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20/08/09 03:00 - Nacional

Apoio a Sarney no Conselho racha PT

Partido obedece a Lula e enterra processos; muitos senadores votaram fora do microfone, visivelmente constrangidos

Folhapress
Bras�lia - Ap�s interven��o direta do Pal�cio do Planalto na bancada do PT, os senadores petistas deram ontem os votos necess�rios para arquivar todos os processos contra o presidente da Casa, Jos� Sarney (PMDB-AP), no Conselho de �tica.

Com apoio dos tr�s petistas - Ideli Salvatti (SC), Delc�dio Amaral (MS) e Jo�o Pedro (AM) -, os 11 processos contra Sarney foram mantidos arquivados pelo placar de nove a seis em duas vota��es. Ele era acusado de usar o cargo para cometer irregularidades como a nomea��o e exonera��o de parentes por atos secretos.

Muitos senadores votaram fora do microfone, visivelmente constrangidos. �Por todos os acontecimentos, isso foi desconfort�vel�, admitiu o senador Delc�dio Amaral (PT-MS).

Em seguida, n�o s� com o apoio do PT, mas tamb�m do PMDB, foi arquivado, em definitivo e por unanimidade, o processo contra o l�der do PSDB, Arthur Virg�lio (AM).

O PMDB foi o autor da representa��o contra o tucano e, mesmo assim, deu seus tr�s votos para arquiv�-la. Eram oito den�ncias, entre elas, a de que ele manteve funcion�rio fantasma no seu gabinete.

O enquadramento petista foi decidido na manh� de ontem, antes da sess�o do conselho, durante reuni�o na sede provis�ria do governo Lula com o chefe de gabinete do presidente, Gilberto Carvalho.

A posi��o dos petistas no Conselho de �tica transformou o PT em alvo das cr�ticas e exp�s publicamente o racha do partido no Senado por conta da interfer�ncia presidencial. �Hoje � o dia em que o PT abra�ou Sarney e Collor, e a Marina (Silva, militante hist�rica do partido) saiu�, resumiu o Pedro Simon (PMDB-RS). �O PT arrebentou hoje sua hist�ria�, disse o Dem�stenes Torres (DEM-GO). �A bancada petista sofreu uma interven��o branca do Planalto�, acrescentou o l�der do DEM, Agripino Maia (RN). O tucano S�rgio Guerra (PE) afirmou que o �discurso petista se divorciou definitivamente da pr�tica�.

As cr�ticas n�o ficaram restritas � oposi��o. Vieram at� do pr�prio PT. O senador Fl�vio Arns (PT-PR) disse que �o PT jogou a �tica no lixo� e anunciou que ir� ingressar na Justi�a para pedir sua sa�da do partido. �O partido deu as costas � sociedade, �s suas bandeiras. Posso dizer que tenho vergonha de estar no PT.�

L�der do governo no Congresso, Ideli Salvatti ouviu a tudo calada diante da determina��o do presidente Lula de salvar Sarney, transmitida mais cedo por Gilberto Carvalho.

Na reuni�o, o chefe de gabinete presidencial voltou a recorrer ao argumento de que, se o PT n�o votasse com Sarney, haveria o risco de um rompimento com o PMDB, criando dificuldades para a governabilidade e atrapalhando a alian�a para eleger a ministra Dilma Rousseff sucessora de Lula.

Estavam presentes o presidente do PT, Ricardo Berzoini, Mercadante e os tr�s representantes do partido no conselho. Ao final da reuni�o, ficou combinado que a senha para o voto dos petistas seria uma nota de Berzoini dizendo que o Conselho de �tica n�o tinha isen��o para julgar Sarney e Virg�lio.

�A forma como as den�ncias concentram-se no presidente do Senado, Jos� Sarney, n�o deixa d�vidas de que, mais que apurar e reformar, a pretens�o � incidir nas rela��es entre partidos, que ap�iam o governo ou que podem constituir alian�as para as elei��es nacionais e estaduais do pr�ximo ano�, diz a nota de Berzoini.

Inicialmente, o documento seria lido por Mercadante. S� que ele desistiu na �ltima hora, transferindo a miss�o para o senador suplente Jo�o Pedro. A decis�o do l�der provocou cr�ticas dos petistas no Conselho de �tica. �Ficamos totalmente desamparados pelo nosso l�der. Nada do que foi combinado foi cumprido. Fomos para o sacrif�cio�, disse Delc�dio Amaral.

