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22/12/06 00:00 - Opini�o

Boas festas; um brinde com �gua

Embora o velho champanhe e, particularmente, o vinho tenham para mim um significado muito especial, para este brinde escolho a �gua.

Porque a �gua jamais briga: sempre descobre um meio de contornar os obst�culos, de descobrir passagens, de fluir livremente por qualquer fenda que a receba. Se o ambiente n�o foi degradado, a �gua corre tranq�ila, sem provocar danos.

Hoje quando a maioria de n�s pode obter �gua ao abrir a torneira, perdeu-se a rever�ncia por ela: hidrog�nio mais oxig�nio. Deixamos de pensar no fato impressionante de que esses dois gases � um dos quais � mais leve do que o pr�prio ar � formam juntos uma subst�ncia inteiramente nova. A �gua n�o � apenas a soma das propriedades existentes nestes dois gases, pelo contr�rio, a combina��o dos dois gera um conjunto completamente novo de propriedades.

Talvez, eu pudesse imaginar que o hidrog�nio e o oxig�nio, simplesmente, �n�o sabem quem s�o� at� se encontrarem. E, assim como n�o conseguimos entender bem o hidrog�nio e o oxig�nio, sem conhecer sua capacidade de formar a �gua, n�o entendemos nenhum ser humano fora do contexto de seus relacionamentos. Juntos revelamos propriedades que jamais seriam evidentes se continu�ssemos separados.

Na �gua, o oxig�nio tem uma carga ligeiramente negativa, ao passo que o hidrog�nio cont�m uma carga ligeiramente positiva; esta caracter�stica permite que a �gua esteja sempre disposta a misturar-se, a se integrar com outras subst�ncias na perspectiva de criar algo diferente.

Eu penso que a combina��o de hidrog�nio e oxig�nio indica uma verdade profunda acerca de nosso mundo: s� por interm�dio da conex�o � da conex�o com outros seres humanos, com a natureza, com o pr�prio planeta � � que entendemos e encontramos nossa natureza.

O hidrog�nio, o menor �tomo que existe, � leve e inst�vel. Podemos interpret�-lo como um corpo et�reo, soci�vel, mas com a tend�ncia de puxar para cima, tem o c�u como objetivo. O oxig�nio j� � mais pesado, igualmente soci�vel, mas costuma voltar-se para baixo, na dire��o da terra. Com esse encontro, forma-se um elemento harm�nico e mediador universal: a �gua, ponto de encontro entre o c�u e a terra.

Um outro aspecto interessante desses la�os eletroqu�micos, � que a �gua � na temperatura e na press�o ambiente � aparece na forma l�quida. Se as liga��es entre os �tomos de hidrog�nio e oxig�nio fossem, um pouquinho, mais fortes, a �gua se tornaria s�lida nas condi��es em que estamos.

A �gua, que congelasse com tanta facilidade, impossibilitaria a vida na terra � pelo menos da forma como a conhecemos.

A �gua come�a a se contrair quando esfria e, seria l�gico pensar que continuasse a se contrair e o gelo resultaria mais denso do que sua forma l�quida. Todos os l�quidos se comportam assim e sua forma congelada � menor e mais compacta do que seu estado l�quido. Mas, a �gua � �nica entre os l�quidos da Terra. Ela se contrai at� chegar aos 4�C, depois disso come�a a se expandir e quando, finalmente, se congela, ocupa um espa�o maior do que a �gua l�quida.

Essa propriedade �esquisita� da �gua decorre das formas que as suas mol�culas assumem nas diversas temperaturas. Em conseq��ncia disso � necess�ria uma enorme quantidade de energia para congelar a �gua, bem como para ferv�-la.

Isto � um fato afortunado para a vida: todo o planeta est� isolado de flutua��es extremas e s�bitas de temperatura pela resist�ncia t�rmica da �gua do mar, que armazena e distribui grandes quantidades de calor. Ela nos disp�e de suas propriedades de resfriamento e aquecimento onde quer que sejam necess�rias. Por isto, associo a �gua ao esp�rito de partilha. Quando compar-tilhamos conseguimos redirecionar nossa trajet�ria de vida.

Uma das mais not�veis propriedades da �gua, no entanto, � sua capacidade de receber e transmitir as caracter�sticas das subst�ncias com as quais entra em contato. Assim, a �gua conservada num recipiente de pl�stico acaba ficando com um sabor diferente da �gua em vidro ou metal.

Em conseq��ncia de sua sensibilidade incomum, a �gua capta vibra��es de todos os tipos: do cosmo, de outros planetas, da lua e de outras subst�ncias mesmo que n�o estejam em contato direto com ela. A �gua � atingida pelas informa��es qu�micas contidas nas m�os, pelos elementos ou vest�gios de elementos que podem estar, fisicamente, presentes na pele. A �gua, tamb�m, � atingida pelo pr�prio pulso da pessoa e por seus padr�es r�tmicos.

Digo isso porque, n�o podemos nos esquecer que, vivemos na era da f�sica qu�ntica no qual o pensamento humano interage com o mundo ao nosso redor, no qual a mente consegue afetar a mat�ria.

Por isso precisamos da transpar�ncia da �gua e de sua capacidade de sentir as coisas sob o ponto de vista dos outros. S� com a �gua e agindo assim como ela a vida garantir� seu futuro.

Sa�de e paz a todos os leitores do JC. Tintim!


O autor, Paulo Cezar Razuk, � professor titular do Departamento de Engenharia Mec�nica da Faculdade de Engenharia da Unesp-Bauru




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