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11/02/09 02:00 - Opini�o

Evolu��o e Revolu��o: porque Darwin n�o estudou economia

A teoria de Darwin faz 200 anos, consolidando-se, at� hoje, como um fato cient�fico incontest�vel. Desde sua elabora��o a teoria da evolu��o das esp�cies sofreu todo tipo de ataques e deforma��es vindos principalmente da igreja, que contestava a origem do homem como mais uma esp�cie moldada pela evolu��o biol�gica.

O maior advers�rio de Darwin foi o bispo Wilberforce que procurava desconsiderar a tese da evolu��o do homem, dizendo que Darwin defendia que os seres humanos descendiam do macaco. Quem fez essa rela��o entre o homem e o macaco foi o naturalista franc�s Lamarck. Essa id�ia vulgar a respeito da evolu��o do homem ainda persiste, por�m n�o tem sustenta��o, j� que o pr�prio Darwin admitia que o homem e o macaco tiveram ancestrais comuns, mas que cada esp�cie seguiu linhas diferentes de evolu��o. Com isso, Darwin n�o acreditava que o homem havia evolu�do do macaco, mas ajudou a montar o quebra-cabe�as da vis�vel semelhan�a dos seres humanos com os primatas.

No entanto, outra id�ia que hoje figura bastante � de que a teoria da origem das esp�cies possa ser aplicada � economia. O liberalismo cl�ssico influenciado principalmente pelo naturalismo de Rosseau procurou de todas as formas afirmar que as leis de mercado eram leis �naturais� e, muitos liberais acreditam, que o desenvolvimento da sociedade se daria por uma verdadeira �sele��o natural�.

Tais concep��es, n�o resistem a mais simples reflex�o. Por um lado, o modelo social fundamentado pelas rela��es de mercado, n�o se deu por evolu��o natural, mas sim por uma revolu��o social e sangrenta, onde a burguesia destitui a monarquia, implantando assim o modelo social capitalista que intencionalmente se espalhou pelo mundo, sempre seguido de convuls�es sociais e nunca naturalmente.

No tocante a �sele��o natural�, os princ�pios que segundo Darwin, levariam as esp�cies a este processo, se baseariam principalmente na escassez e nas intemp�ries do ambiente. No entanto, o desenvolvimento social reduziu drasticamente as influencias das agruras naturais sobre o homem, constituindo assim, o que Marx chamou de �corpo inorg�nico� da humanidade. Por meio do corpo inorg�nico o homem transformou um ambiente de escassez em abund�ncia, criando condi��es de sobreviv�ncia nas mais variadas condi��es clim�ticas, atrav�s da produ��o ilimitada de artigos sociais.

Alguns, por�m, chegam a dizer que a crise que hoje abala a estrutura do capital � resultado da �sele��o natural�, onde bancos e empresas menos aptas a adapta��o do ambiente n�o sobreviveram as leis do mercado. Tal afirmativa � t�o fict�cia quanto dizer que o homem � descendente de �Ad�o e Eva�, mas ainda encontra eco junto � opini�o comum. O capital � fruto �nica e exclusivamente de uma forma de organiza��o intencionalmente planejada pelos seres humanos. A crise que atualmente p�e em xeque sua credibilidade como um sistema insuper�vel, � originada pela apropria��o particular da produ��o humana e n�o pela evolu��o das esp�cies. At� porque bancos, empresas e institui��es financeiras s�o esp�cies que Darwin n�o conseguiu classificar.


O autor, Saulo Rodrigues de Carvalho, � professor da Rede P�blica e militante do Psol




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