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22/10/09 03:00 - Tribuna do Leitor

Ocorr�ncia policial

A imprensa noticiou que uma menina de 7 anos de idade, aluna de uma escola estadual de Campinas (SP), ap�s brigar na sala de aula com uma colega, foi levada para a Delegacia de Pol�cia, por policiais militares, em carro da pol�cia. Segundo o notici�rio, ap�s passar pela Delegacia de Pol�cia, a aluna foi entregue � fam�lia, assustando os familiares ao receberem a filha de 7 anos, entregue por policiais militares, levada no carro da pol�cia.

Confesso-me perplexo com o fato ocorrido, tal situa��o me fez voltar ao passado, quando ingressei no magist�rio p�blico prim�rio do Estado, em 1956. Comporta registrar. Um colega e eu lecion�vamos em escola rural, em fazendas poucos quil�metros de dist�ncia uma da outra.

Num de nossos encontros, o colega contou-me que havia faltado v�rios dias, ficando a escola fechada. Por dificuldade de comunica��o, na �poca, n�o havia luz el�trica, muito menos telefone na fazenda, sem condi��es de avisar de sua aus�ncia.

No seu regresso � escola, foi informado que alguns pais de alunos, preocupados com os filhos sem aula, as crian�as perdendo as caminhadas at� a escola todos os dias, por encontr�-la fechada, foram � cidade prestar queixa na Delegacia de Pol�cia, pela aus�ncia do professor. O delegado de pol�cia disse aos pais: �N�o tenho nada com isso. Esse problema � com a Delegacia de Ensino, falem com o delegado de ensino�. Atitude correta do delegado de pol�cia.

Outrora quando a dire��o da escola informava aos pais procedimento irregular dos filhos, por indisciplina, brigas entre colegas, desrespeito para com os professores, problemas de aprendizagem, n�o realiza��o de tarefas passadas pelos professores. os pais compareciam na escola, pediam desculpas ao diretor e professores na frente dos filhos. Chegavam a dizer aos filhos que chegando em casa iam ficar de castigo. Muitas vezes at� palmadas os filhos levavam dos pais que se sentiam envergonhados perante o diretor e professores, pelo procedimento dos filhos.

Hoje, as escolas s�o desconsideradas, diretor e professores s�o desrespeitados pelos alunos e pelos pr�prios pais. Pais chegam a desacatar diretor e professores, defendendo os filhos, afirmando que v�o � Delegacia de Pol�cia registrar BO. Inacredit�vel! Problemas de comportamento indisciplinar ou pedag�gico na aprendizagem dos alunos, se resolvem na escola, com o diretor e professores, se se trata de um problema mais grave, na Divis�o Regional de Ensino, com os supervisores de ensino, nunca na Delegacia de Pol�cia.

Outrora, os professores do ensino secund�rio (curso ginasial e colegial), tinham liberdade de c�tedra, conforme a gravidade do problema, o corpo docente da escola se reunia em congrega��o dos professores, deliberavam sobre o assunto. O diretor n�o era a �nica autoridade a decidir, ouvia-se a congrega��o dos professores.

O livro �Educa��o n�o � privil�gio�, do eminente e saudoso pedagogo brasileiro An�sio Teixeira, patrono do INEP, �rg�o do Minist�rio da Educa��o, registra: �Dentro do esp�rito de escola como institui��o profissional, a escola, quando p�blica, faz-se uma institui��o p�blica especial, gozando de autonomia diversa de qualquer pura e simples reparti��o oficial, pois a dirigem e servem profissionais espec�ficos, que s�o mais profissionais do que funcion�rios p�blicos�.

Como se constata, o professor hoje n�o est� apenas desvalorizado pelo p�ssimo sal�rio que recebe, mas tamb�m privado da necess�ria autoridade que necessita e precisa possuir, como profissional do ensino e formador das novas gera��es para o exerc�cio consciente da cidadania.


Rodolpho Pereira Lima - professor aposentado, � membro da ABLetras




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