Bauru e grande região - Sexta-feira, 04 de outubro de 2024
máx. 31° / min. 12°
02/10/09 03:00 - Internacional

Honduras: aumentam gest�es por acordo

Em sinal de que se sente pressionado, Micheletti disse que, se houver um consenso no pa�s, ele deve deixar cargo

Folhapress
Tegucigalpa - Com o aumento da press�o sobre o presidente golpista, Roberto Micheletti, para que negocie uma sa�da para a crise pol�tica e flexibilize as medidas linha-dura dos �ltimos dias, Honduras vive uma avalanche de propostas e reuni�es e negocia��es para resolver o impasse causado pela deposi��o do presidente Manuel Zelaya e acentuado por seu retorno a Tegucigalpa na semana passada.

Ontem, foi a vez de uma comitiva de deputados brasileiros se somar � lista de mediadores, que inclui a Igreja Cat�lica, empres�rios e, principalmente, a OEA (Organiza��o dos Estados Americanos).

Durante visita a Tegucigalpa ontem, os seis deputados brasileiros obtiveram do presidente do Congresso hondurenho, Jos� Alfredo Saavedra, a promessa de intermediar com Micheletti a suspens�o do ultimato de dez dias dado no domingo para que o Brasil defina o �status�� de Zelaya, abrigado h� 12 dias na embaixada do pa�s. O regime quer que o Brasil d� asilo a Zelaya ou o entregue � Justi�a para que ele responda �s acusa��es que pesam sobre ele por insistir em promover uma consulta popular sobre a realiza��o de uma Assembl�ia Constituinte mesmo ap�s ela ter sido considerada ilegal pela Justi�a e pelo Congresso hondurenhos.

O prazo para a defini��o termina na ter�a-feira, quando a representa��o brasileira seria considerada um �escrit�rio diplom�tico� por Micheletti.

�N�s sa�mos agora da Assembl�ia Nacional, o presidente (Saavedra) nos garantiu que eles discutir�o na segunda-feira a amplia��o do prazo que foi dado em rela��o ao car�ter da estadia de Zelaya�, disse a deputada petista Janete Piet� (SP), ao entrar na embaixada brasileira, onde os seis parlamentares se reuniram a portas fechadas com Zelaya.

Mas a grande aposta do presidente deposto � com rela��o � vinda da comitiva de alto n�vel da OEA, na pr�xima quarta-feira, quando o secret�rio-geral da entidade, Jos� Miguel Insulza, vir� acompanhado de chanceleres da regi�o.

Na embaixada, Zelaya e assessores sa�ram bastante otimistas da reuni�o de ontem � noite com o enviado de Insulza, o tamb�m chileno John Biehl. Existe at� a esperan�a de que o impasse seja resolvido na semana que vem.

Parte da press�o para que a crise seja solucionada vem dos empres�rios, cuja maioria apoiou abertamente o golpe. Nos �ltimos dias, um grupo significativo passou a pressionar Micheletti por uma solu��o.

V�rios empres�rios t�m demonstrado preocupa��o com recentes revoga��es de visto pela Embaixada dos EUA em Tegucigalpa. Com isso, n�o podem viajar ao principal parceiro comercial de Honduras e destino de boa parte dos investimentos da elite do pa�s.

J� a Igreja Cat�lica tem defendido o estabelecimento de uma mesa de di�logo para que se chegue a um novo acordo ap�s o fracasso do plano defendido pelo mediador da crise, o costa-riquenho �scar Arias.

�H� um pouquinho menos de emo��o e um pouquinho mais de racionalidade�, afirmou Biehl hoje, ao jornal chileno �El Merc�rio�.

Micheletti tamb�m foi acuado no Congresso, onde o Partido Nacional, a segunda maior bancada, retirou o apoio ao decreto de estado de s�tio, for�ando Micheletti a dizer que a medida, que embasou o fechamento de dois meios de comunica��o pr�-Zelaya, ser� revogada.

