Na manh� da �ltima sexta-feira, tr�s dias antes do in�cio do credenciamento das fam�lias interessadas no programa habitacional �Minha Casa, Minha Vida�, a corretora Andr�a Cristiane da Silva, 39 anos, pegou um colch�o, uma cadeira, alguma comida e se instalou em frente � Secretaria Municipal do Bem-Estar Social (Sebes), onde as cartas de inten��o ser�o registradas. Andr�a foi apenas a primeira de dezenas de moradores de Bauru que, at� ontem � noite, se aglomeravam nas imedia��es do pr�dio do �rg�o, na tentativa de realizar o sonho da casa pr�pria.
Lan�ada pelo governo federal, a iniciativa prev� financiamento para a aquisi��o de 2 mil casas populares na cidade. O credenciamento, que permanecer� aberto por 30 dias, come�a �s 8h de hoje na Sebes, para fam�lias com renda de at� tr�s sal�rios m�nimos, e na sede da Companhia de Habita��o Popular de Bauru (Cohab), para fam�lias com renda de tr�s a 10 sal�rios m�nimos.
Conforme o JC j� divulgou, a libera��o do cr�dito para a compra das casas novas n�o usar� a ordem de chegada como crit�rio de sele��o, mas sim a renda e as condi��es sociais de cada fam�lia. Mesmo assim, as pessoas continuam aguardando a abertura do processo de credenciamento em frente � fachada da Sebes.
�Sabemos da ang�stia de cada um que est� l�. Mas aqueles que chegaram primeiro e dormiram n�o fila ser�o privilegiados�, avisa a titular da Sebes, Darlene Martin Tendolo.
De acordo com a secret�ria, somente ap�s o final do prazo para o cadastramento � que os crit�rios de avalia��o ser�o detalhados. �Se houver mais interessados do que o n�mero de casas a serem constru�das nessa primeira etapa, o prefeito, junto com a vice-prefeita e a Sebes, ir� definir quais casos ser�o considerados prioridade�, frisa.
Improviso
Embora as dificuldades sejam muitas e as noites sejam geladas na cal�ada em frente � Sebes, os cidad�os enfrentaram os �ltimos tr�s dias com bom humor, paci�ncia e uma dose de improviso.
Andr�a, a primeira da fila, conquistou a amizade dos novos �vizinhos�, jogou baralho e conversa fora. �S� assim para conseguir ficar todo esse tempo aqui. Arranjamos at� um mascote, uma cadelinha que a gente apelidou de Vida, por causa do nome do programa�, conta.
Para ela, a maior dificuldade � a falta de banheiro. Para essas e outras necessidades, como tomar banho e comer, a corretora faz revezamento com parentes para n�o perder seu lugar na fila. O objetivo � conseguir, atrav�s do programa, financiar duas casas para as filhas. �Com a renda que elas t�m, n�o d� para fazer um financiamento comum. Estamos acreditando muito nessa chance e esperamos que as pessoas que realmente precisam sejam beneficiadas�, observa.
No mesmo sistema de �rod�zio�, a secret�ria Ivone Victorino Ramos, 47 anos, e sua irm� Silvana levaram caf�, �gua, cadeira, almofada e colch�o para ficarem bem acomodadas. �Estou encarando como se fosse um piquenique. J� que a gente se disp�s a ficar aqui, tem que pensar dessa forma, com bom humor. N�o adianta reclamar. � um esfor�o para conquistar uma coisa que eu quero muito�, frisa.
Embora a maioria dos acampados se alimente no local, a cal�ada da secretaria se mant�m praticamente limpa. A jovem Leiliane Regina Freitas Campos, 19 anos, desempregada, levou at� uma escova de roupa que faz as vezes de vassoura. �Sou casada h� mais de um ano e moro at� hoje na casa da minha sogra. Tenho que dormir na sala, � uma situa��o desagrad�vel. A minha casa � tudo o que eu mais quero na vida e n�o vou desistir�, comenta.
Uma grande barraca de acampamento se destaca, onde estavam o aut�nomo Nilson Ven�ncio da Silva, 40 anos, e a esposa, Renata Teodoro, 34 anos. Confortavelmente instalados, eles compraram marmitex e pediram pizza para o almo�o de ontem. �Moramos h� 12 anos de aluguel e n�o pod�amos desperdi�ar essa oportunidade. Ent�o deixamos nossos dois filhos na casa da minha m�e e trouxemos a barraca aqui. Estamos bem confiantes de que essa casa vai ser nossa�, conclui.
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Atendimento por faixa de renda
Para facilitar o processo de inscri��o das fam�lias interessadas em ter acesso ao cr�dito do programa �Minha Casa, Minha Vida�, a Caixa Econ�mica Federal dividiu os locais de credenciamento de acordo com a faixa de renda. Na Secretaria Municipal do Bem-Estar Social (Sebes) devem comparecer as fam�lias com ganho de at� tr�s sal�rios m�nimos (total de R$ 1.395,00).
J� o interessado que estiver na faixa de tr�s a 10 sal�rios m�nimos (de R$ 1.395,00 a R$ 4.650,00), tem de efetuar sua inscri��o na Companhia de Habita��o Popular de Bauru (Cohab). Aqueles que j� realizaram inscri��es na Caixa, nas �ltimas semanas, n�o precisam repetir o procedimento.
O credenciamento segue por 30 dias, mas poder� ser prorrogado, caso n�o haja tempo de inscrever todos os moradores interessados. Mas a expectativa � de que os 16 funcion�rios da Sebes e mais cinco funcion�rios cedidos pela Caixa para fazer o atendimento direto � popula��o consigam dar conta de toda a demanda dentro do prazo estipulado.
�Estamos preparados. E os formul�rios foram elaborados de forma simples, para que sejam preenchidos da forma mais f�cil e r�pida poss�vel. O que n�o queremos � que as pessoas fiquem muito tempo esperando na fila�, comenta a titular da Sebes, Darlene Martin Tendolo. |
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