Falta de arboriza��o � mais cr�tica no Centro

Os contrastes existentes numa cidade como Bauru fazem-se notar nos mais diversos aspectos, inclusive quando a quest�o da arboriza��o das �reas p�blicas � levada em conta. Enquanto moradores de alguns bairros de periferia, como o N�cleo Gasparini, por exemplo, podem caminhar pela ruas sob a sombra de uma sibipiruna ou de um chap�u-de-sol, quem vive ou vai ao Centro sofre com a falta de �rvores nas pra�as e cal�adas.

Ananias dos Santos tem 70 anos, � aposentado e mora no Parque Santa C�ndida (zona noroeste da cidade). Pelo menos uma vez por semana ele tem de ir � regi�o da rua Batista de Carvalho para �resolver umas coisinhas�, segundo ele pr�prio diz. ��s vezes � pra mim mesmo, outras venho a pedido de amigos�, diz ele, numa manh� de quarta-feira, por volta das 11h.

A incid�ncia de raios solares era grande no hor�rio, tanto que Santos foi obrigado a se abrigar sob uma faixa de um metro de sombra gerada pelas paredes de uma loja da avenida Rodrigues Alves, enquanto aguardava pelo �nibus que o levaria de volta para casa.

�N�o tem outro lugar para gente se esconder, o jeito � se espremer por aqui mesmo�, brinca. Nas proximidades do local onde Santos estava, a vegeta��o existente resume-se a duas pequenas �rvores, que sequer eram capazes de fazer sombra, al�m dos arbustos plantados no canteiro central da via.

Ao chegar ao bairro onde mora, cerca de uma hora depois, o aposentado certamente continuou a ser fustigado pelo sol. Apesar de estar na periferia, o Parque Santa C�ndida tamb�m sofre com problemas de arboriza��o urbana.

�L� quase n�o tem �rvores nas cal�adas�, diz Santos, segundos antes de dar sinal solicitando que a condu��o parasse. O vendedor M�rcio Lopes, que mora no Parque Santa Edwirges (localizado na zona noroeste de Bauru), tamb�m sofre com a falta de vegeta��o na �rea central da cidade, sobretudo devido �s altas temperaturas da regi�o.

�O calor � insuport�vel, principalmente no ver�o. Sem �rvores a situa��o fica pior ainda�, diz o vendedor. Ele � empregado de uma concession�ria de motos que funciona na avenida Rodrigues Alves, um dos locais da cidade onde a arboriza��o urbana apresenta estado mais cr�tico.

Quando Lopes associa o calor � falta de vegeta��o, n�o est� fazendo uma mera divaga��o. Na verdade, o que ele diz pode ser comprovado por dados cient�ficos. Pesquisa realizada pelo estudante de geografia da Universidade do Sagrado Cora��o (USC) Pedro Moraes Trentini mostra uma diferen�a m�dia de 2,35�C entre as temperaturas do Centro e da periferia (leia o texto abaixo).

�Quem vai a um bairro bastante arborizado, como o N�cleo Gasparini, por exemplo, logo sente que o ar � mais fresco quando comparado �s regi�es menos arborizadas�, diz Marcela Mattos de Almeida Bessa, engenheira florestal da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma).

O porteiro Mauri Ponce, de 45 anos, vive h� 20 no bairro mencionado por Bessa (ele afirma ser o primeiro morador do conjunto habitacional). De acordo com ele, em tempos anteriores o local era mais arborizado. �Essa parte aqui era uma mata fechada�, diz, apontando uma vasta �rea localizada em frente � sua casa.

Ponce parece reclamar de barriga cheia: a rua onde ele mora, a dos Pedreiros, � repleta de �rvores, algumas delas de grande porte. Quando tem de ir ao Centro, ele sente os efeitos provocados pela falta de vegeta��o. �L� � quente demais�, diz, enquanto recolhe algumas folhas ca�das na cal�ada de sua casa. �D� vontade de s� ficar por aqui mesmo�, completa.