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20/09/09 03:00 - Tribuna do Leitor

Zarcillo Barbosa, alma acorrentada em Bauru

�s vezes, Deus nos proporciona encontros inesperados para que compartilhemos nossas vidas com pessoas que se tornam especiais, como foi o caso do experiente jornalista Zarcillo Barbosa. Quis a provid�ncia que o novo Cidad�o Bauruense, vindo da vizinha Mar�lia, aqui aportasse, um dia, para se tornar um dos mais brilhantes jornalistas de Bauru e regi�o. Com Zarcillo, sempre alimentei uma amizade de muito respeito e admira��o. Conheci-o na d�cada de 60, numa sala de aula no Senac, como aluno de um curso preparat�rio para exames vestibulares da ITE, onde trabalhei como diretor e professor de portugu�s. Tal encontro � confirmado num artigo no JC, intitulado �A chuva�, quando afirma ter logrado �xito no fato de aprender an�lise sint�tica com este humilde repetidor de aldeia. Os louros da vit�ria se devem � intelig�ncia do aluno. Numa outra oportunidade, encontrei-o na reda��o do Di�rio de Bauru, na Rodrigues Alves. Nessa ocasi�o, confessei-lhe a minha inten��o de escrever uma coluna onde comentaria d�vidas, impropriedades, curiosidades ling��sticas e at� liter�rias do nosso vern�culo, coletadas nos meus longos anos de magist�rio. De pronto, Zarcillo nos apoiou e num estalo batizou a coluna de �A �ltima Flor do L�cio�. Esse t�tulo, o arguto e inteligente amigo garimpou no conhecido soneto �L�ngua Portuguesa�, de Olavo Bilac, em que o poeta compara a l�ngua portuguesa com a flor, o ouro, com a tuba e a lira cujas palavras transferem � l�ngua, metaforicamente, as qualidades de beleza (flor), riqueza (ouro), eloq��ncia (tuba) e suavidade (lira).

Zarcillo, embora tardiamente, devia-lhe este preito de gratid�o, a qual lhe presto nesta ocasi�o. H� tempo, ap�s o fechamento do Di�rio de Bauru, esper�vamos uma oportunidade para resgatar a verdadeira raz�o do nome da coluna, transferida posteriormente para o Jornal da Cidade. Outros encontros tivemos sem muita relev�ncia. Nossos contatos foram espor�dicos, sem enfraquecimento da nossa amizade. Mas sua presen�a tornou-se mais forte e constante, quando, aos domingos, na p�gina 2 do JC, na coluna �Opini�o�, voc� adentra o meu lar e de muitos leitores de Bauru e da regi�o expondo o seu dom de avaliar as coisas clara, distinta, adequada e sensatamente. Em seus textos cumpre ter crit�rio, bom senso, sabedoria. Uma aprecia��o correta das pessoas e acontecimentos, fruto de uma an�lise cautelosa, indica intelig�ncia, ou seja, escreve o que est� ao derredor de cada um, sagacidade para separar o joio do trigo, perspic�cia para n�o confundir gato com lebre.

Amigo Zarcillo, voc�, quando escreve, tem o seu estilo; mas apenas alguns t�m o dom do estilo desej�vel. O homem que escreve, luta com as palavras, de manh� � tarde, como dizia Carlos Drummond de Andrade. Voc� � �ntimo delas, adquiriu um inteligente e competente dom�nio sobre elas. Faz as palavras se darem bem com as id�ias. Voc� as leva exprimirem as id�ias da melhor maneira, da maneira mais bonita e clara poss�vel. Como � bom ler, quando o escritor sabe escrever. Numa cidade como Bauru e regi�o de jornalistas absolutamente brilhantes, voc�, Zarcillo, � titular do primeiro time. � craque da palavra, mesmo quando carregada de ironia, de cr�tica pol�tica, de s�rias an�lises das reformas sociais necess�rias para garantir � popula��o carente condi��es dignas de vida. Caro amigo Zarcillo Barbosa, pelos seus 45 anos de Bauru, pelo muito que fez, por tudo que escreveu, pelo reconhecimento dos alunos ao professor da Unesp, pelo amor da esposa e filhas aqui nascidas e pelos amigos conquistados, sua alma, hoje, acorrentada em Bauru, lhe d� o direito de ser o mais novo Cidad�o Bauruense. Parab�ns!


Prof. Gino Cr�s




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