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14/06/09 03:00 - Geral

Estoril, o mais portugu�s dos bairros

Lotes comprados pelo comendador Jos� da Silva Martha deram origem ao bairro, que abriga o santu�rio de N. S. de F�tima

Rodrigo Ferrari
Situado na zona sul, o Jardim Estoril pode ser considerado o mais portugu�s dos bairros da cidade. Fundado na d�cada de 70, por iniciativa a fam�lia Martha, o lugar logo se tornou uma esp�cie de pousada dos �nobres�, a exemplo do balne�rio de luxo que lhe empresta o nome - onde, inclusive, existe um renomado aut�dromo, em que Ayrton Senna ganhou seu primeiro Grande Pr�mio de F�rmula 1, em 1985, quando ainda corria pela Lotus.

O Jardim Estoril � resultado do trabalho do imigrante portugu�s Jos� da Silva Martha (o comendador) e de seus descendentes. Nascido na Vila Real de Tr�s dos Montes, ele se mudou para o Brasil em 1907, quando tinha apenas 9 anos de idade.

Martha e sua fam�lia foram pioneiros da comunidade portuguesa em Bauru e ajudaram a desbravar a regi�o sul da cidade. Quando jovem, ele trabalhou no ramo de beneficiamento de cereais. Mais tarde, adquiriu propriedades rurais e, por fim, entrou para o mercado imobili�rio.

Foi por iniciativa dele que surgiu o loteamento que deu origem ao Jardim Estoril. As primeiras 20 casas do bairro foram constru�das ao longo de onde hoje est� situada a avenida Comendador Jos� da Silva Martha.

O pr�prio comendador tamb�m doou ao Bispado de Bauru o terreno onde foi constru�do o santu�rio de Nossa Senhora de F�tima, ligado � Par�quia S�o Judas Tadeu e S�o Dimas. Feito em arquitetura moderna, o templo � tido, atualmente, como um dos marcos arquitet�nicos da cidade.

Toda essa grandiosidade do santu�rio tem uma raz�o de ser: o culto mariano � uma das principais marcas dos portugueses, povo cuja hist�ria est� intrinsecamente ligada ao catolicismo romano. A devo��o � Nossa Senhora do Ros�rio de F�tima teve in�cio em 1917, ano em que as m�e de Jesus teria se manifestado a tr�s crian�as - L�cia, 10 anos; Francisco, 9 anos; e Jacinta, 7 anos - na Cova da Iria. O local fica a cerca de dois quil�metros e meio de F�tima.

De acordo com os pastorinhos, eles costumavam avistar sobre uma azinheira de pouco mais de meio metro de altura uma mulher vestida de branco e luminosa como o sol. Curiosamente, apenas L�cia era capaz de ouvir e falar com Nossa Senhora.

A santa teria transmitido � garota tr�s segredos, que posteriormente acabaram sendo revelados ao mundo - entre eles, estaria a perda de almas durante a Primeira Guerra Mundial.


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Voltar, nunca mais

Embora Portugal tenha passado por grandes avan�os econ�micos nas �ltimas d�cadas, portugueses radicados em Bauru n�o querem saber (nem em sonho) de deixar o Brasil. Nascido em Barcelos, norte do pa�s, o aposentado J�lio Fernandes Pinheiro, 75 anos, resolveu imigrar para o Brasil nos anos 50.

�Naquele tempo, Portugal vivia uma ditadura e era uma na��o fechada demais. O pa�s fornecia comida para o resto da Europa e o povo vivia no aperto. Al�m disso, estava se aproximando a �poca de trocar o contigente militar que deveria lutar na �frica (nas guerras de independ�ncia de Angola, Cabo Verde, Guin�-Bissau e Mo�ambique). Como eu tinha 18 e estava prestes a ser convocado pelas For�as Armadas, preferi vir para o Brasil�, relata.

Depois de um per�odo em Recife, Pernambuco, e outro em S�o Paulo, Pinheiro decidiu fixar-se em Bauru, onde vive at� hoje (atualmente, ele � vice-presidente da Associa��o Beneficente Portuguesa, entidade da qual � membro h� 25 anos). �O interessante � que, inicialmente, eu pensava em ficar apenas cinco anos no Brasil. Estou aqui h� mais de cinco d�cadas e n�o tenho vontade alguma de ir embora. Fui dez vezes para l� a passeio, mas nunca mais pensei em retornar de vez. Continuo portugu�s, mas gosto demais do Brasil�, afirma.


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Associa��o Luso Brasileira

Foi por obra da fam�lia Martha que surgiu em Bauru outra institui��o genuinamente portuguesa: a Associa��o Luso Brasileira, fundada em 10 de junho de 1962, por iniciativa de um grupo liderado por Jos� da Silva Martha Filho (como o pr�prio nome d� a entender, ele era filho do comendador).

A id�ia de uma entidade que pudesse promover a cultura portuguesa em Bauru foi lan�ada pelo delegado aposentado Abel Fernando Marques Abreu, que, na �poca, possu�a um programa de r�dio na PRG-8 denominado �Ser�es da Aldeia�.

�Sugeri ao comendador Martha a cria��o de uma �Casa de Portugal�, para divulgar a cultura de nosso povo. Tempos depois, Jos� Martha Filho resolveu ampliar a id�ia e criar uma associa��o com car�ter esportivo e cultural�, conta.

Por muito tempo, o pai de Abel, Jo�o Abreu (j� falecido), atuou como diretor do grupo folcl�rico da entidade. Natural de Murtide, ele trabalhava como contador no Tribunal da Justi�a da cidade de Cantanhede.

A fam�lia se mudou para Bauru nos anos 50 e nunca mais pensou em retornar � terra de origem. �Cinco anos atr�s, fui a Portugal rever minha aldeia. N�o gostei muito do que encontrei. As coisas pouco mudaram por l�, explica Carmindina Ferreira Marques, 95 anos, m�e de Abel.




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