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28/10/09 03:00 - Opini�o

Quem vai cuidar de n�s?

Milton Dallari
�s 17h da segunda-feira, 19 de outubro, o Estado de S�o Paulo tinha exatamente 41.783.677 habitantes. A contagem, atualizada minuto a minuto, � da Funda��o Sistema Estadual de An�lise de Dados. Desse total, cerca de 4,5 milh�es s�o pessoas com mais de 60 anos. O Seade estima que at� 2020 o Estado ter� 7,1 milh�es idosos. Em todo o Brasil, atualmente eles somam 21 milh�es de brasileiros, de acordo com o IBGE. Os �ndices de natalidade caem em ritmo impressionante e o crescimento j� � negativo em algumas regi�es, ou seja, em torno de 1,6 filho por casal. Quem quiser acompanhar os n�meros da Seade basta acessar o site http://www.seade.gov.br/produtos/projpop/index.php.

A pergunta � inevit�vel: quem vai cuidar de n�s (desculpem os leitores que tiverem menos de 60 anos)? Com menos nascimentos, menos crian�as, menos jovens, menos casamentos est�veis, o cen�rio � preocupante. Poucas ser�o as fam�lias que ter�o estrutura para cuidar de seus �velhinhos�. E ser� muito dif�cil que em lares de apenas um filho, ou mesmo dois, haja condi��es de um deles estar ao lado do pai ou m�e o tempo todo. Justamente na hora de receber um �obrigado� e uma boa dose de �carinho� por tudo o que fizeram ao longo da vida, pais e m�es correm o risco de ficar sem o m�nimo de assist�ncia ou ent�o de serem enviados a um asilo (nos casos em que as condi��es econ�micas permitirem).

O conselho para os que hoje ainda est�o trabalhando � �bvio: fa�am uma poupan�a especial para garantir o pr�prio sustento e bem-estar na velhice, em condi��es de pagar um bom plano de sa�de, um bom asilo ou de contratar acompanhantes e enfermeiras no caso de perman�ncia na pr�pria casa. Fica cada vez mais dif�cil deixar essa tarefa para os filhos (ou filho �nico), �s voltas com seus pr�prios compromissos de trabalho e familiares.

Para esticar a pr�pria independ�ncia, � fundamental cuidar da sa�de desde a juventude. Felizes os casais que podem desfrutar de um per�odo de 10, 15 ou 20 anos de sobrevida ap�s a aposentadoria, sem depender de assist�ncia direta e m�dica em tempo integral. E o cuidado com a sa�de depende mais de boa vontade, de esfor�o pr�prio, do que de condi��es econ�micas. N�o � preciso ter dinheiro para deixar de beber, de fumar e para praticar exerc�cios f�sicos, incluindo as caminhadas matinais e do final da tarde.

O bem-estar na velhice � um desafio constante, que se constr�i ao longo da vida profissional, muito antes da aposentadoria. E n�o adianta ficar � espera de benesses do governo, como assist�ncia m�dica de qualidade e uma aposentadoria digna (privil�gios de uma parcela �nfima de nossos idosos).

As autoridades p�blicas, nas tr�s esferas de governo, pouco est�o fazendo para construir uma infra-estrutura capaz de absorver essa popula��o acima de 60 anos. Aqui e ali pipocam algumas iniciativas como o Futuridade, programa paulista que inclui campanhas educativas sobre envelhecimento, amplia��o de a��es e servi�os e forma��o de profissionais para lidar com os idosos. A Capital, pelo menos, conta com dois centros de Refer�ncia do Idoso, onde s�o feitos 12 mil atendimentos por m�s. Outras iniciativas pipocam em igrejas e entidades assistenciais, em especial com a organiza��o de grupos de volunt�rios para fazer visitas e companhia a idosos doentes e solit�rios.

No Congresso, tramitam projetos que visam a aumentar o valor das aposentadorias, seja para quem vai se aposentar como para quem luta para manter o poder de compra de seus benef�cios. A� se encaixam os projetos sobre o fim do malfadado �fator previdenci�rio� (mecanismo que achata mais a aposentadoria na medida em que aumenta a expectativa de vida) e sobre a obrigatoriedade de reajuste do sal�rio de aposentados e pensionistas pelo �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor, mais o percentual de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Para os que n�o pensaram em fazer seu �p�-de-meia� ou n�o tiveram condi��es para isso, a aposentadoria � a �nica fonte de renda. Que ela seja cada vez mais �justa� e capaz de proporcionar uma vida digna � terceira idade.


O autor, Milton Dallari, � conselheiro da Associa��o dos Aposentados da Funda��o Cesp e diretor administrativo e financeiro do Sebrae-SP





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