Em sinal de que se sente pressionado, Micheletti disse ontem que, se houver um consenso no pa�s de que ele deve deixar o cargo, ele o far�. Zelaya tamb�m flexibilizou seu discurso e disse ao jornal uruguaio �El Observador�� que aceita responder � Justi�a se for reempossado, embora tenha frisado que � inocente e que jamais buscou a reelei��o, proibida pela Constitui��o hondurenha.

Durante os encontros, os brasileiros pediram que Honduras respeite a embaixada do Brasil, um tema que preocupa o governo brasileiro e a comunidade internacional, apesar das reiteradas declara��es do governo interino de que n�o violar� de forma alguma a sede diplom�tica.

�Esta � uma miss�o do Congresso que traz ao povo de Honduras uma mensagem do povo brasileiro de que estamos felizes com o avan�o no processo de negocia��o. A sa�da deve ser pac�fica�, disse � imprensa Raul Jugmman, do Partido Socialista Brasileiro (PSB).

Jugmann destacou que foi informado de que Zelaya e o presidente interino, Roberto Micheletti, �est�o conversando atrav�s de interlocutores�� em torno do Acordo de San Jos�, a proposta do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, para solucionar a crise e que inclui a restitui��o de Zelaya sob um governo de coaliz�o.

Ele afirmou ainda que a miss�o dos parlamentares � de �paz� e que espera poder contribuir para que, ao final, haja uma sa�da pac�fica � crise. �Nossa preocupa��o, em princ�pio, � com a embaixada e as rela��es da comunidade brasileira em Honduras��, disse Jugmann, acrescentando que �a preocupa��o mais geral � que Honduras possa superar a crise pacificamente, rapidamente��.

Os congressistas visitar�o ainda ontem a embaixada do Brasil, para verificar a situa��o no local e conversar com o pessoal diplom�tico, revelou Jugmman. A delega��o brasileira se reunir� ainda com o Congresso, partidos pol�ticos e a Igreja Cat�lica.

A miss�o inclui ainda Mauricio Rands, Bruno Ara�jo, Cl�udio Cajado, Ivan Valente e Janete Piet�.

O deputado Valente, do PSOL, destacou que o Congresso brasileiro espera que haja uma �solu��o pol�tica� antes do fim do prazo de dez dias dado pelo governo interino para que o Brasil defina o status de Zelaya na embaixada.


____________________


ONU aprova texto contra abuso golpista

Genebra - O Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou ontem por unanimidade em Genebra uma resolu��o que �condena fortemente as viola��es ocorridas em Honduras desde o golpe de Estado� e pede o fim imediato dos abusos.

O texto foi proposto pelo Brasil com o apoio do Grupo de Pa�ses Latino-Americanos e do Caribe - inclusive Honduras, cujo governo deposto foi representado pela chanceler Patricia Rodas por meio do embaixador da Nicar�gua. O representante do governo golpista foi retirado do conselho h� tr�s semanas e deve ter a credencial cancelada.

A aprova��o � um trunfo da diplomacia brasileira, que costurou o consenso inclusive com os EUA. No in�cio da semana, ap�s aparentes atritos com a diplomacia brasileira sobre o tema na sede da ONU em Nova York, representantes do Departamento de Estado americano em Genebra haviam se distanciado da resolu��o, dizendo que esperariam a vers�o final para endossar. Para a embaixadora brasileira na ONU, Maria Nazareth Azevedo, a aprova��o traz um avan�o para que o conselho, normalmente reativo, assuma um papel mais ativo, fazendo �chamados pol�ticos�

O conselho, que tem 47 membros e base em Genebra, tamb�m pediu a restitui��o do presidente Zelaya. O pedido ecoa o tom do documento apresentado pelos pa�ses americanos que faz um chamado a todos os atores e institui��es para que freiem a viol�ncia e respeitem os direitos humanos e as liberdades fundamentais, assim como pela restaura��o da democracia em Honduras.




publicidade
As Mais Compartilhadas no Face
(SF) © Copyright 2024 Jornal da Cidade - Todos os direitos reservados - Atendimento (14) 3104-3104 - Bauru/SP