Agosto, m�s da fam�lia

Agosto � o m�s da fam�lia, a grande formadora dos valores humanos e crist�os da humanidade. Costumo lembrar as palavras de Jo�o Paulo II na enc�clica Familiaris Consortio (1981): �O futuro da humanidade passa pela fam�lia�. Mas lembro tamb�m que Bento XVI, em sua visita a Lourdes, disse: �A fam�lia encontra-se no meio de uma tempestade�.�A sociedade passa por uma forte crise moral. Bento XVI, desde sua posse como papa, lamentava o dom�nio do relativismo no mundo contempor�neo: n�o h� uma �tica, mas �ticas vari�veis conforme as circunst�ncias.

Da� a import�ncia da fam�lia, salvaguarda do cristianismo, que � o humanismo de que n�s precisamos para sobreviver. A sociedade, como um todo, � uma grande fam�lia � � a fam�lia multiplicada, que se expandiu em todos os sentidos. A fam�lia � c�lula mater da sociedade, como t�o bem j� foi definida. N�o dizem que por tr�s de todo grande homem h� uma mulher? Esquecem-se de que por tr�s de todo homem e de toda mulher, sustentando-os, moldando-os moralmente, est� a fam�lia.

No entanto, quem n�o ouviu falar que esse elemento primordial da sociedade est� em extin��o? S�o raras as fam�lias hoje bem constitu�das � com pai, m�e e filhos amando-se e respeitando-se, convivendo como o reflexo da Fam�lia Divina, do Pai, Filho e Esp�rito Santo. Quantas s�o as fam�lias bem estruturadas hoje? Se a sua �, erga os bra�os ao c�u. D� gra�as a Deus. Bendiga o Senhor dia e noite, porque lhe deu essa gra�a inestim�vel.

Parece piada hoje falar-se na santidade da fam�lia � essa institui��o falida, aos olhos de todos, que v�em nela brigas, desentendimentos, marido para um lado, mulher para o outro, e filhos jogados �s tra�as. Os filhos que se virem � n�o � assim mesmo? N�o � assim em todas as casas? Sabemos que h� exce��es, mas a praga que desestrutura a fam�lia est� t�o disseminada, que ningu�m mais acredita.

�Que mundo deixaremos para os nossos filhos?�, costuma-se perguntar, mas dever�amos estar mais preocupados com o inverso da quest�o: �Que filhos deixaremos para o mundo futuro?� Estamos formando uma consci�ncia moral nos nossos filhos? Estamos realmente dando-lhes a capacidade de distinguir o bem do mal? Quando o papa fala em relativismo � a isso que se refere: n�s n�o sabemos mais o que � certo ou errado, tudo � relativo � conforme a ocasi�o, age-se desta ou daquela forma. �A ocasi�o faz o ladr�o�, diz o prov�rbio popular, que passa a ser inteiramente verdadeiro com o comportamento do homem de hoje: conforme a ocasi�o, uma a��o � certa ou n�o.

O bem � o bem, todos sabemos � n�o pode ser um bem relativo. Mas a sociedade de hoje pensa que o assassinato � permitido � conforme a ocasi�o. Pode-se entender isso? O respeito � vida humana � indiscut�vel � n�o � diferente porque o outro � pobre, ou velho, ou �ndio, ou doente, ou rec�m-nascido, ou mesmo rec�m-concebido. A vida humana � o maior dom que Deus nos deu, e fim de conversa.

Pensamos no mundo que deixaremos para os nossos filhos, com toda raz�o, mas n�o podemos nos esquecer de deixarmos bons filhos para o mundo. De que valer� o mundo se os homens n�o tiverem no��o do bem e do mal? Somente a fam�lia pode dar essa no��o - com o exemplo. Vivendo como uma fam�lia crist� - o que quer dizer vivendo humanamente e moralmente bem.

Os defeitos dos filhos nascem dos defeitos dos pais - e as virtudes dos filhos nascem das virtudes dos pais. O caminho a tomar ser� sempre o caminho da gra�a de Deus. O amor que falta ao homem de hoje s� pode ser encontrado em Deus, que � amor. O que � o amor sen�o doa��o? N�s nos damos Deus um ao outro? E se n�s n�o o fazemos um ao outro, podemos fazer isto aos nossos filhos? E como eles saber�o amar o pr�ximo se n�o aprenderam com os pais? Se n�o viram os pais se amando como Deus nos amou?

Agosto n�o � o m�s do cachorro louco, mas o m�s em que a fam�lia deve viver a loucura do amor entre seus membros e do amor a Deus. Amar hoje � uma loucura � ent�o amemo-nos loucamente uns aos outros e a Deus, que loucamente nos amou e ama. Am�m.


Jos� Carlos Mendes Brand�o