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30/01/09 02:00 - Opini�o

Dom�nios da aprendizagem

Segundo David Smith (em �If the world were a village� - editado em 2002), se pud�ssemos representar toda a popula��o do mundo em um simples vilarejo com 100 habitantes, encontrar�amos a seguinte situa��o: do total de habitantes, 57 seriam asi�ticos; 21 europeus e africanos, 14 americanos e 8 das demais regi�es do planeta. Metade da riqueza estaria na m�o de 6 pessoas e todas seriam cidad�os dos Estados Unidos; 70 das 100 pessoas seriam incapazes de ler; 50 das 100 sofreriam de m� nutri��o e 80 viveriam em condi��es subumanas de habita��o. Somente uma pessoa teria educa��o superior.

Precisamos, ent�o, atrair mais pessoas para a educa��o por meio de abordagens que incentivem o aprendizado e o crescimento pessoal e profissional. � imposs�vel desconsiderar as extens�es sociol�gicas da escola. � imposs�vel cobrar cidadania e participa��o positiva na sociedade de um indiv�duo a quem n�o se ofereceu educa��o. A educa��o � o agente mais importante na transforma��o do mundo e hoje, para viver � preciso aprender, pois, tornou-se evidente que a aprendizagem, como a vida, � um processo cont�nuo. A educa��o continuada joga no lixo o ditado: �n�o se pode ensinar truques novos a cachorro velho�.

Se Arist�teles tinha dom�nio sobre 80 por cento de todo o conhecimento humano dispon�vel na �poca e Leonardo da Vinci, s�culos mais tarde, ainda dominava respeit�veis 40 por cento, hoje, individualmente conseguimos meros d�cimos de um por cento. Por isto precisamos desenvolver habilidades novas para lidar com tamanho volume de conhecimento humano, sempre em r�pida expans�o.

Os atuais �ndices de �xito no ensino brasileiro n�o s�o animadores. Se muito tem sido alcan�ado nos �mbitos da presen�a escolar e da inclus�o, ainda h� enormes desafios para transformar essa presen�a em algo que se traduza no desenvolvimento intelectual e na aquisi��o de conhecimento por parte dos alunos. Embora a falta de infra-estrutura seja um agravante, o recurso principal de qualquer escola s�o seus professores, mesmo porque temos in�meros exemplos de docentes conseguindo excelentes resultados nas mais prec�rias condi��es.

No ensino fundamental s�o os professores que assumem total responsabilidade por tomar decis�es sobre o que ser� aprendido, como e quando isto vai acontecer. Sem maturidade suficiente, os alunos devem aprender e desenvolver conhecimento sobre aquilo que � decidido e ensinado pelos professores.

No ensino universit�rio, durante muitos anos, a aprendizagem foi centrada no professor, �nico respons�vel pelo processo de transfer�ncia do conhecimento. Recentemente, no entanto, percebeu-se que os universit�rios, com mais maturidade, conseq��ncia do acr�scimo de experi�ncias e do desenvolvimento de uma postura mais cr�tica, devem participar de modo ativo no processo de aprendizagem. A responsabilidade deve ser compartilhada entre professor e o aluno, at� porque, o conhecimento a ser assimilado aumenta sempre com o tempo e a dura��o dos cursos permanece a mesma.

Na �Pedagogia do Oprimido� (de 1980), Paulo Freire prop�e uma educa��o superior �libertadora� em oposi��o � educa��o �banc�ria� onde o conhecimento � depositado ou �colocado no colo� dos alunos, meros pacientes. A sua proposta de educa��o tira os alunos da condi��o de �d�ceis recipientes� e os eleva a investigadores cr�ticos, em di�logo com o educador.

Se l� no fundamental o processo de aprendizagem � uma seq��ncia de passos lineares, na qual o passo seguinte s� pode ser dado depois que o anterior tenha sido conclu�do com sucesso, no ensino superior convive-se com a complexidade, com o entrela�amento e a cont�nua intera��o de infinidade de sistemas e fen�menos que comp�em o mundo real.

Esta transi��o na sistem�tica aplicada entre o fundamental e o superior, feita no ensino m�dio, � necess�ria porque, no mercado, o profissional estar� sozinho; n�o existir� a figura do professor ou do facilitador. A obriga��o dos profissionais do s�culo XXI de se reciclar est� plenamente alinhada com as novas tecnologias de educa��o, com a internet, com as aplica��es multim�dia e os ambientes virtuais que estimulam um desenvolvimento individualizado de compet�ncias.

Existe, portanto, um cont�nuo no qual a aprendizagem direcionada posiciona-se em uma extremidade e a aprendizagem facilitada encontra-se em outra. Para se ter efic�cia na aprendizagem, portanto, � necess�rio que professores e organiza��es educacionais sejam capazes de se mover ao longo desse intervalo e encontrar a combina��o correta entre o treinamento passivo e a educa��o com �nfase pr�-ativa.


O autor, Paulo C�sar Razuk, � professor titular do Departamento de Engenharia Mec�nica da Faculcade de Engenharia da Unesp-Bauru




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