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04/10/09 03:00 - Ser

No amor, mulher � quem d� as cartas

Elas tamb�m escolhem os parceiros das rela��es sexuais

Rodrigo Ferrari
O fato de estarmos em uma sociedade machista �s vezes nos impede de perceber que � a mulher quem d� as cartas nas quest�es de amor e sexo. Via de regra, � ela quem escolhe o parceiro. Quem a investiu desse poder foi a natureza, por uma raz�o bastante simples: se as coisas derem errado no relacionamento, ela ter� muito mais a perder que o homem.

�Entre os mam�feros, as f�meas costumam produzir gametas maiores que os dos machos, e em quantidade bem menor. Elas tamb�m t�m um ciclo reprodutivo muito mais curto. Al�m disso, precisam destinar parte significativa de suas pr�prias energias para o desenvolvimento da prole, durante a gesta��o e a amamenta��o�, explica F�tima do Ros�rio Nashenveng Knoll, professora do curso de ci�ncias biol�gicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru.

Se um indiv�duo produzir menos de 13 milh�es de espermatoz�ides (c�lula reprodutiva masculina) por mil�metro c�bico de esperma ser� considerado est�ril, segundo crit�rios da Organiza��o Mundial de Sa�de (OMS). Um sujeito f�rtil costuma apresentar acima de 48 milh�es de gametas por mil�metro c�bico de s�men. Cada vez que o homem ejacula, novas c�lulas reprodutivas s�o produzidas pelos test�culos.

Nas mulheres, a quantidade de gametas � limitada. Um feto do sexo feminino com 24 semanas de idade possui entre 7 e 20 milh�es de �vulos em seus ov�rios. Na medida em que a crian�a se desenvolve, essas c�lulas v�o se atrofiando, at� restarem �somente� 2 milh�es de gametas, no momento do em que o indiv�duo nasce.

Quando a menina tem sua primeira menstrua��o, ela ter� cerca de 400 mil �vulos em seus ov�rios, do quais aproximadamente 400 ser�o liberados ao longo de sua vida reprodutiva. Enquanto um senhor de 80 anos idade � capaz de se tornar pai pelas vias naturais, a mulher s� tem condi��es de engravidar at� os 49 anos (e com grande dificuldade). �Ela tem de analisar muito bem, pois uma escolha errada poder� �custar caro� demais�, afirma Knoll.

De acordo com a professora, dois fatores principais costumam ser levados em conta pelas f�meas dos mam�feros na hora de escolher o parceiro. �Ou elas ir�o se basear na gen�tica (e isso ir� variar segundo a esp�cie) ou na capacidade de o macho prover recursos e colaborar nos cuidados com a prole�, afirma.

Quando a gen�tica � levada em conta, entram em jogo fatores que, na esp�cie humana, costumamos definir como beleza (a proporcionalidade entre as partes do corpo, for�a f�sica, altura, pelagem vistosa etc.). Na verdade, por�m, o que a f�mea ir� considerar � a capacidade que o macho tem produzir descendentes fortes e aptos a sobreviverem a doen�as e aos ataques dos predadores.

J� quando se pensa na capacidade de o parceiro colaborar nos cuidados com a prole, � poss�vel se pensar em um progenitor que se mostre disposto a enfrentar um predador feroz para defender seus filhotes ou em um macho que se esfor�a ao m�ximo para trazer alimentos aos seus sucessores.

Transposto para a realidade de nossa esp�cie, essa capacidade de prover recursos poderia talvez se materializar na forma de carros de luxo, roupas de grife ou cart�es de cr�dito com limites estratosf�ricos. Por�m, nem toda regra � infal�vel.

�Entre os seres humanos, h� grandes evid�ncias de que os padr�es biol�gicos vigorem, mas existem exce��es. Sempre haver� pessoas dispostas a viverem segundo a l�gica de �um amor, uma cabana��, pondera a professora.



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Atra��o sexual

Segundo o antrop�logo Cl�udio Bertolli Filho, professor do Departamento de Ci�ncias Humanas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Bauru, v�rias teorias tentam explicar os mecanismos que a influenciam a atra��o sexual entre as pessoas.

�Se tomarmos por base a filosofia do �essencialismo biol�gico�, por exemplo, poder�amos dizer que os indiv�duos buscam parceiros com genes totalmente diferentes dos seus, com o objetivo de criar um perfil gen�tico mais resistente a tudo que existe na natureza�, afirma.

De acordo com Bertolli, � poss�vel procurar nos padr�es historicamente definidos as raz�es para a atra��o sexual. �Beleza � um conceito que varia, ao longo dos s�culos. Na Gr�cia antiga, era sin�nimo de formas perfeitas, dentro daquela id�ia de propor��es racionalmente definidas. Em Roma, o belo equivalia � robustez, no sentido militar da coisa. No mundo medieval, os padr�es giravam em torno da id�ia de castidade, pureza e associa��o com o divino. J� no capitalismo, em que as rela��es humanas s�o mediadas por mercadorias, os modelos est�o ligados �s no��es de poder e riqueza�, explica.

Bertolli, por�m, acredita que as rela��es humanas tamb�m podem ser encaradas a partir de uma outra dimens�o. �A atra��o sexual � poss�vel de ser racionalizada?�, questiona. �Por que uma pessoa escolhe �A� ou �B� entre tantos milh�es de indiv�duos dispon�veis mundo afora? Categorias como corpo atl�tico, riqueza e poder constituem-se como regra ou exce��o em uma sociedade? As regras existem, sim, mas raramente s�o praticadas�, argumenta.

Na opini�o dele, o amor pode ser descrito como um processo aleat�rio que as pessoas sempre tentam racionalizar, mas s� s�o capazes de sentir. �Voc� j� se perguntou por que os casais apaixonados passam tanto tempo acariciando as m�os uns dos outros e repetindo �Eu te amo�? Isso ocorre porque o amor � uma sensa��o que n�o somos capazes de explicar. � como querer descrever racionalmente uma dor intensa, o gozo sexual ou a f�. N�o h� palavras, pois o que impera � a aus�ncia de raz�o�, conclui.


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Casamento

A psic�loga bauruense Maria L�cia Bien acredita que o desejo de constituir fam�lia estaria por tr�s da atra��o que as mulheres solteiras sentem pelos rapazes comprometidos. �O homem casado � aquele que a mulher vislumbra porque ela pretende se casar. Um indiv�duo nessas condi��es j� deu provas de que est� disposto a assumir um relacionamento s�rio, sem contar que, na maioria das vezes, j� possui certa estabilidade financeira�, explica.

Segundo ela, as mulheres ainda carregam consigo a id�ia do homem protetor, disposto a lhe oferecer uma vida tranq�ila. �Ela dificilmente ir� se interessar por um sujeito que ficar� o tempo todo na depend�ncia dela�, afirma Bien.

Essa seria a principal raz�o, de acordo com ela, para o fato de os solteiros n�o despertarem tanto interesse no p�blico feminino. �Hoje em dia, se analisarmos bem, veremos que boa parte dos homens na faixa dos 30 anos de idade ainda n�o conseguiu se estabelecer financeiramente. Muitos, na verdade, ainda moram com os pais. Al�m disso, por estarem sempre dispon�veis �s mulheres, passam a impress�o de que n�o est�o dispostos a assumir relacionamentos s�rios�, diz Bien.




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