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28/05/09 03:00 - Pesca & Lazer

Hist�ria de pescador: O golpe falhou

Ainda imberbe, por�m esperto, pois j� era um galalau, l� pelos anos de 1950 eu j� acompanhava meu pai pelos matos e cerrados atr�s de ca�adas. Meu velho era um ex�mio atirador capaz de acertar um jacu em pleno v�o dentro da mata.

Cioso com sua tralha, mantinha sempre engraxada e lustrada uma Henrique laporte dois canos de carregar pela boca espingarda de apelido conhecido por todos os ca�adores, por�m, impublic�vel.

Foi com essa preciosidade que dei meus primeiros tiros, isso se deu nas barras do rio sucuri na cidade de Ponga�. Nesse tempo o Tiet� ainda n�o era represado e suas �guas corriam livremente at� a foz, alimentando ao longo de seu curso enorme banhado e extensa mata ciliar onde pacas e capivaras viviam em profus�o.

Numa manh� de domingo de c�u claro, o sol ainda n�o se mostrava por inteiro, meu pai j� se movimentava na cozinha, e entre um barulho e outro chamou-me para acompanh�-lo numa ca�ada de paca. E l� fomos n�s em verdadeira festa entre brejo e orvalho.

Meu pai, com bota de cano longo, levava nos ombros a sua espingarda carregada com chumbo grosso, tendo na cabe�a seu indefect�vel ramenzoni xxx que o acompanhava h� mais de dez anos, saltitando entre n�s nosso cachorro de nome perigo adestrado para levantar pacas no carreiro. Parecia adivinhar que se tratava de mais uma corrida de paca, capivara ou no m�nimo um coelho, o que pra ele j� seria uma festa.

Sentindo cheiro de mato e pisoteando o banhado, nos deparamos com um carreiro de pacas, um trio pu�do e limpo, o que indicava o uso constante de bicho naquele corredor. Nosso c�ozinho de estima��o j� se mostrou impaciente, o que exigiu de meu pai um pouco de cuidado para mant�-lo sob nosso comando, pois do contr�rio, a euforia canina poria tudo a perder.

Pedi ao meu pai que dessa vez me deixasse no pulador com a espingarda, pois queria mostrar minha habilidade como atirador em uma ca�a em movimento, pois j� era hora de eu assumir esse legado de pai para filho. Ent�o, combinamos que ele levaria o cachorro para levantar a ca�a e eu ficaria pr�ximo ao carreiro para �segur�-la� no chumbo mas n�o contei ao meu pai que eu aplicaria um golpe que aprendera com um velho e falastr�o ca�ador que era o seguinte: deixar o chap�u no carreiro da cutia ou paca o animal ao sentir o cheiro do chap�u dado os anos de uso o bicho p�ra e ai voc� atira com ele parado.

Dito e feito: meu pai saiu passou uns dez minutos eu percebi que a corrida j� estava em curso pelo latido do cachorro que se aproximava rapidamente e o barulho de mato abrindo no passar das �feras� eu j� havia preparado minha �infal�vel� armadilha, meu velho chapeuzinho, heran�a do finado nono depositado no carreiro a uns dez metros do barranco do rio, onde fatalmente passaria uma paca, cutia ou capivara para se abrigar nas �guas e se livrar de c�es e ca�adores.

Posicionei-me ao lado do carreiro uns dois metros do obst�culo e fiquei firme na mira nem piscava olhando fixamente onde a cabe�a da ca�a ficaria quase dentro do chap�u. Ao ouvir a corrida encostando no ponto de espera, prendi a respira��o e vi passar por mim paca e cachorro quase simultaneamente, levando para dentro do rio meu chap�u de estima��o.


L�zaro Carneiro � pescador e contador de hist�rias.




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