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14/12/06 00:00 - Pesca & Lazer

Hist�ria de pescador: Ao amigo Silas

Hoje me recordo com muita saudade do tempo que passou, especialmente quando nos finais de semana no in�cio do ano de 1960 aprontava minha traia, colocava numa sacola de couro todos os apetrechos de pesca, como caixa de anz�is, comida e um cobertor feito de retalhos que minha m�e com muito carinho fez para mim (e que servia de colch�o e cobertor). Muitas vezes ainda levada rede, tarrafa, espingarda e at� bateria, tudo nas costas. Era na �poca um sacrif�cio, mas um sacrif�cio que valia a pena.

Chegando na beira do rio, somente a copa das �rvores era nosso rancho, n�o tinha carro, mas havia um grande amigo, de quem at� hoje sinto a sua falta (infelizmente seu prazo terminou, eu acho que foi cedo, mas o Criador sabe a data certa para chamar cada um de n�s, quem somos para julgar?). Seu nome era Silas Vicente de Toledo Piza, grande pescador, de quem guardo grandes recorda��es e muitas lembran�as das pescarias no Rio Batalha.

Todo final de semana quando n�o tinha plant�o nos cinemas ou clubes - na �poca eu era comiss�rio de menores, bem como meu amigo -, sempre nas sextas-feiras no final da tarde, eu deixava namorada (hoje minha mulher) e o amigo tamb�m deixava sua mulher e filhos e segu�amos de �nibus da Reunidas. Desc�amos nas proximidades da entrada de Ava� e, da�, a p� com toda a trouxa nas costas, and�vamos por uns dois quil�metros at� a beira do rio onde, j� escuro, acend�amos uma fogueira e arm�vamos as redes de pesca.

Em seguida o Silas preparava o jantar e logo �amos dormir ali mesmo, debaixo das �rvores. Quantas vezes acordamos com chuva? Mas tudo era festa, como diz o ditado, �era feliz e n�o sabia�. A� no meio da mata, na beira do rio, ouvindo aqueles p�ssaros noturnos, o barulho do peixe pulando e outros sons que at� hoje n�o consigo identificar. Mas como era saud�vel, n�o tinha viol�ncia, pernoitava sem nenhuma preocupa��o, somente esperava o amanhecer para correr as redes.

O pescador sempre tem uma hist�ria para contar. Dentre muitas que aconteceram, uma n�o esque�o jamais: numa manh�, ao recolher as redes, tive que entrar no rio, pois havia chovido muito � noite e o rio estava cheio. Com muita correnteza, n�o tive outra alternativa sen�o me amarrar numa corda e os colegas segurando at� chegar ao final da rede, que estava pesada e puxando muito. Quando comecei a recolher, tive a grata surpresa de no final da rede estar enroscada uma sucuri de mais ou menos uns 5 metros.

Foi um grande susto, entretanto, ap�s a ajuda dos colegas Z� do Pres�dio e Capelari, recolhemos a rede e soltamos a cobra, que pena que na hora n�o havia sequer uma m�quina para fotografar o bicho. Aos amigos pescadores de hoje, eu digo, � muito diferente daquele tempo, hoje temos o ve�culo, o luxo e a facilidade, mas aproveitem bem esse tempo que passam na beira do rio, pois � um tempo que n�o volta mais e ver�o, no futuro, quando j� idosos, que a lembran�a e a saudade do tempo de pescaria com os amigos passados na beira do rio n�o foram em v�o.

N�o esque�am jamais dos amigos pescadores, pois eles tamb�m n�o o esquecer�o, como eu at� hoje n�o esque�o do amigo Silas Vicente de Toledo Piza, a quem homenageio com esta hist�ria. Esteja onde estiver, tenho a certeza que ficar� muito feliz com esta lembran�a.


Jos� Onofre Roda � pescador e contador de hist�rias.




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