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06/09/09 03:00 - Nacional

Prov�vel candidatura de Marina Silva j� provoca corrida por agenda verde

S�o Paulo - N�o � apenas o PV que identifica na prov�vel candidatura da senadora Marina Silva (AC) a chance de colocar o meio ambiente no primeiro plano da campanha presidencial de 2010. No PT e no PSDB, vozes isoladas que empunham a bandeira da ecologia apostam na possibilidade de sair da sombra e influenciar a agenda de seus candidatos, diferentemente do que ocorreu na elei��o passada.

�Marina vai puxar o debate sobre a quest�o ambiental, que sempre foi coadjuvante e superficial nas campanhas�, disse Ricardo Tr�poli (PSDB-SP), um dos coordenadores da Frente Parlamentar Ambientalista na C�mara dos Deputados. �Ela vai potencializar o debate e criar pol�mica, o que � bom para todos n�s�, previu o deputado Pedro Wilson (PT-GO), outro coordenador do grupo. �Os candidatos n�o poder�o tratar esse tema de forma secund�ria ou marginal�, avaliou o petista Carlos Minc, sucessor da senadora acreana no Minist�rio do Meio Ambiente.

Para Eduardo Jorge (PV), secret�rio do Verde e do Meio Ambiente na Prefeitura de S�o Paulo, o rompimento de Marina com o PT n�o alterou apenas o cen�rio de 2010. �O ambiente s� ganhou parte dos recursos do pr�-sal quando a discuss�o estava nos 47 minutos do segundo tempo�, observou, em refer�ncia ao fundo que o governo pretende alimentar com receitas da explora��o do petr�leo.

Organiza��es n�o governamentais t�m avalia��o semelhante. �Nenhum dos pr�-candidatos tinha o meio ambiente no seu roteiro�, disse S�rgio Leit�o, diretor de campanhas do Greenpeace no Brasil. �A entrada da Marina no cen�rio provocou a emerg�ncia do tema. Se os presidenci�veis n�o adequarem seus planos de governo, n�o estar�o � altura dos desafios do s�culo 21.�

Mas h� quem veja no processo riscos de banaliza��o do discurso ambiental. �Haver� candidato que, al�m de beijar crian�a, vai abra�ar �rvore�, ironizou Roberto Smeraldi, diretor da ONG Amigos da Terra. �Mas a falta de dever de casa cumprido vai gerar aquilo que j� acontece com algumas empresas: maquiagem verde.�

Veterano militante da causa ecol�gica, o deputado Fernando Gabeira (RJ), correligion�rio de Marina e tamb�m simpatizante da candidatura do tucano Jos� Serra � Presid�ncia, prev� que o chamado desenvolvimento sustent�vel estar� presente nas campanhas de todos os candidatos. Ele admite que o termo � vago e perme�vel a discursos amb�guos. �Ser� preciso observar o conjunto do programa e a pr�tica de cada um.�

Smeraldi destacou uma mudan�a recente no discurso de Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil e pr�-candidata do PT, a respeito do tema saneamento. Na �ltima quarta-feira, ao anunciar obras em sete Estados, ela ressaltou a import�ncia ambiental do Pantanal, da Ba�a de Todos os Santos, da Ba�a de Guanabara e dos rios do Pa�s. �Respeitar os mananciais � respeitar o meio ambiente�, disse.

Dilma n�o demonstrava tanta sensibilidade com a quest�o quando Marina Silva estava no governo. A queda da ent�o ministra do Meio Ambiente foi, em parte, atribu�da a desentendimentos com a colega da Casa Civil sobre requisitos para licenciar obras do Programa de Acelera��o do Crescimento (PAC).

No confronto, Marina n�o teve o respaldo do presidente Luiz In�cio Lula da Silva, que nunca escondeu suas prefer�ncias no debate entre desenvolvimento e preserva��o. Em 2007, Lula acusou o Ibama de usar a preserva��o dos bagres do rio Madeira como pretexto para n�o licenciar a obra da usina hidrel�trica de Jirau. Em junho passado, ele citou o epis�dio ao discursar no Paran�. �Quando resolvemos o problema da areia, me chega outro e diz que tinha muito bagre e que os bagrinhos n�o iam conseguir nadar, para represar l� nos Andes, aquele neg�cio todo. Eu me comprometi, quando deixar a Presid�ncia, a comprar uma canoa, pegar os bagrinhos, colocar na canoa, levar do outro lado e traz�-los de volta.�

Nem quando discursa em defesa do meio ambiente Lula deixa de lado o tom ir�nico em rela��o aos militantes da causa. Na semana passada, ao citar a import�ncia do combate ao aquecimento global, declarou que �a quest�o clim�tica n�o � mais uma discuss�o de malucos e jovens�.


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Votos

S�o Paulo - Militantes e especialistas ouvidos pela reportagem ressalvaram que o fator Marina n�o ser� o �nico a nortear as campanhas. Para eles, o discurso ambiental ter� presen�a proporcional � percep��o dos candidatos de que o tema encontra resson�ncia entre o eleitorado - em outras palavras, que rende votos.

N�o h� pesquisas sobre o apelo eleitoral do discurso pela sustentabilidade, segundo M�rcia Cavallari, diretora executiva do Ibope. Mas outros levantamentos mostram que a agenda verde est� deixando os nichos e chegando a diversos segmentos da popula��o. �Percebemos, por exemplo, uma maior disposi��o de comprar produtos cuja fabrica��o respeita o meio ambiente.�

A preserva��o ambiental n�o costuma aparecer nos rankings de preocupa��o do eleitorado. Segundo a especialista, a popula��o d� prioridade a assuntos ligados � sua sobreviv�ncia imediata. �Mas isso n�o quer dizer que o tema n�o seja considerado importante. S� o discurso ambiental n�o � suficiente, mas o ambiente tende a estar no discurso de todos.�




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