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20/06/09 03:00 - Opini�o

Combate mundial � poliomielite

Pedro Grava Zanotelli
Pl�nio Vicente da Silva, jornalista que foi chefe de reportagem do jornal O Estado de S�o Paulo, na Amaz�nia, em depoimento � revista Brasil Rot�rio, conta que, em 1945, enquanto o mundo convivia com as agruras da Segunda Grande Guerra, e os horrores das batalhas n�o chegavam � tranquilidade do s�tio onde morava, em Mombuca, no vale do rio Mogi Gua�u, a calma de sua fam�lia foi sacudida quando a paralisia infantil o atacou. Esse era o nome da poliomielite, uma doen�a que, se n�o matasse, deixava grandes seq�elas. Diz: �Acordei chorando, numa manh� de dezembro, pouco antes do Natal. Com febre alta e dores da urina presa, j� sem poder ficar em p�, fui levado ao m�dico, 16 km de estrada de terra mais adiante, percorrido a p� por minha m�e. Diagn�stico: paralisia infantil. Numa casa sem forro, de ch�o de terra batida, numa col�nia de lavradores, a febre se foi e ficou a constata��o: eu n�o mais voltaria a andar. Pelo menos n�o como uma crian�a normal.�

Naquela �poca, os estudos sobre essa doen�a ainda eram incipientes. Jonas Salk foi o primeiro a desenvolver uma vacina, que se tornou impratic�vel, mas o esfor�o continuou e resultou no sucesso alcan�ado por Albert Sabin com a vacina que hoje vem debelando esse mal. Enquanto isso, muitas vidas foram ceifadas e muitas pessoas ficaram parcial ou totalmente incapacitadas, principalmente entre a popula��o mais humilde. Imagine a extens�o desse drama entre os povos dos pa�ses africanos e do sudeste asi�tico, que vivem em extrema mis�ria.

O Rotary, atrav�s da Funda��o Rot�ria, que � o seu bra�o de benemer�ncia, h� 30 anos vem lutando contra a poliomielite. Come�ou nas Filipinas, onde aplicou US$ 770 mil na imuniza��o de crian�as contra a paralisia infantil. As 1.500 v�timas anuais, antes das vacina��es, foram reduzidas para 43, em 1983. A partir dessa experi�ncia o Rotary se uniu � Organiza��o Mundial da Sa�de (OMS) e ao Unicef, para um ambicioso projeto de erradica��o mundial da poliomielite. Entre 1979 e 1982, somente a Funda��o Rot�ria destinou US$ 2 milh�es para seis pa�ses. Em 1985, o projeto rot�rio passou a ser chamado de �P�lio Plus�, tornando mais intensa a mobiliza��o dos rotarianos com essa finalidade. Ao Brasil foram destinados US$ 6 milh�es, para aquisi��o da vacina por cinco anos. A partir de 1994, nosso Pa�s foi considerado livre da poliomielite.

A mobiliza��o conjunta Rotary, OMS e Unicef arrecadou US$ 1,87 bilh�o, entre 1985 e 2001, sendo que s� o Rotary contribuiu com US$ 550 milh�es. Com esse esfor�o, apenas quatro pa�ses continuam end�micos: �ndia, Afeganist�o, Paquist�o e Nig�ria. Segundo a OMS, para erradicar a p�lio do planeta at� 2012 seriam necess�rios US$ 1,8 bilh�o, ou seja, o mesmo gasto na fase anterior. Bill Gates, em visita � �ndia, ficou sensibilizado com a seriedade e corre��o �tica com que o projeto � executado e entrou na parceria, atrav�s da Funda��o Bill e Melinda Gates, doando US$ 100 milh�es, com o compromisso do Rotary de contribuir com outros US$ 100 milh�es. Desafio que o Rotary aceitou. Entusiasmado com a parceria, Bill Gates resolveu doar mais US$ 255 milh�es e o Rotary dobrou a sua parte para US$ 200 milh�es. Assim, Funda��o Bill e Melinda Gates e Rotary participar�o com US$ 550 milh�es.

2012 � a meta para a erradica��o, o que n�o significa cruzar os bra�os. A vacina��o deve ser um programa permanente e mobilizar toda a sociedade porque, se descuidar, a doen�a volta a ser mais agressiva.


O autor, Pedro Grava Zanotelli, � ex-presidente da Ordem dos Velhos Jornalistas de Bauru




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