso do tecido era respeitado. �O tecido tem que descansar 48 horas ap�s todo procedimento de lavagem. A rotatividade era t�o grande que o descanso n�o ultrapassava 30 minutos, o que pode ter comprometido a assepsia das roupas. Houve caso em que a fam�lia levava a roupa para o paciente, para que ele pudesse tomar o banho matinal. A lavanderia n�o conseguia enviar as roupas antes das 13 horas a ala do SUS e muitos ficavam sem banho.�

O ex-presidente e o ex-superintendente da AHB Joseph Saab e Reinaldo Rocha n�o foram encontrados para falar sobre as den�ncias.


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Peregrina��o


Desde que come�ou a questionar os procedimentos adotados pela AHB, a enfermeira passou a ser encarada como pessoa n�o grata e, por in�meras vezes, foi transferida de departamento. �Fiquei 120 dias afastada por conta da licen�a-maternidade, quando retornei n�o estava mais na lavandeira.�

A enfermeira passou a integrar a Comiss�o de Infec��o Hospitalar (CCIH) para acompanhar os prontu�rios, ver se a medica��o estava sendo administrada corretamente. �Por�m, o que mais eu encontrava nos prontu�rios era um c�rculo com a palavra FF, que significava medicamento em falta na farm�cia. Fiz seguidos relat�rios e ningu�m tomou provid�ncias.�

Nesse setor � que queriam obrigar a ex-funcion�ria a assinar atas de reuni�es que nunca foram realizadas. �N�o assinei e fui transferida para o 1o andar meio. Onde ficam os pacientes p�s-cir�rgicos e aqueles que v�o para a cirurgia, al�m de um quarto infantil. Minha fun��o era servir de intermedi�ria entre o paciente e o m�dico e novamente me deparei com a falta de medicamento.�

Ela n�o suportou e um dia ao ver uma crian�a sofrendo por falta de medicamento adequado chorou e reclamou. �Fui chamada pela Doraci e pela Iara que me colocaram na parede e me transferiram para fazer curativos. O dia que um m�dico elogiou meu servi�o, elas me retornaram para o CCIH, onde me acomodei. Entrei em depress�o e sa� de licen�a. Regressei e sofri press�o para pedir a conta. At� que eles me mandaram embora.�

Desde a dispensa, a enfermeira enfrenta o desemprego. �Mandei curr�culo para v�rios hospitais da regi�o e do Estado de S�o Paulo e n�o consegui um emprego at� hoje. N�o sou nem chamada para entrevista. Fui para o Mato Grosso, onde trabalhei. Retornei e a resposta que ou�o � que o meu perfil n�o se encaixa na institui��o de sa�de, vou para a �rea de telemarketing.�




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