A irrita��o com a postura de Mercadante aumentou quando ele criticou abertamente na sess�o do conselho o apoio de seus colegas a favor da vota��o em bloco, acertada anteriormente, e condenou a incoer�ncia de seus votos.

Principal interessado, Sarney acompanhou a sess�o de seu gabinete. Comentou com assessores que a nota de Berzoini refletia o seu pensamento sobre a crise. Ap�s a sess�o, Sarney se reuniu com aliados. Do l�der do PMDB, Renan Calheiros, ouviu que ele espera que a oposi��o entenda a vota��o un�nime a favor de Arthur Virg�lio como uma tr�gua. Caso contr�rio, a tropa de choque governista retomaria a guerra.


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Apoio do PT amea�a lideran�a de Mercadante

Bras�lia - O apoio do PT ao arquivamento de 11 den�ncias e representa��es contra o senador Jos� Sarney (PMDB-AP) no Conselho de �tica no Senado abriu um racha na bancada do partido na Casa. Petistas acusam o l�der da legenda, senador Aloizio Mercadante (SP), de ter descumprido o acordo combinado com a c�pula do PT para a defesa p�blica de Sarney durante reuni�o do conselho. Nos bastidores, senadores do partido defendem o seu afastamento da lideran�a.

Senadores do PT afirmaram que Mercadante fez um �jogo de cena� para a opini�o p�blica: defendeu o afastamento de Sarney publicamente, mas, nos bastidores, se comprometeu em apoiar o arquivamento das acusa��es contra o peemedebista.

Um senador petista disse que Mercadante recusou-se, por exemplo, a substituir os tr�s integrantes do PT no Conselho de �tica por outros parlamentares da base aliada para evitar o seu desgaste p�blico - j� que os novos senadores votariam pr�-Sarney.

O senador Delc�dio Amaral (PT-MS), um dos petistas que votou em favor de Sarney, disse que Mercadante tornou a bancada �desamparada� ao recusar-se publicamente a defender o afastamento do peemedebista.

Delc�dio criticou Mercadante ao afirmar que o l�der havia se comprometido em ler, no plen�rio do conselho, carta do presidente da legenda, Ricardo Berzoini (SP), em defesa do arquivamento das den�ncias contra Sarney. Ao inv�s de ler a carta, Mercadante falou no plen�rio do conselho que sua posi��o era favor�vel ao afastamento tempor�rio de Sarney.

Dentro do plen�rio do conselho, Mercadante disse que a bancada do PT �sustentou posi��o de sugerir ao Sarney que se licenciasse da presid�ncia para permitir que as coisas fossem apuradas para menor exposi��o da institui��o e maior direito de defesa dele mesmo�. O petista disse, ainda, que � favor�vel � abertura de pelo menos um processo contra Sarney. Os petistas ficaram irritados com a manifesta��o do l�der dentro do plen�rio do conselho.

Delc�dio disse, por�m, que o partido n�o sair� arranhado ap�s a decis�o de apoiar o arquivamento de todos os processos contra Sarney.

O senador Aloizio Mercadante (SP) disse ontem que ficar� na lideran�a do PT a pedido da maioria dos senadores da bancada. �Minha vontade era sair da lideran�a, mas n�o vou agravar a crise na bancada�, disse o senador, ap�s reuni�o do partido que contou com sete dos 12 senadores da bancada.

Anteontem, por�m, Mercadante afirmou que colocaria o cargo de l�der do PT � disposi��o do partido caso fosse obrigado a nomear os senadores Romero Juc� (PMDB-RR) e Roberto Cavalcanti (PTB-PB) para assumirem as vagas da base aliada no Conselho de �tica. Mas, segundo o l�der, ningu�m se manifestou a respeito. A indica��o de Romero Juc� e Roberto Cavalcanti para o Conselho estava sendo articulada pela base aliada ao governo para evitar que os senadores Delc�dio Amaral (PT-MS) e Ideli Salvatti (PT-SC), suplentes no Conselho, tivessem que se manifestar quanto �s a��es que foram movidas contra Sarney.

A oposi��o fez duras cr�ticas � decis�o do PT de enterrar as investiga��es sobre Sarney. O PT era considerado o �fiel da balan�a� no Conselho de �tica por ter defendido publicamente o afastamento tempor�rio de Sarney no cargo. Se os tr�s petistas votassem com a oposi��o, haveria apoio suficiente para a instaura��o de ao menos um processo contra Sarney.




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