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02/11/06 00:00 - Cultura

Beastie Boys p�e Curitiba a seus p�s

Ao lado de Patti Smith, trio de Nova York encerra TIM Festival e prova porque experi�ncia nunca perde para atitude

Diego Molina/Enviado especial ao TIM Festival
Menos gelada do que esperado, mas com a chuva que amea�ou cair a tarde toda, a noite de anteontem em Curitiba foi hist�rica, no bra�o paranaense do TIM Festival. Nesse tipo de evento, � poss�vel comprovar como qualquer hype - a �onda� do que est� em alta - de banda, diva ou DJ da �ltima semana se dilui frente � experi�ncia de 20, 30 ou mais anos de palco.

Foi assim com o Yeah Yeah Yeahs e DJ Shadow, que fizeram shows corretos, por�m perdidos para o p�blico de cerca de 10 mil pessoas na Pedreira Paulo Leminski. A cantora Patti Smith provou porque � �cone e merece respeito, comandando a massa com rock cru e sem floreios. E os Beastie Boys, grande atra��o do festival todo, ao lado da dupla Daft Punk, mostraram o que fazem melhor: um terremoto hip hop.

A noite come�ou com a Na��o Zumbi com som perfeito e engatando hit ap�s hit. Em sua quebradeira habitual, eles tocaram m�sicas antigas, como �Samba Makossa�, �Rios, Pontes e Overdrives� e �Maracatu At�mico�, ao lado de coisas mais novas, como �Blunt of Judah�, �Hoje Amanh� e Depois� e �A Ilha�, sem esfriar em quase uma hora de show.

Com o DJ Shadow, veio a chuva que enfiou parte do p�blico sob as barracas de bebida. Enquanto os vendedores de capas pl�sticas faziam a festa, o produtor norte-americano apresentava faixas de seus tr�s discos, �Endtroducing�, �Private Press� e do novo, �Outsider�. Com o MC Lateef no palco, o set ganhou forma e o DJ, considerado um dos mais inovadores nomes do hip hop atual, conseguiu empolgar na mistura de rap, rock e techno.

Pol�tica loira

�N�s n�o devemos obedecer o governo e as corpora��es. S�o as corpora��es e o governo que devem nos servir�, bradou Patti Smith, �cone do rock dos anos 1970, em show de tom politizado sem ser chato e repleto de sucessos. Empunhando uma guitarra, a cantora louvada como uma das precursoras do punk relembrou �Free Money�, �Redondo Beach�, �Southern Cross�, al�m das mais recentes �Stride of Mind� e �Trespasses�.

Patti Smith levantou a plat�ia especialmente em �Gimme Shelter�, dos Rolling Stones, �Because the Night�, �People Have the Power� e �Gloria�, que encerrou o show e provou de onde vem a atitude roqueira de todas as cantoras que j� tiveram uma banda atr�s de si, de Debbie Harry a Karen O.

A perform�tica vocalista do Yeah Yeah Yeahs, pr�ximos a subirem ao palco da pedreira, fez seu espet�culo habitual. Assim como em S�o Paulo, o repert�rio incluiu os sucessos do primeiro CD da banda, como �Y Control�, �Cheated Hearts� e �Pin�, ao lado de faixas do �ltimo disco, lan�ado no primeiro semestre - �Gold Lion�, �Cheated Hearts� e �Way Out�.

A famosa �can��o de amor� da banda, �Maps�, dessa vez foi dedicada ao Brasil - �onde j� estamos h� v�rios dias (risos) nos divertindo muito�, definiu Karen. Mas a dist�ncia do palco, a chuva fina e a falta de hits verdadeiros para o grande p�blico levou muita gente �s barracas de comida. Todo o festival de atitude da vocalista se repetiu: cuspiu para cima, rolou pelo ch�o, dan�ou com os m�sicos, mas nada disso funciona em um ambiente t�o grande como a pedreira se a m�sica n�o for o mais importante.


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Chave da cidade

Quando Mixmaster Mike, DJ que acompanha os Beastie Boys h� mais de uma d�cada, colocou o primeiro LP em sua pick-up, o que era gritaria de empolga��o com o in�cio do show tornou-se um �oooh� coletivo. Vestidos de terno e gravada, Adrock - ainda com um chap�u estiloso -, MCA e Mike D comandaram o espet�culo como se ainda tivessem 18 anos.

Revezando-se em perfeita sintonia nas letras e correndo de um lado para o outro, os tr�s MCs, especialmente Adrock, n�o pararam de dan�ar um s� minuto - uma dancinha de judeus branquelos cantando rap, mas dan�aram.

Trocando discos e fazendo scratches com o cotovelo, Mixmaster Mike transmudou praticamente todas as m�sicas, deixando-as mais pesadas e sujas - tudo o que o p�blico pedia com a ac�stica perfeita da pedreira, elogiada por MCA: �Lindo lugar�. E a pedreira respondia, quase vindo abaixo.

E al�m de cantar, os Beastie Boys falam, tiram sarro entre si e convidam o p�blico a participar de suas brincadeiras internas. Adrock passou o show pedindo a presen�a do prefeito para lhe entregar a chave da cidade, homenagem comum nos Estados Unidos. Ainda era seu anivers�rio e ele ganhou bolo, champanhe e um �Happy Birthday� de 10 mil pessoas.

O repert�rio passeou por todas as �pocas do grupo: �No Sleep Till Brooklyn�, �Time to Get Ill�, a rebolativa �Brass Monkey�, �So What�cha Want�, �Sure Shot�, �Root Down�, �Do It� e �Body Moving� �s m�sicas do �lbum de in�ditas mais recente, como �Ch-Check It Out�, �Time to Build�, �3 The Hard Way� e a dan�ante �Triple Trouble�.

Os tr�s moleques - MCA tem 43 anos, Mike D, 41, e Adrock completou 40 - s� largaram os microfones no bis, quando voltaram ao palco para assumir seus instrumentos: Adrock cantou com uma guitarra, Mike D sentou-se � bateria e MCA distorceu um baixo violentamente para �Intergalactic� e na ultraroqueira �Sabotage�, com direito a berro gutural e tudo mais.

Se a dupla Daft Punk encantou S�o Paulo com um espet�culo eletr�nico de luzes e efeitos, os Beastie Boys colocaram Curitiba a seus p�s com nada mais do que seus vocais agudos, seu hip hop roqueiro, a m�gica de seu DJ e sua experi�ncia de mais de 20 anos.




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