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17/01/09 02:00 - Opini�o

Eugenia: um breve hist�rico de sua origem e influ�ncias

Quando falamos em preserva��o da ra�a ariana, �dio racial, esteriliza��o compuls�ria e elimina��o de seres considerados indesejados, comumente relacionamos tais id�ias a Adolf Hitler, que ficou conhecido pelas atrocidades cometidas contra aqueles que o mesmo entendia n�o ser �ariano�. Entretanto, n�o foi essa figura hist�rica que deu in�cio a essas pr�ticas seletivas pautadas em um �saber cient�fico�. Francis Galton (1822 - 1911), matem�tico ingl�s, primo de Charles Darwin, foi quem formulou a teoria de que as for�as cegas da sele��o natural deveriam ser substitu�das por uma sele��o na qual o homem faria uso de todos os conhecimentos adquiridos pelos estudos e processos da evolu��o nos tempos passados, a fim de promover o progresso f�sico e moral no futuro. Justificava seu pensamento fazendo o seguinte questionamento: �N�o se deveria descartar os indesej�veis e multiplicar os desej�veis?�

Pensando a esse respeito, Galton em 1883 publicou o texto "Inquiri��es sobre a aptid�o e o desenvolvimento humano", no qual aparece pela primeira vez o nome dessa ci�ncia capaz de orientar a cria��o de �seres perfeitos�: Eugenia. Enfatizava que o que a Natureza fazia cegamente, devagar e impiedosamente, o homem poderia fazer prudentemente, rapidamente e gentilmente.

Os postulados de Galton n�o ficaram restritos ao �mbito ingl�s e estiveram presentes em in�meros pa�ses, inclusive no Brasil. Entretanto, foi nos Estados Unidos que a teoria galtoniana ganhou corpo, isto porque este pa�s estava preparado para recepcionar e trabalhar a eugenia em larga escala, pois contava com aprova��o da �elite�, que assim como os ingleses temiam o caos demogr�fico e a �degenera��o� de seu povo.

A miss�o de liderar o movimento eugenista americano ficou a cargo de Charles Davenport, um engenheiro civil que nutria profunda admira��o pelos animais e pela hist�ria natural, por isso acabou cursando em Harvard at� meados de 1890 quase todos os cursos de ci�ncia natural dessa universidade.

O movimento eugenista americano configurava-se numa guerra contra os fracos, visando a preven��o obrigat�ria de linhagens indesej�veis, atrav�s de esteriliza��es coercitivas, proibi��o marital, eutan�sia passiva e, em �ltima an�lise, o exterm�nio, sendo o estado de Indiana, nos Estados Unidos, a primeira jurisdi��o do mundo a promulgar uma lei que institu�a a esteriliza��o compuls�ria, e isso aconteceu em 9 de mar�o de 1907. � de suma import�ncia divulgar que em 1910 j� havia nos Estados Unidos in�meros discursos favor�veis � utiliza��o de c�maras letais para eliminar os �indesej�veis� e na d�cada de 1900 o antrop�logo e eugenista Eugen Fisher, j� era aliado de Davenport na Alemanha, inclusive com interc�mbio de pesquisas sobre ra�as.

Portanto, foram muitas as atrocidades cometidas em nome da superioridade racial. Epil�ticos foram esterilizados, meninos pobres vasectomizados ainda em tenra idade, alco�latras tratados com eletro-choque, doentes mentais isolados e esterilizados, negros massacrados, dentre tantas outras barb�ries. Em nome da luta pela sobreviv�ncia, estabeleceu-se que muitos seres humanos por serem �menos valiosos� deveriam �desaparecer�.

E pasmem, leitores: no Brasil concep��es racistas eram expostas em livros, jornais, peri�dicos etc, sem nenhum constrangimento, como � o caso do coment�rio tecido por Francisco Jos� Oliveira Vianna em seu texto intitulado Popula��es Meridionais do Brasil, 5� ed. publicada no ano de 1918, que diz: �Os preconceitos de cor e de sangue, que reinam t�o soberanamente na sociedade... t�m, destarte, uma fun��o verdadeiramente providencial. S�o admir�veis aparelhos seletivos que impedem a ascens�o at� as classes dirigentes desses mesti�os inferiores, que formigam nas subcamadas da popula��o...�.


A autora, Elaine Mussi Hunzecher Quaglio, � licenciada em filosofia, p�s-graduanda em Gest�o de Pessoas pela FGV e aluna do 2.� ano de Licenciatura em Geografia do Centro Universit�rio Claretiano de Batatais




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